sábado, outubro 07, 2006

Outra semana.

Lá vai outra semana embora. Uma semana que jamais terei novamente. Isso bem me lembra o que me dizia uma amigo, nos tempos de escola. Ele me dizia: fique agora cinco segundos sem nada dizer. Eu ficava e após o breve período ele vinha com a dolorosa frase: "você jamais terá estes segundos novamente". O tempo não se importa mesmo com nada e vai adiante. Ou aproveitamos ou nos despedimos de cada segundo, sem muito arrependimento. Mas como nos livrarmos deste Tédio?

98

A 98ª canção. A muito boa banda Bread e a canção de motel elegante, Make It With You.

sexta-feira, outubro 06, 2006

Vogue.

Pra encerrar a rememoração de vídeos da camaleoa Madonna, um de seus clássicos, Vogue.

O casamento de Jerônimo.



Ó meu inventado leitor, sabedor dos paradoxos deste mundo. Estive a cismar. Mas era um pensar e repensar que nunca chegava a qualquer lugar. Apesar do muito imaginar, não encontrava mesmo o que dizer de importância. Não sabia se era hora de reclamar da vida, hora de vomitar lirismo, hora de concluir que essa coisa de humanidade não deu mesmo certo. Não sei se é hora de esperar pelo refletido, o muito pensado. Acho bem que não. Tentei diversas vezes um texto que fosse. Mas as palavras nasciam confusas, sem eira, nada dizendo que fosse compreensível. Quase um punhado de horas e nada, nem sabão. Apenas o título era sempre o mesmo. E nem cheguei a compreender o porquê. Lembro-me apenas que as moças das fotos formavam um tipo de caleidoscópio...

Obs.: Cate Blanchett e Gwyneth Paltrow.

99

Para a 99ª posição, Ismael Silva e Se você jurar.

quinta-feira, outubro 05, 2006

100

Há alguns anos eu me fiz uma pergunta: eu saberia quais são, em ordem, as cem músicas que mais gosto? Tratei de estabelecer um sistema. Eu ouvia cada uma das canções, comparando o que sentia ao ouvi-las. A que mais me agradava subia no ranking. Lembrava de uma canção nova e a comparava logo àquela que ocupasse a centésima posição. Ouvi centenas, mas restaram as cem que, durante esta minha vida, têm me agradado numa boa regularidade de tempo. Há coisas que ouço hoje mas entrariam no seleto grupo somente depois de deixarem maiores vínculos... Não sei se me explico bem. Apenas afirmo que não se trata das cem maiores canções deste mundo... A lista traz as cem canções que mais me comoveram por este tempo em que sou viciado em música: ora, são quase vinte anos ouvindo música de tudo o que é jeito, de tudo o que é época e de tudo o que é lugar!

Abaixo, a canção que obteve a centésima posição. E nem isto significa qualquer depreciação à música. Tantas e tantas coisas que gosto muito nem estariam numa lista das mil canções! Todos os dias, se houver forças, colocarei uma outra canção, até chegarmos à primeira colocada, lá pelo dia 12 de janeiro.

Pra começar, o monstro Cartola e a monstruosa Acontece.

Quinta-feira, 5.

Madonna canta Bad Girl. Só. Até teria o que comentar - essa coisa de meninas más é assunto que sempre me traz verbos. Mas agora não. Não tenho paciência e tenho sede. Novamente a sede.

Acabemos com.

A cabeça bagunçada.
Judiada até.
É o tempo, é a cachaça metafísica.
Uma embriaguez irritante.
Idéia alguma.
Apenas um cheiro de coisa limpa.
A cabeça se confunde.
E tenta o verso.
Desajeitado o verso vem.
Mas é feio e é relegado à miséria do esquecimento.

Há o pedregulho, no meio do caminho.
Há o pedregulho.
No meio das coisas todas.
Um pedregulho que se espalha feito bolhas de sabão.
Um impedimento de idéias.
Que nada transpassa...

É o sono crônico.
É a preguiça de quem nasceu pra ser apenas um vagabundo medieval, mas acabou atado a uma mesa e de lá jamais sairá.

Nada que nos refresque.
Nada que venha fazer do tédio uma agradável aia.
Nada.
É a sede que nos faz um deserto.
Nos faz ter a língua seca, abominavelmente seca.
Que canto se fará?
Que canto se fará quando a sede nos toma?

Argh!
É de água que preciso?
Foram dez copos e a sede ainda pemanece.
É de água que preciso?
Que maldita água é esta que virá matar a sede desta boca?

