"A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais" é aquela frase de Arthur Schopenhauer. Tenho refletido sobre isso. A vida é nada: horas enormes em longos dias em anos curtos e décadas breves. E vez ou outra, nesta longa aventura, me senti e me sinto só, pouco além de mim, meio no desassossego da quietude. Em silêncio de tudo.
Foi sempre o que desejei, afinal. Viver evitando a busina da desordem alheia. "Inferno são os outros" diz a velha máxima de Sartre. Mas eu digo além: barulho são os outros. Este é o "egoísmo do silêncio", diram alguns e eu não poderia fingir que não é certo. Sim, todo silêncio é antes de tudo um egoísmo calhorda.
Pudera apenas que todos pudessem compreender que a mim este silêncio é açúcar, alimento para a compreensão da vida. Pudera apenas que compreendessem: já havia barulho demais dentro da minha cabeça. Já havia uma sinfonia perigosa a me estripar a paz.