sábado, dezembro 09, 2006

Acabando.

Vai chegando o fim deste ano. E natural que as semanas seguintes sejam de alguma forma especiais. Pra se fazer um certo balanço, talvez. Pesar na balança os momentos "I'm a loser" e os outros, em que fomos "I'm hero". Pesar e ver o resultado. E tirar disso algum proveito, seja ele qual for. E especiais porque chega o bendito recesso forense; porque é tempo de devorar sucessivos panetones e hora de gastar a grana do décimo-terceiro com grandes bobagens. E, sobretudo, porque é o momento do ano em que a humanidade tem o mais coletivo fetiche: as mamães Noel. Benditas as mamães Noel.

61


Pra encerrar a semana dedicada ao Queen, vídeos de Good Old Fashioned Lover Boy e Liar.


E coincidência ou não, a canção n.° 61, daquela sabida lista, é um dos mais belos poemas líricos do século passado. Love of my life, na versão que realmente importa.


Love of my life

Love of my life,
You hurt me,
You broken my heart,
Now you leave me

Love of my life can't you see,
Bring it back bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know what it means to me

Love of my life don't leave me,
You've stolen my love you now desert me,

Love of my life can't you see,
Bring it back bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know what it means to me

You will remember when this is blown over,
And everything's all by the way,
When I grow older,
I will be there at your side,
To remind how I still love you
I still love you
I still love you

Hurry back hurry back,
Don't take it away from me,
Because you don't know what it means to me

Love of my life,
Love of my life

(Freedy Mercury)

Obs.: para maiores informações sobre a banda, conheça o QueenOnline.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

62

These Eyes, clássico dos canadenses do Guess Who, ocupando a 62ª posição deste ranking pessoal. E já que ando falando bastante da subjetividade das minhas apreensões, esta beleza de música me remete ao apocalipse. Não aquele apocalipse registrado naquele belo livro de fábulas. Mas aquele que pode acontecer na gente, em certos momentos da vida. Eu já tive uns três ou quatro. Mas sobrevivi, apertando um botão que há dentro da cabeça. Quando percebia que quase nada restava, em meio a tantos escombros de prédios demolidos (uns prédios de idéias e conceitos), eu instintivamente apertei o tal botão. Um tal de Restore.

Reinstalada a ridícula esperança, segui adiante.


These Eyes

These eyes cry every night for you
These arms long to hold you again
The hurtin's on me yeah
But I will never be free
No my baby no no
You gave a promise to me yeah
You broke it - you broke it

These eyes watched you bring
My world to an end
This heart could not accept and pretend
The hurtin's on me yeah
But I will never be free no no no
You took a vow with me yeah
You spoke it - you spoke it

These eyes are crying
These eyes have seen a lot of love
But their never gonna see another
One like I had with you...

(Bachman/Cummings)

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Propaganda.

Mais uma leva de bons comerciais. Pérolas da publicidade. Johnny Walker e Pepsi.

A voz.

Freddie Mercury é, destes sujeitos que cantam em grandes bandas, o melhor. Sim, não creio que haja melhor vocalista na história rock/pop/metal. Alguns chegam bem perto. O próprio Robert Plant fez muito pelos anos 70. Mas era certamente repetitivo. Jagger tem carisma, mas não garganta. Mas Mercury tinha uma voz nervosamente múltipla e regular. Se alguém se lembrar de outro, cuja voz e presença de palco sejam tão bacanas, que me deixe um testemunho. E não me venham com Bon Jovi, Mike Patton ou Axl Rose, que o mandarei à merda. A coisa aqui é séria. Coisa pra quem tem pelo menos 30 (trinta) grandes interpretações. Coisa pra macho, como diria um amigo.

Abaixo, duas interpretações arrasadoras de Mercury, com Melancholy Blues e We are the champions. Dá perceber que não é pra qualquer um. Um grande vocalista se faz com bela voz, muita energia, algum rebolado e, sobretudo, um interminável repertório. (E quem discordar que escreva alguma coisa. A discussão pode ser boa.)


A mulher francesa.

