sábado, dezembro 30, 2006

2006 já é mesmo uma velha história.



Ávidos pelo novo, já mandamos às favas tudo o que nos ocorreu e vimos em 2006. Ansiamos pelo novo, malucos pra saber o que nos virá pela frente. Talvez alguma utilidade tivesse em saber se nalgum dos dias em 2007 eu me pegarei rindo, feito bobo, contente. Se noutro vou pedir arrego e me sentir um cretino. Se noutro eu terei, enfim, a vontade de voltar a escrever algum novo romance.

De todo modo, sei apenas que em 2007 eu continuarei a precisar de muito açúçar pra enfeitar, afinal, esta merda de vida brasileira.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Pra encerrar o papo, neste longo e desajeitado ano.

Já nem sei o que me resta dizer. Que o ano foi, afinal, divertido. E que 2007 seja um tanto mais. Pra encerrar, um vídeo que eu nem sei já andei postando por aqui. Em todo caso, um clássico que a gente ouve várias vezes. The Animals e Don't let me be misunderstood.


Tenham um bom ano novo e não se esqueçam de prometer que, em 2007, terão mais a companhia dos livros, da poesia e da elegância. Neste mundo violento e sujo, desesperançado, queimado e estúpido, nos resta cuidar um pouco da gente mesmo, nos educando um pouco, nos levando a um tipo melhor de entedimento das coisas. Não vai mudar nada, nem nos fará mais felizes. Mas neste mundo sofrido, este é o nosso pequeno e possível refresco.

49

Houve um tempo que esta singela canção me era um verdadeiro hino. Tempos difíceis, é bem certo. Eu me apagava à idéia de que o violão me salvara. Ora, "tem nada não, tenho meu violão"... Era só correr, naquele momento de angústia, para os braços do instrumento e cantar qualquer velha modinha. Mas certo dia me roubaram também o violão e a canção perdeu o sentido. E os tempos ficaram mesmo difíceis. Naquela época, e ainda hoje, o violão é símbolo de toda redenção, de toda a resistência. E é imprescindível, para muitas ocasiões. Ouçamos Cotidiano n.° 02, dos abençoados Toquinho e Vinícius de Moraes.


Cotidiano n.° 2

Há dias que eu não sei o que me passa 
Eu abro o meu Neruda e apago o sol 
Misturo poesia com cachaça 
E acabo discutindo futebol 
Mas não tem nada, não 
Tenho o meu violão 

Acordo de manhã, pão sem manteiga 
E muito, muito sangue no jornal 
Aí a criançada toda chega 
E eu chego a achar Herodes natural 
Mas não tem nada, não 
Tenho o meu violão 

Depois faço a loteca com a patroa 
Quem sabe nosso dia vai chegar 
E rio porque rico ri à toa 
Também não custa nada imaginar 
Mas não tem nada, não 
Tenho o meu violão 

Aos sábados em casa tomo um porre 
E sonho soluções fenomenais 
Mas quando o sono vem e a noite morre 
O dia conta histórias sempre iguais 
Mas não tem nada, não 
Tenho o meu violão 

Às vezes quero crer mas não consigo 
É tudo uma total insensatez 
Aí pergunto a Deus: escute, amigo 
Se foi pra desfazer, por que é que fez? 
Mas não tem nada, não 
Tenho o meu violão... 

(Toquinho & Vinícius)

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Nenhuma justificativa.

Para postar Elvis Presley nunca é preciso de qualquer justificativa. Sempre é bem aceito. No entanto, vale lembrar que este escritor quando jovem, bem jovem, ouvia um álbum duplo de Elvis, um tal de 50 Greatest Hits. Tinha eu uns cinco, seis anos. Lembro de ouvir e gostar de algumas canções em especial. Pareciam-me feitas para criança - eu gostava daquele barulho, daquela levada que já me fazia dançar e balançar a cabeça. Lembro-me de ficar deitado num felpudo tapete, a olhar, por horas, as capas, as letras, as informações todas. E, sobreduto, aqueles discos pretos, seu material, aquelas linhas... Eu buscava compreender como era possível daquela coisa sair algum som. Gostava um bocado de ouvir música. Numa vitrola vermelha que dobrava feito maleta.


