sábado, julho 29, 2006
Banca de Jornal.
Marcha Nupcial
Suporte uma ridícula vinheta de quarenta segundos e veja um dos clássicos do cinema mudo, The Wedding March (Marcha Nupcial). Filme de 1928, dirigido pelo Erich von Stroheim, está entre os 10 melhores filmes de sua época, em praticamente qualquer lista especializada. A obra mostra um príncipe decadente que se casa por dinheiro, mas em breve se apaixona perdidamente por um bela moça pobre. Tal moça, aliás, é Fay Wray, famosa por ter sido a devoção de King Kong, em sua versão de 1933. Bela trilha sonora e legendas em espanhol. Separe uns cigarros, uns goles de café, alguns biscoitos e tenha uma boa sessão (113 minutos).
sexta-feira, julho 28, 2006
Canções de melodias desesperadamente suaves...
Aqueles claros olhos que chorando
ficavam, quando deles me partia,
agora que farão? Quem mo diria?
Se porventura estarão em mim cuidando?
Se terão na memória, como ou quando
deles me vim tão longe de alegria?
Ou se estarão aquele alegre dia,
que torne a vê-los, na alma figurando?
Se contarão as horas e os momentos?
Se acharão num momento muitos anos?
Se falarão co as aves e cos ventos?
Oh! bem-aventurados fingimentos
que, nesta ausência, tão doces enganos
sabeis fazer aos tristes pensamentos!
(Luís Vaz de Camões)
Os sonetos camonianos estão em qualquer cartilha para a básica educação de jovens cortesãs, moços poetas e amantes elegantes. Aqui, caso o leitor deseje completar sua já tão distinta educação, estão simplesmente todos os sonetos de nosso velho Sumo Pontífice Camões. Vale aqui um comentário (assim o leitor que começa agora a acompanhar esta minha humilde revista, já bem se acostuma aos meus trejeitos). Não há nada mais encantador neste mundo, além de uma ou outra criação alucinada da natureza, como a lua, o gelo e fogo, os pandas e a chuva, que as belas moças que declamam um bom poema ao seu servil amante - que estupefato vê a concreta hibridez das duas mais belas manifestações humanas: a ternura e a poesia.
A Metáfora.
UNKLE, grande figura da música eletrônica, acompanhado de Thom Yorke, vocalista da melhor banda da última década, Radiohead, em um vídeo no mínimo espetacular. A canção, aliás, chama-se Rabbit In Your Headlights.
quinta-feira, julho 27, 2006
Nunca se está perto demais.
Infeliz a criatura que vê o amor como se este não passasse de uma infame diversão para entediados e pobre daqueles que o acreditam parte de um clamor metafísico, obra de alguma força maior ou de laço entre os deuses... E bobo daquele que o crê força de alguma tradição devotada. Amor, meu amigo, é desejo, ou um desejo que se espalha e permanece. Desejo, tesão que se auto-alimenta. Amor sem desejo é qualquer outra coisa. Ou talvez aquilo que os antigos inventaram para justificar a ausência de desejo daqueles que decididamente nunca souberam amar.
Isto me lembra algo que eu não me perdoaria se não o dissesse: quem ainda não viu Closer - Perto Demais, do sábio diretor Mike Nichols, deveria se sentir envergonhado. Quem já viu e não gostou, também. Acima, o querido leitor encontra Natalie Portman, estrela deste intenso filme. Visite seu bom sítio oficial. E veja ainda muitas fotos, aqui e aqui. Abaixo, um clipe do filme, ao som de Me'Shell Ndegeocello, You made a fool of me.
O filme talvez não ajude a quem desejar entender o que digo. Todos vivem mesmo confundindo o desejo com a fúria. O desejo pode ser muito suave e distante de toda confusão, de todos os nossos inúmeros demônios.
A USP não soube me amar.
Uma paixão que não tem o menor pudor...
Uma vez Flamengo
Sempre Flamengo
Flamengo sempre eu hei de ser
É o meu maior prazer
Vê-lo brilhar
Seja na terra
Seja no mar
Vencer, vencer, vencer
Uma vez Flamengo
Flamengo até morrer
Na regata ele me mata
Me maltrata, me arrebata
Que emoção no coração
Consagrado no gramado
Sempre amado, o mais cotado
No “Fla-Flu é o Ai, Jesus”
Eu teria um desgosto profundo
Se faltasse o Flamengo no mundo
Ele vibra, ele é fibra
Muita libra já pesou
Flamengo até morrer eu sou
É, eu sou
(Lamartine Babo)
Podem escrever em minha lápide: "Sou de Escorpião. Sou Flamengo. E tive um punhado de poesia em minhas mãos. O resto foi circunstância."
Música tema do meu personagem.
Minha interpretação para uma das músicas que mais me inspiraram (e ainda inspiram). Em verdade, chego a transformá-la de tal forma que eu mesmo às vezes penso ter composto esta bela canção feita pelo italiano Bardotti e que... Hum... esta gravação foi realizada de maneira um tanto inusitada... e talvez a única viva alma que possa fielmente dar seu testemunho é o meu amigo e grande cenógrafo, Fábio Jerônimo. Entre a multidão que me aplaudia, ele estava a assoviar... Um momento inesquecível para mim, quando pude ainda cantar tantas outras canções a uma platéia literalmente encantada. Bem, é isto: Gérri Rodrian e a melancólica bossa O Giramundo.
quarta-feira, julho 26, 2006
A Arte de Al Rio.
terça-feira, julho 25, 2006
"É preciso amar não só por um instante, casualmente, mas sempre e até o fim." (Dostoiévski)
Um vídeo emocionante, para vocês, caros companheiros de exacerbado romantismo, que sabem como é bom às vezes perder o senso. The Beatles e a indiscutível Something.
Ouça.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás...
Esta foi açafata...
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal:
Tão Brasil!
De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugelê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral,
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...
Mas ela não sabe...
Tão Brasil!
Ninguém se lembra de política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!
(Manuel Bandeira -Petrópolis, 1925)
A beleza de ser "gauche"...
Azar de quem não tem banda larga - algo cada vez mais fundamental nestes dias de tanta modernidade - e sofrerá um bocado pra ver esta obra-prima de nosso amigo Pateta. Mas a paciência é uma obrigatória virtude...
C'é gente che ama mile cose e si perde per la strade del mondo...
Dia do Escritor
segunda-feira, julho 24, 2006
A Escrita permanece.
Mas, em verdade, esta postagem é pra avisá-los de que este blog novamente se expande. Depois de publicar o primeiro ato de Aiana Tem Gosto de Uva, inicando a apresentação de meus dramas, estabeleci um outro espaço, onde publicarei regularmente crônicas, críticas, textos acadêmicos e toda sorte de idéias. Pra começar, uma curiosa análise do personagem acima citado, escrita há alguns meses para um evento obscuro...
E finalmente, relembro que há um sítio fabuloso com absolutamente tudo sobre o moço de Krypton.