Para os homens deste país sem-vergonha, um fetiche muito propagado é o da conquista intercontinental. Em verdade, já nos gabamos quando nos aparece uma paranaense ou, ainda mais além, uma rondonense. Mas uma francesa! Uma tcheca! Uma vietnamita! Isso é coisa para horas raras. Lembro de um brasileiro, tão brasileiro quanto eu, que gabava-se por ter arrebatado de paixão uma virgem uruguaia. Era chamado pelos colegas de "O transamérica". Rarará! Eu me divirto com essas lembranças toscas...

Mas especialista que sou, pergunto-me se há mesmo tanta diferença nesta maravilhosa maluquice que é a mulher; se uma ucraniana é, afinal, diferente de uma peruana. Sabe, leitor, diferente nos detalhes... Sophie Marceau é francesa. Nem sei se tem mesmo cara de francesa. Se alguém mo dissesse, há algum tempo, que era polonesa, eu não duvidaria. Será ela diferente, nos detalhes, de alguma mineira de Belo Horizonte?

Um velho que conheci há alguns anos, numa boa locadora de vídeo, e que já tinha rodado o mundo, declarava-me solenemente que havia uma "grande" diferença. Dizia-me, por exemplo, que as italianas do norte faziam coisas que uma argentina jamais imaginara. Que as americanas eram sempre péssimas, em qualquer quesito. Até na "companhia para uma pipoca". Que as brasileiras eram mesmo cheias de energia, despudoradas. Que as francesas eram distantes, como se o homem fosse afinal um objeto de decoração.

Eu, que sou um homem de amores regionais - tão regionais que acabei arrebatado pelo amor de uma prima do mesmo canto miserável do Terceiro Mundo - não tenho lá argumentos para contestar o que me disse aquele sujeito de cabelos brancos e ralos. Acho apenas que, seja onde for, o perfume será adorável. E, afinal, bom leitor, os gemidos na noite escura são universais como o gosto pela água. Como a sede.

Obs.: para fotos da atriz francesa, clique aqui. É bem pouco, mas há mais. Basta procurar pelo Google. Ou onde mais desejar. O mundo é mesmo muito grande.

63, 64 e 65

Não sei exatamente quando esta lista acabará. E nem tenho a menor pressa. Mas hoje, que é quinta-feira mas me pararece sexta - uma vez que amanhã será feriado para este pobre funcionário da Justiça Federal, resolvi colocar logo três magníficas músicas. Duas do Roberto, o qual voltará a aparecer nesta lista (37ª e 13ª posição), e outra dos Beatles - que voltam somente uma única vez, mas para arrebatar o topo. Na 63ª posição, Roberto interpreta O portão, canção que adorava ouvir lá pelos idos dos anos 80 e me remete diretamente aos meus primevos pensamentos românticos. Na 64ª posição, a música mais alegre de toda a história. Please Please Me. Um evoé dos tempos modernos. E ocupando a 63ª posição, Roberto nos oferece um poema dos mais belos de nossa literatura musical - a partir do consagrado topus "locus amenus", com Além do Horizonte. Um devaneio pleno de balanço e harmonia. Ouvi-la, hoje, é quase um calmante. Uns dois valium, ao menos.
Além do Horizonte

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranquilo pra gente se amar
nanana.....
alem do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz
Onde eu possa encontrar a natureza
Alegria e felicidade com certeza
Lá nesse lugar o amanhecer é lindo
Com flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde a gente pode se deitar no campo
se amar na relva escutando o canto dos pássaros

Aproveitar a tarde sem pensar na vida
Andar despreocupado sem saber a hora de voltar
Bronzear o corpo todo sem censura
Gozar a liberdade de uma vida sem frescura

Se você não vem comigo, nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem o amor
Se vc não vem comigo, tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Pra gente se amar

Se você não vem comigo, nada disso tem valor
De que vale o paraíso sem o amor
Se vc não vem comigo, tudo isso vai ficar
No horizonte esperando por nós dois

Além do horizonte existe um lugar
Bonito e tranqüilo
Pra gente se amar

(Roberto e Erasmo
Please Please Me

Last night i said these words to my girl
I know you never even try girl

Come on, come on, come on ,come on
Come on, come on, come on, come on
Please, please me oh yeah, like I please you

You don´t need me to show the way love
Why do I always have to say love

Come on, come on, come on ,come on
Come on, come on, come on, come on
Please, please me oh yeah, like I please you

I don´t want to sound complaining
But you know there´s always rain in my heart
I do all the pleasing with you
It´s so hard to reason with you
Oh yeah, why do you make me blue?