Ouvimos Elvis, com Return To Sender e I can't help falling in love with you.

Justificativas.


Tudo o que tenho postado por aqui, desde a primeira semana, obedece em geral a algum critério. Sinto-me sem conforto quando penso em publicar algo que nem tenha relação a alguma outra idéia cotidiana. Mas desta vez, não há justificativa. Silvia Suradova, atriz tcheca, fez poucos filmes interessantes. Fez Kolya, que muita gente viu depois do Oscar de melhor filme estrangeiro. E que, confesso, não vi. Mas uma certa foto da atriz me convenceu a fazer a última capa deste ano com a sua imagem. Que afinal, como bem se pode ver, é realmente bela. A República Theca deve estar repleta de claras imagens.

Redefinição e 2007.


Este blog nasceu num momento em que eu vivia uma fase de tédio e introspecção. Deveria servir, em todo caso, para que eu pudesse publicar meus velhos textos, entre meus dramas e músicas. Mas nunca me senti exatamente certo sobre tudo isso. Sei bem que eu não queria criar um blog do gênero "provedor de conteúdo", tal qual os brilhantes OMEDI e Rapadura Açucarada. Não me interessa a novidade, mas justamente aquilo que anda longe da lembrança da maioria dos internautas.

Este blog, afinal, me serve como um diário. E assim continuará. Mas algumas novas medidas serão tomadas, para que eu mesmo não me encha com essa coisa toda. Pra começar, haverá a participação de mais gente. Seja na escolha dos vídeos, seja na sugestão de imagens. Farei também uma seção de entrevistas semanais e sugestões de filmes que passarão em algum canal de tv a cabo. Quando há seções definidas, mais facilmente encontro as palavras.

Assim eu gostaria de ter 2007. Mais gente. Mais novidades. Mais mundos se colidindo. Ando meio farto de mim, como sou. Foram dois anos longe dos palcos, dos ensaios, das broncas de algum lunático diretor, longe das platéias pequenas e das conversas na pastelaria, na frente do teatro.

E mais me entristece a distância dos estudos. Preciso logo de outra faculdade que preencha o meu tempo, com novos assuntos e teorias. Assim eu quero o blog. Como quero este novo ano, mais inteligente e criativo. Que não seja apenas um eterno remexer num mesmo balaio. Vez ou outra a repetição de um mesmo manjar nos irrita.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Nova cara.

Este blog, caso o leitor perceba, está em reparos. Novo ano chega, nova cara terá. Nenhuma mudança drástica. Vou mexendo, até quando a paciência me deixar. E continuando a semana dedicada às canções que ouvi na discoteca de meu pai, o vídeo de Love Hurts, música para qualquer situação de entendimentos e apertos. E cujo solo de guitarra considero um dos melhores da história. E, afinal, Nazareth foi mesmo uma boa banda, não obstante o visual inexplicável de seu vocalista.

50

Chegamos à exata metade da lista elaborada em 2001, quando arrolei, segundo critérios dos mais subjetivos, as cem canções que mais me comoveram nesta vida ordinária. E "comoveram" conforme o sentido mais distante do termo, quando ainda era Latim, na boca de algum habitante dos campos romanos. Comovem, movendo-nos a algo, a soltar o corpo com profundo peso na cadeira, a assoviar absorto num vagão de metrô, a dançar feito o Pateta, a procurar por um cigarro, a respirar mais rápido, bem mais rápido.

A arte tem disso. Move-nos. Chegamos a não notar, visto que as exigências neuróticas da vida não nos permite. Mas quando ouvimos uma música que nos marca ou nos lambe os ouvidos, mudamos. Eu creio que até minhas pupilas cresçam, as mãos se molhem e a percepção de tudo acaba diferente.