A tarde desta quinta-feira me lembra mesmo aqueles dias de ressaca.
Mas ressaca de quê?

Ah! Quem inventou o trabalho!
Quem inventou o dissabor de uma tarde que se perde polindo uma porção de pedras inúteis!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Dia internacional do nada.

Hoje é oficialmente Dia Internacional do Poeta. Que besteira essa coisa de dia disso, dia daquilo. Dia é dia, como qualquer outro. Noite também é noite, sem que haja qualquer necessidade de alguma classificação. Dia do Poeta? Pra quê? Para que comemorem todos? Para que lembremos todos dos pobres poetas necessitados? Ora bolas, querem pausterizar até mesmo os infelizes poetas? Querem fazer desse ofício um emprego, tal qual se é dentista, sapateiro ou sargento do exército? Sei bem, por isso a poesia anda mesmo rara, sempre magrela e esporádica. Querem tornar até mesmo o desencontrado sujeito que necessita fazer uns versos num funcionário que assina carteira e corre para atender à produção? Não basta o que fizeram com os artistas plásticos? Querem obrigar um diploma que permita a ação de escritores? Querem mercado lírico, como os muitos trovadores que hoje são em geral uns mercenários que trocam cada acorde por alguns dólares, como aqueles andarilhos da Idade Média? Bah! Desse capitalismo estúpido, nada além da miséria de alguns deveria nos causar nojo. Mas há este empobrecimento da arte que parece sem fim.

Tudo é feito para agradar a maioria, moldando-se tudo o que se faz tão somente pela audiência e pelos números que atingem. A música boa que aparece é repetida exaustivamente, por outros, transformando tudo num tubo plástico. Raramente o cinema nos mostra autoridade. Há sempre um punhado de cineastas clone de Spielberg que buscam sempre os mesmos resultados e valores. E a Literatura? A arte magistral, mesmo sendo a mais sisuda, acabou quase se transformando em revistas fúteis, que faz qualquer desocupado vender milhares de livros - os quais ocupam um espaço que deveria ser daqueles que trataram as palavras como se tratassem do seio da mulher amada. Putas genéricas, gurus do vácuo, sabedores frívolos vendem livros que contam histórias tão óbvias e mal contadas que...

Não me venham com um dia para os poetas. Para outras coisas, vá lá. O dia da mentira, o dia da ilusão, o dia do orgasmo. Pois que tenham um dia para o regozijo de quem goste disso. Já nos bastaria o próprio aniversário e o ano novo. Que haja um dia para os mortos. Mas para os poetas, não. Nem se lembrem dos poetas. Esqueçam-nos, se possível. Deixe-os à margem, como se fossem bandidos ou subversivos que fazem mal ao mundo, como bem propôs Platão. Que a Literatura seja uma praga que se quer exterminar, que os governos todos queimem os livros e poetas em praça pública.

Talvez assim voltemos a ver poesia escrita por quem realmente precisa, que não se debruçará em versos para enriquecer editores e ter o novo best-seller das prateleiras.

(Ufa! Há tempos não tinha um rompante romântico! Que o compreensivo leitor não se apoquente. Logo aquele cinismo que todos adoram voltará ao seu devido lugar.)

Canção Matinal.

Tom Jones canta She's a Lady. Uma maravilha de música e um cantor que não dá ponto sem nó.

Os homens preferem as morenas.

Uma morena Madonna interpreta The Power of Goodbye. Aliás, bem me lembro daquela grande questão: louras ou morenas? Não obstante a questão ser efetivamente boba, uma vez que mulher é bom com qualquer cabelo - e mesmo alguns gostam das moças sem cabelo, cabe uma reflexão elevada: as moças de cabelos dourados representariam, em algum momento da história, a pureza e a elevação. As morenas seriam as bruxas de muitos artifícios. Depois, bem depois, louras representam a sedução e a astúcia. Morenas, a seriedade e a discrição. As diferentes sociedades interpretam os cabelos conforme alguns interesses, dos mais diversos. Para um homem de bom senso, cujas mãos tocaram tantos cabelos que jamais se repetem, fica aquela sensação saborosa: cabelos são fundamentais para a memória. De alguns rostos, eu bem já me esqueci. De seus cabelos, no entanto, jamais me esqueço.

Os ventos de outubro.