Last night i said these words to my girl...
I know you never even try girl

Come on, come on, come on ,come on
Come on, come on, come on, come on
Please, please me oh yeah, like I please you

(Lennon & MacCartney)
O portão

Eu cheguei em frente ao portão, meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão, eu voltei
Tudo estava igual como era antes, quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei, eu voltei
Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei
Fui abrindo a porta devagar, mas deixei a luz entrar primeiro
Todo meu passado iluminei, e entrei
Meu retrato ainda na parede, meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar por onde andei e eu falei
Onde andei não deu para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar

Eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei
Sem saber depois de tanto tempo se havia alguém em minha espera
Passos indecisos caminhei e parei
Quando vi que dois braços abertos, me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei e chorei
Eu voltei, agora pra ficar porque aqui, aqui é o meu lugar

(Roberto e Erasmo)

Aos 80 anos. Em duas partes.

1.

Viver é bem fácil. Difícil é sobreviver. Viver é aquilo de andar sob a chuva e tomar sorvete de uva numa tarde de sol. Sobreviver é pior. Não tem muito de magia ou ilusão. É aquele dia após dia de lutar pela comida, pelo teto, pela água, pela grana, pelo básico. Pelo chão, diriam alguns. Uma luta repleta de inimigos e feridas. E grande é a luta contra os inimigos mais implacáveis: o tempo e a morte. De um lado é o corpo a envelhecer, as idéias. De outro, o medo da morte, que a qualquer segundo pode nos aparecer... Seja por um atropelamento, seja por uma escorregadela, seja por uma bactéria danada.

Chegar aos 80 anos é uma vitória contra tudo e todos, sobretudo neste caos paulistano, em que o trânsito, a violência e a poluição são verdadeiros assassinos seriais. E se eu chegar aos 80, com alguma migalha de lucidez, serei ainda mais orgulhoso de meu feito...

Porque a cada segundo sou convidado ao enlouquecimento. E creio até que cada um de nós é convidado, sempre. Alguns nem se dão conta. E seguem adiante.

2.

No fim do ano de 2005, escolhi os livros que eu leria durante o recesso forense. Escolhi Swift, Dostoiévski e Goethe. Agora, me pego a pensar no que lerei. Acabo de voltar de um bom sebo da rua José Bonifácio. E ainda pairo sob um punhado atroz de dúvida. Pensei num trio Faulkner, Kafka e Balzac. Um trio de muita força. Mas não sei. Ainda não sei o que vai me fazer bem, o que vai me orientar de algum modo... Ando meio desorientado e nada como umas pedradas de Kafka... Mas não sei. Aceito inclusive eventuais sugestões. Mas que a obra tenha mais de 80 anos. Afinal, é meio como a nossa própria vida. Uma obra qualquer que tenha sobrevivido por longos oitenta anos, de um modo ou de outro, merece mesmo muito respeito. Muita coisa desaparece todos os dias. E boas coisas aliás.

Mas da mesma maneira que não entendemos da morte, pouco entendemos da sobrevivência da arte. Nos resta acreditar que sobrevivem os homens mais fortes e as obras mais belas. O que, creio eu, é uma grande bobagem.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Innuendo.

Outra beleza que o Queen fez. Innuendo. Uma música que envelheceu muito bem. E envelhecendo vai.

Outra dica para a juventude.

Sei lá se alguém já viu algum filme que indiquei por aqui, neste blog colorido. Mas é gostoso - no sentido mais clássico da palavra - indicar alguma coisa que nos agrada, de alguma forma. Acho até que todo mundo o faz, como se isso nos trouxesse certa pequena grandeza. Ou algo próximo disso. E, se houver alguém que me dê ouvidos, veja Operação França, vencedor em 1971 de cinco Oscars, incluindo melhor filme, ator, diretor, roteiro e montagem. O que não é pouco. Abaixo o trailer. Trata-se de um filme engenhoso, simples, violento e saborosamente elegante. E tem Gene Hackman. O que não é pouco.