A 50ª colocada, afinal, é daquelas canções de me fazer lembrar de uns tempos bem divertidos. Eu e outros malucos íamos a tudo o que é apresentação de Os Incríveis. Nos becos menos prováveis. Era começo dos anos 90. Eu cheguei ao disparate de conseguir, três vezes, os autógrafos de toda a banda. Mas que há? São músicos maravilhosos! O baterista Netinho, o baixista Nenê e o hoje falecido saxofonista Manito assinaram a capa de um raro disco que tenho. E deles é Minha Oração, primorosa versão de My Prayer. Uma canção que sempre me comove, a começar pelo pescoço: a minha cabeça sempre balança. E eu sempre acabo sorrindo.


terça-feira, dezembro 26, 2006

Irresistível.

Tara de minhas infâncias, Lucinha Lins cantava feito um sei-lá-o-quê de mistura de virgem florista húngara e sereia do mar Mediterrâneo. Vejamos Hollywood, postada há alguns dias. Melhor que ouvir, é ver e ouvir. Neste caso, especificamente.

Inútil retrospectiva. Inútil perspectiva.

O ano vai acabando e todo mundo começa a fazer das suas retrospectivas, arrolando todos os acontecimentos, desde os banais, os frívolos, aos trágicos, os espetaculares. Já nos dizia um velho psicólogo que somente é feliz quem tem a memória curta. Se me der na telha remexer nos arquivos, capaz de me lembrar de uma terça-feira negra, terrível, lúgubre, que eu tratei de esquecer logo na quarta, bem cedo. Ou posso me lembrar de uma palavra que me tenha sido dita em março, que eu tenha educadamente relevado. Ou de um fracasso que eu tive lá por agosto, numa tarde qualquer. Vai que me lembro de algum momento ordinariamente besta - agora, quando até me sinto bem humorado, ouço músicas velhas e mastigo alguns drops.

Caso alguém se interesse, estou a ler Pinóquio, de Carlo Collodi. Em alguns dias, farei alguma vaga observação. Por ora, ouçamos outra boa coisa que havia na discoteca de meu pai: The Archies, com Sugar Sugar.

Outra.

Outra da discoteca de meu pai, a bela Where Have All The Flowers Gone?, do escorpiano Johnny Rivers. Aliás, meu pai ouvia cada coisa bacana. Depois que envelheceu passou a ouvir cada tralha sonora! Me chega a ser incompreensível. E não me venham com a conversa de relativismos e preconceito. Mesmo as porcarias de antigamente eram melhores. Hoje a porcaria se engole entalada na garganta. Demora a descer pelo estômago.

Tom Jones ocupado.

Não sei ao certo, mas o sujeito que postou praticamente todos os vídeos de Tom Jones no Youtube não permitiu o embed, ou seja, não permite que blogs o publiquem. Pode apenas ser visto na página do Youtube, o que impede que milhões ou meia-dúzia possam melhor conhecer a arte de um dos mais simpáticos artistas da música pop. O que se passa na cabeça do sujeito é um grande mistério. Pra quê regular o que é realmente interessante? E como a minha preguiça natalina é absoluta, não procurarei por alternativas. Ouçamos outra coisa agora. Prometo, ao menos, manter o nível.

Pra começar, a obra-prima da descontração, Raindrops keep falling on my head, dos elegantes compositores Hal David e Burt Bacharach, na interpretação devida, com BJ Thomas, outro sujeito que conheci pela discoteca de meu pai.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

51

Acreditem ou não, considero a canção Hollywood, uma das mais belas e inspiradas canções de Chico Buarque, o artilheiro maior da poesia brasileira. Ouçamos a balada, com a voz sensualíssima e límpida de Lucinha Lins e as vozes dos nossos quatro heróis de um extinto talento brasileiro: o Humor. Depois da queda do grupo Os Trapalhões, poucos são os programas efetivamente engraçados. Havia um tempo em que Chico Anísio, Ronald Golias, Moacyr Franco, Jô Soares, Renato Aragão e Renato Corte Leal estavam todos na televisão, ocupando todos os dias da semana. Havia muito humor de bobeira, mas havia também uma velada crítica ao modus operandi brasileiro. No cinema, havia a lembrança de Oscarito e Mazzaropi, havia a marca de Grande Otelo e havia a acidez do mestre maior da comédia cáustica, Zé Trindade, o homem que mostrava o Ridículo que neste país existe.

