sábado, fevereiro 24, 2024

Se eu soubesse


Demorei 32 anos para gravar esta que é uma canção tão querida, tão companheira. Enfim. 


Se eu soubesse que você voltava

não definhava como louca

não praguejava a sua boca


Se eu soubesse que você voltava

não, não chorava feito besta

não tomava tanto porre num ócio de dar pena


Eu  pensei que fosse o fim

joguei o que era nosso fora

eu não paguei as contas


Eu  pensei que fosse o fim

sim, rasguei todas as fotos

queimei seus documentos num fogo que ardia


Eu poderia ter cortado o cabelo

daquele jeito, pra ficar bonita

ter me cuidado com um pouco de zelo

sem choro, culpa e bebida


e agora só quero um beijo

com aquele batom em excesso

marcá-lo de raiva,

bem na sua garganta,

pra lembrá-lo que isso não se faz a uma mulher.


Se eu soubesse que você voltava

comprava do melhor cigarro

pra lhe esperar sorrindo


Se eu soubesse que você voltava

escutava um bom dum samba

pra lhe esperar cantando

num fogo de dar gosto 

vestida de vermelho

sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Sobre Fenices

 


Sobre "Fenices: uma fantasia sobre a morte", romance perturbador que escrevi entre o final de 2006 e maio de 2007, devo afirmar antes de tudo: não sei ao certo o quanto é, de fato, perturbador. 

Talvez o tenha sido para mim, neste desgastante processo de escrever um livro de 166 mil palavras e tantas mortes e estranhezas. E pode ser que seja leve para gente toda de 2024. Vimos todos tantas crueldades pela vida fora que estamos sempre mais resistentes ao horror. Embora, me pareça certo, existam sensações e calafrios que estejam acima ou abaixo daquilo tudo que nos é cotidiano. 

Outra coisa que talvez importe dizer é que "Fenices" deve ferir todos as atuais regras estabelecidas, o compromisso ético e social. É provável que alguns leitores se enojem ou rejeitem aquilo que foi preciso para contar a história de um herói, afinal, demoníaco.

Mas a verdade, também, é que este romance tem mais delicadeza e lirismo do que pode parecer, à primeira vista. Por isso até nem seja de perturbar como pretensiosamente afirmo. E encante mais, pois entre tudo o que a morte corrompe, há o humano em seu certo destino: viver, amar e — claro — ser corrompido.

Em 10 de março, no Amazon. Pré-venda!



domingo, fevereiro 18, 2024

A Primeira Vez Que Ouvi Latim


Assim começa. Esse rebento ficou preso ao meu cordão umbilical por 22 anos! Finalmente o afasto de mim que na eternidade viveria a reescrever e enfiar novo personagem na trama. Esta publicação é um acordo que faço comigo e a obra: vamos cada um seguir seu rumo.