66

Nós todos gostamos muito dos Bee Gees. E esta canção, a qual ocupa a 66ª posição entre as cem que eu mais gosto, me fez pensar duas vezes antes de gostar de alguma criatura... Pois sei bem, leitor companheiro, que com esta canção eu seria cinco vezes mais capaz de sofrer o pão que o diabo amassou e pisou. Ora, a canção Run to me é daquelas de botar muito marmanjo no chão... Ao menos aqueles de bom gosto. Porque deve haver gente neste mundo grande que gosta de cada patifaria, cada coisa sem graça e sem caráter... E, sabendo do politicamente incorreto da postura, acho que deveria ser decreto presidencial: sofra-se de amor com o mínimo de decoro. Nada de botar na vitrola aquela porcaria de som.

Bee Gees está no limite. Menos que Bee Gees, para um bom sofredor, é apenas um frívolo barulho - não bastará para o bom maltrato do peito. E se o sujeito for daqueles de sofrer bastante, cruel aos montes, que ouça então Chopin, o mais triste dos gênios.

E há um ótimo sítio para uma rápida revisão da obra da banda. E verifique a discografia... Percebe-se um número razoável de bons álbuns. Sobretudo naqueles anos em que se lançava Pet Sounds e Sargent Peppers. Pena que a grande maioria conheça apenas o óbvio e jamais tenha ouvido, por exemplo, um disco estranho e difícil como Trafalgar.
Run to me

If ever you got rain in your heart,
someone has hurt you, and torn you apart,
am I unwise to open up your eyes to love me?

And let it be like they said it would be -
me loving you girl, and you loving me.
Am I unwise to open up your eyes to love me?

Run to me whenever you're lonely. (to love me)
Run to me if you need a shoulder
Now and then, you need someone older,
so darling, you run to me.

And when you're out in the cold,
no one beside you, and no one to hold,
am I unwise to open up your eyes to love me?

And when you've got nothing to lose,
nothing to pay for, nothing to choose,
am I unwise to open up your eyes to love me

Run to me whenever you're lonely. (to love me)
Run to me if you need a shoulder
Now and then you need someone older,
so darling, you run to me.
(Bee Gees)

Obs.: Antes que me acusem de qualquer preconceito, já sofri ouvindo Men At Work. Mas era só o primeiro dos muitos que apareceram. E nem foi tão cruel. Era Men At Work. Pior foi nos tempos em que eu ouvia Ary Barroso. Era bem doído.

E lembrei-me de um velho amigo que, naqueles tempos, sofreu ouvindo Metallica. Como era possível?

Outra dose.

Mais uma dose. Death on two legs.




E mais outra. Breaktrough. Quanta canção cheia de energia... o rock de hoje é tão anêmico... pobrezinho. Feito as modelos que andam morrendo de anorexia, anemia e sei lá mais o quê. Talvez os caras andem se drogando além da conta... Não, fosse assim o Mick Jagger estaria hoje sepultado... Nada com a autodestruição. Acho mesmo é que toda esta geração de roqueiros é feita por jovens que tiveram uma vida confortável, com toda sorte de danones e playgrounds. Falta mesmo um tipo de "menino carvoeiro violentado aos 9 anos que venceu na vida"... Hum... Nada disso. Os caras do Queen não me parecem sofredores endêmicos... Sei lá. O que sei é que falta muita energia para a música popular atual. E que eu não estou bem, neste exato momento, para fazer qualquer conclusão acerca de qualquer coisa... Preciso de um gole de cáfé...

terça-feira, dezembro 05, 2006

O invejoso.

Admiro quem pode bem se autoproclamar "invejoso". Quem possa dizer, na lata, sem eufemismo, que é um invejoso dos infernos. Que olha, vê, sente, calcula. Que sai já querendo, alegre de raiva. Tomado, enfim, pela vontade daquilo que não lhe pertence. Não é fácil admitir que somos todos, em graus razoavelmente diferentes, de ter inveja a todo instante. Do amigo que comeu a bunda virgem da donzela, do outro que foi caminhar pelas calçadas européias, pela conhecida de carro novo, assustadoramente novo. Não é fácil. A gente logo se pergunta "e eu?...", fica naquela inconformidade e, para o bem de todos, se tranqüiliza com algum pensamento otimista.