O humor de hoje é bem comportado, respeitante aos sabores do capital e da publicidade. Puro entretenimento. Personagens, em geral, mal vestidos. Atualmente, o humor televisivo se salva graças ao talento de grandes atores, como Marco Nanini e Pedro Cardoso. Tudo anda mesmo muito chato nesta arte de fazer os entediados rirem.

A tal música, ocupante da 51ª colocação entre as cem prediletas deste sujeito, afinal, me lembra de um tempo e de um cinismo bem diferente do que hoje há. Hoje apenas há um simulacro.




Hollywood

Ói nós aqui
Ói nós aqui
Hollywood fica
Ali bem perto
Só não vê quem
Tem um olho aberto

Ói nós aqui
Ói nós aqui
Hollywood
É um sonho de cenário
Vi um pau-de-arara
Milionário

E eu que nem sonhava
Conhecer o tal recife
Pobre saltimbanco
Trapalhão
Hoje sou mocinho
Sou vizinho do xerife
Dou rabo-de-arraia
Em tubarão

Ói nós aqui
Ói nós aqui
Tem de tudo
Nessa hollywood
Vi um índio
Cheio de saúde

Ói nós aqui
Ói nós aqui
How do you do
Caruaru
I wanna see
Piripipi
Ói nós aqui

Ói nós aqui
Ói nós aqui
Camelôs, malucos
E engraxates
Aproveitem enquanto
O sonho é grátis

Quem há de negar
Que é bom dançar
Que a vida é bela
Neste fabuloso xanadu
Eu só tenho medo
De amanhã cair da tela
E acordar
Em nova iguaçu

Ói nós aqui
Ói nós aqui
How do you do
Banabuiú
I wanna buy
O paraguai
Hollywood
And me
Ói nós aqui (vixe!)

(Chico Buarque)

domingo, dezembro 24, 2006

Só por hoje.

John Lennon quis fazer e fez a grande canção natalina que se possa imaginar. Noite Feliz e Jingle Bell são maravilhosas; entre as nossas, Assis Valente fez uma obra de arte eterna, Boas Festas - uma canção um tanto triste, convenhamos, e por isso tão bela. Mas não há outra que seja nevrálgica quanto Happy XMas (War Is Over), canção que não se rende ao pieguismo humano, nem abençoa a todos, nem nos permite esquecer que somos todos um animal bem precário.

Apaixonado que sou por canções natalinas, não obstante as filosofias todas, postarei uma seleção das melhores que houver por aqui, na minha longa discoteca. Mas não agora. Em fevereiro ou março. Ou quando não houver mais resquícios de Papai Noel nas lojas da cidade.

Presente.

Um presente ao meu pai, aniversariante da semana, que provavelmente jamais verá este blog, levando-se em conta a hojeriza dos mais velhos a este treco maravilhoso que é a internet. Mas se por acaso visitar, verá esta semana um punhado de vídeos de seu cantor preferido, Tom Jones. Para mim, em seu gênero, Tom Jones vem abaixo apenas do supremo Elvis Presley, o homem que foi os "Beatles" dos homens solo.

Mas Tom Jones tem repertório e voz para merecer um vice-reinado entre os "cantores que cantam, dançam e gravam pérolas suicidas e pancadas entorta quadris". Abaixo, dois clássicos do pop, com It's Not Usual e She's a Lady. Obras-primas da animação humana. O ser humano às vezes fica bem animado.