Mas nem nos culpemos tanto. Algum maluco pode até se invejar do que temos e conquistamos. Para coisas até que nos pareçam naturais, fáceis. Creio até que exista, por toda a sociedade, uma rede de inveja que sustenta grande parte das nossas ações. O poeta tem inveja do melhor poeta. A mulher inveja os lábios ou os penteados de outras moças, querendo ter pra ela, ou nela, o que vê. E o mundo segue seu diário caminho.

Eu, que não sou um andróide, tenho lá minhas invejasinhas pequeninas. Nada assustador, nada fútil. Inveja tenho, por exemplo, de uns sujeitos que aparecem na platéia, nos dois eventos abaixo. Ouvem, simplesmente, Bohemian Rhapsody e Stone Cold Crazy. Filhos de uma égua. Malditos. Merda. Merda. Quanta inveja...


E são tantos os vídeos... Daqui a pouco, mais dois... Sei que é muito vídeo... Mas é Queen. E no nível do Queen, são poucos. E acima, então, caro leitor, quase nada. Apenas uns certos besouros. Alguém mais?

E o pensamento e a manga, rosa.

Chupo uma suculenta manga rosa, com certa fúria de bom chupador de vagina. A manga está doce, levemente azeda, levemente madura. E me vem neste momento de profunda introspecção um certo apreço, além do muito que já existe, por esta tarefa. Creio até que tenha nascido tão somente pra isso. Para chupar as mangas, rosas ou não, que tão belas se apresentam. E há quem não goste: sabemos bem disso, mesmo que nos espantemos, chupadores de mangas unidos, há quem não goste de, digamos, se lambuzar.

Há quem prefira outra fruta, é bem verdade. Não os culpemos. Se gosta, oras, que se há de fazer? Há quem goste é de caqui. Outros de figo. Outros até não gostam de nada! Como isso é possível?! Me espanto a cada dia... Nada é melhor que, numa noite fresca e úmida como esta, após um dia cheio de pânico e tarefas, chupar uma deliciosa manga. Rosa, doce.

67

Minha oração... Esta é uma das músicas que mais me deixa entristecido. Por motivos dos mais diversos. Sobretudo porque eu a ouvia feito maluco lá pelos dezesseis anos, quando eu era ainda tão limpo e desinformado que era incapaz de ver maldade nagulma mulher. Hum... Digo bobagem... Ainda sou da mesma maneira... Um bobo. E bobos gostam muito de tijoladas como My prayer, que nem parece cantada, num microfone, num estúdio limpo dos EUA, mas numa boate de fim de mundo, em que sou o único na platéia, com um copo de conhaque na mão e nenhum dinheiro no bolso. Ah! meu leitor companheiro, confesso que ser um sujeito romântico e trágico é no fundo uma diversão das melhores. Melhor que ser frio e igual, levianamente igual a um manequim vestido de roupas caras, a pairar numa loja bem iluminada.

My Prayer

When the twilight is gone and no songbirds are singing
When the twilight is gone you come into my heart
And here in my heart you will stay while I pray

My prayer is to linger with you
At the end of the day in a dream that's divine
My prayer is a rapture in blue
With the world far away and your lips close to mine

Tonight while our hearts are aglow
Oh tell me the words that I'm longing to know

My prayer and the answer you give
May they still be the same for as long as we live
That you'll always be there at the end of my prayer
(Jimmy Kennedy e Georges Boulanger)

Bacana.

Não sei onde vi. Não me lembro. Nem sei ao certo se gosto muito, ou pouco. E nem preciso encontrar definição. Mesmo porque encontrar definições não é uma obrigação, nestes tempos de caos e reparo. Mas este tal de Michael Garmash tem certo bom gosto e eu reconheço que nos seus trabalho há algo que eu, se tivesse algum dom para a pintura, certamente gostaria de fazer. Ou tentar, ao menos.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Rainha.

Esta semana, por aqui, somente vídeos do Queen. Poderia até escrever o quanto gosto desta banda, o quanto ela me é importante, o quanto qualquer coisa... E até o farei, até o fim desta semana, mas por enquanto não creio que seja muito necessário dizer o óbvio. Mesmo porque hoje chove muito, muito. Escutemos então Flash Gordon, de 1980. E, de quebra, Somebody to love, de 1976.