Crônica Dominical

Comprei-me dois belos presentes. Dois documentários, um sobre a produção de A Night at the Opera, lendário disco do Queen, e outro sobre o meu guru da velha adolescência, Vinícius de Moraes. Dois presentes que são símbolos de uma bonança que eu sempre espero encontrar. Ademais, isso de presente não é coisa simples. Há muitos anos, um amigo precisava comprar um presente para a namorada. Tinha apenas alguns trocados e a moça, acostumada a certo luxo, não aceitaria qualquer bobagem de símbolos. Ele pediu-me ajuda e naquele momento eu era uma boa solução para os problemas desse meu apaixonado amigo. Disse-lhe que, na impossibilidade de se comprar algum caro badulaque, restava comprar algo que, mesmo barato, pudesse ser tomado como valioso relicário. Precisávamos de alguma velharia...

Permitam-me uma rápida digressão: comprar presentes é um dos grandes dilemas masculinos. Mulheres, em geral, gostam de bolsas, sapatos e perfumes. Ora! como nos é difícil escolher entre tantas coisas absolutamente iguais. E tem a tal da grana... tudo que nos parece bom é sempre caro! E ainda há a tal relação de medidas... Tudo é por demais subjetivo nesse mundo de agradar com objetos. Freqüentemente tenho me dado bem nesta arte. Mas jamais dou algo que também não agrade também a mim, nem que eu considere menor. Quando dou um DVD ou CD, o faço com o coração partido, tomado de certa inveja, pensando no presente que gostaria de ter comigo. Mas é até bom que seja assim.

... e velharias havia em algumas lojas ocultas, brechós e sebos empoeirados. E naqueles tempos, os sebos andavam mesmo mais empoeirados. Encontramos uma pulseira, levemente enferrujada e um anel sem pedra. Por algo que hoje seriam uns dez reais, tínhamos uma maltratada bijouteria. Limpamos a peça com vinagre e pasta de dente e embrulhamos com um bom celofane. O plano era de alguma maneira perfeito. E a moça, acostumada a certo luxo, não era frívola ou estúpida. Não gostaria, é bem certo, de um presente qualquer, dado sem interesse...

Outra rápida digressão: em geral, os presentes são péssimos. Ganhamos uma porção de coisas que não nos agrada. Sobretudo porque a maioria nem faz mesmo uma reflexão muito profunda sobre os nossos gostos. Dão, com doses altas de automatismo. Vivo a ganhar camisetas cor-de-abóbora e azul bebê quando o planeta todo sabe que eu somente gosto de camisetas brancas, absolutamente brancas. Hoje talvez seja o dia de eu abrir um pacote e... Ora, estou sendo ingrato. Tudo será bem aceito.

...entregou-lhe o presente, pouco antes da meia-noite. Disse-lhe palavras belas, juras e elogios. Estavam sós. Ela lhe dava um suéter - roupa de homem sério, conforme o imaginário lógico feminino. Ele segurou a respiração por uns segundos, deixou-se levar por uma emoção fingida e real, teve os olhos a beirar o vermelho e lançou, convincente: "minha vó deixou-me este presente... esta jóia que foi dela, quando casou-se com... o meu avô. Eu prometi a ela que a daria a mulher que eu amasse um dia... E me amasse tanto... E veria esta jóia, velha, que possui muito mais que noventa anos... que a veria como a prova de amor sincero e forte".

A moça recusou o presente. Por considerá-lo muito nobre ou prova de tamanho carinho, que ela mesma não merecia, por não ter no peito o mesmo tamanho amor. Disse-lhe ainda que ela estava apenas a procurar por uma relação que fosse boa, mas que não fosse a última. Ou algo parecido. Meu constrangido amigo não quis divagar sobre o acontecido. Balbuciou a palavra "vaca" diversas vezes e considerou, afinal, que a moça não merecia mesmo tão nobre presente.

Uns anos depois achou quem o aceitasse. E acabou casado.