68 e 69

Elvis Presley emplaca duas canções em seqüência: Are you lonesome tonight? e Suspicion Mind. E dá pra perceber que agora, na lista só tem pedrada de paralelepípedo.

Drops.

A segunda-feira é tão chuvosa, tão chuvosa e ordinária, que nada nos resta, a não ser rever três rápidos clipes que remetem a alguma tarde daqueles distantes anos 70... Digo, se você tiver mais de trinta anos... Lembro-me de um dia, em que chovia como hoje. A televisão estava ligada, salvo engano sintonizando a tal rede Gazeta. Eu via um dos desenhos abaixo e, apesar da pouca idade, filosofava e sorria. Pensava assim: "como gosto disso! Como gosto das cores e dos traços! Das personagens elegantes!" Gostava. E, por mais que eu já tenha sido tomado por um chato academicismo, ainda gosto. Muito. Nem mais pelo que há de interessante nas histórias, mas pela plasticidade. Gosto de ver. De alguma maneira me conforta. E acho até que não é difícil imaginar o porquê.






domingo, dezembro 03, 2006

70

Apesar de ocupar tão somente a 70ª posição entre as 100 canções que mais me (co)moveram por esta vida danada, Something é uma paixão dos diabos... Creio até que seja a música que mais ouvi, entre todas, incluindo-se todas as suas versões. Entre as melhores, uma que Paul MacCartney e Eric Clapton nos mostraram numa homenagem póstuma ao mestre George Harrison. Outra é esta, que Shirley Bassey gravou nos anos 70. Talvez seja uma das canções que poderia rolar no meu (eventual) velório, enquanto todos estivessem a comer um belo pão com mortadela e a beber um forte gole de café.
Something

Something in the way she moves,
Attracts me like no other lover.
Something in the way she woos me.
I don't wanna leave her now,
You know I believe, and how.

Somewhere in her smile she knows,
That I don't need no other lover.
Something in her style that shows me.
I don't wanna leave her now,
You know I believe and how.

You're asking me will my love grow,
I don't know, I don't know.
You stick around now, it may show,
I don't know, I don't know.

Something in the way she knows,
And all I have to do is think of her.
Something in the things she shows me.
I don't wanna leave her now.
You know I believe and how.

(George Harrison)

Crônica Dominical

Não. Nem tudo é perfeito. Nem mesmo o mais belo dia pode ser perfeito. Nem mesmo a paz. Nada é exatamente como se sonhou, como se desejou naquelas horas de imaginar... E quando tudo nos parece um sorvete de cocaína e morangos, eis que surge o malfadado segundo... Me diria Chico Buarque, se fizesse parte daquele meu seleto grupo de desafortunados amigos: é a Roda-Viva, que carrega tudo pra lá... Me diria também aquele sujeito poeta de terras distantes: resigne-se, antes que seja realmente tarde para alguma resignação...

Na ocasião de uma certa tragédia pessoal, há muitos anos, eu, sem muito entendimento de muita coisa dessa vida, cometi a bobagem de me enraivecer, xingar aos quatro ventos, cercar-me de alguma braveza sem fim. Gritei, berrei, andei por quilômetros e quilômetros, pé após pé, cambaleante. Até me peguei batendo os braços numa certa parede, espancando-a, enquanto minhas mãos começavam a sangrar... E eu lhe pergunto, curioso internauta, pra quê?!

Não creio que tenha alguma utilidade qualquer tipo de auto fragelo. Mesmo que naquele momento eu soubesse que se tratava de uma fúria que não cabia em mim, não deixava de notar o quanto é inútil reclamar... Ora, a vida não é perfeita. Nunca é. Nunca.

Se o pudim no garfo vai, em direção à sua boca... e de repente cai. Acalme-se. Se as pratas voam para o seu bolso... e de repente somem, acalme-se. Se a noite era pra fazer inveja a Casanova... e de repente nada, acalme-se. Gritar ajuda? Chorar, beber, tremer... Pra quê? Até nos dá vontade... mas pra quê? Se não era para eu beber daquele leite, não vou chorar por ter-se derramado todo... Deixa pra lá. Logo eu esqueço. Como tantas e tantas tristezas que eu guardo num baú pesado e grande. De uns dez quilômetros. Do tamanho de minha cidade.