Não há época do ano em que me sinta melhor. Em que goste mais daquilo que não sou eu, que é maior e independe de mim. O vento corre apressado e o céu é até mais limpo. Não há um frio que nos incomode, não há um calor que nos faça preguiçosos. Há apenas este maravilhoso vento... E desde sempre é assim. Desde quando comecei a notar as diferenças que há entre os meses... Em abril, aquela secura, aquele sempre tedioso clima... Em dezembro, aquele calor de nos deixar agitados... Mas em outubro sempre me senti bem, renovando até as minhas esperanças em tudo. E tenho mesmo vivido assim, sossegadamente, esperando por um próximo outubro, pra novamente sentir este vento fresco a acariciar o rosto.

Escrevi Em outubro, flores!, há alguns anos, justamente (e tão somente) para homenagear esta época do ano, este melhor momento anual. Tudo o que há no drama, em que a jovem Amalle sofre de forte doença e um vago boêmio lhe canta suas canções tristes, é metáfora desta minha relação com o clima desta época do ano. A própria triste e bela e passageira Amalle é uma representação deste clima. Em 2004, interpretada pela excelente atriz Juliana Mesquita, que hoje está em alguma novela que se vê na televisão, alguns críticos acreditaram que a personagem era apenas mais uma masturbação lírica inesgotável. Até era, mas era mais um modo de dizer que amo e espero por cada outubro, por este vento... E feito a Amalle que bem morria, outubro se esvai. Eu permaneço, esperando.

Em breve, publicarei Em outubro, flores! por aqui. Enquanto este meu tão elogiado texto não vem, aproveite, ó acalentado leitor, o vento e a delícia destes poucos dias. E se entregue à leitura de algumas das obras presentes em Literatura Rodriana.

terça-feira, outubro 03, 2006

Canção Noturna.

One more Kiss, Dear. Clássico de Vangelis, daquele filme maravilhoso que é Blade Runner.

Pra quê servem os homens?

Um homem serve para escrever poesia. Coisa que mulher geralmente não faz. Ou faz quando quer agradar outra mulher. Porque poesia se escreve para agradar às mulheres. Há quem escreva pra reclamar do mundo... Mas... Homem serve mesmo pra isso. É educado pra isso. Para agradar às mulheres. Para dar-lhes a proteção, os presentes e o prazer necessários para o eqüilíbrio da atmosfera. Alguns enriquecem, outros tornam-se grandes amantes, outros estudam engenharia. Cada um faz o possível para ser um sujeito que valha a pena.... Hum... Nem todos. Não sei ao certo. O que nos difere, cara leitora abismada, é que alguns não têm lá muita consciência disso tudo. Acham até aque são egoístas. Mas se o são, o são pelas mulheres.

Ou noutras palavras, tudo é feito para que as mulheres vivam melhor sobre a Terra. No entanto, há um punhado de imbecis que se julgam melhores. Um homem nunca valerá nada diante de uma mulher, porque é delas o maior (e mais doce) tesouro deste mundo. E alguns tolos nunca se aperceberam disso.

Um dia colorido.

Confesso ter acordado com o humor de Darth Vader. Mas nada que um pedaço de abacaxi, algumas canções de Robbie Williams no tocador de mp3 e uns dois cigarros não pudessem transformar. Agora tudo vai bem. Misteriosamente, chego a me sentir contente... Talvez até o final da tarde tudo se normalize. Por enquanto, seguindo com a semana de homenagem à camaleoa Madonna, assistamos True Blue, canção dos meus tempos de imberbe.

Benditas sejam as Fernandas.

Há gente de toda cor. Gente de toda forma e peso. Gente de cabelo longo, curto ou branco. Há mulheres cuja face nos causa medo. Há homens de corpos ruins. Há gente que parece do avesso. Mas há também tanta beleza. Para os calilatras deste mundo, mesmo com toda a desavença e guerra, mesmo com essa merda de... toda a reclamação é vã, diante da beleza que se renova sempre, tempo após tempo. Se a Sophia Loren encontra seu inverno, vem logo uma Angelina Jolie que já começa a encontrar seu outono... O mundo tem sua sabedoria. Dito isto, leitor, revisemos a beleza de Fernanda Machado, no irregular Paparazzo. Atriz que carrega em seu semblante uma beleza que chega a causar espanto. Surge bela, lentamente, bem aos poucos fornecendo aos olhos do mundo as imagens que algumas outras, nem tão interessantes, se desesperam em fornecer... Benditas as fernandas, caro leitor.

Poema obsceno

Façam a festa
                  cantem e dancem
que eu faço o poema duro
                  o poema-murro
                  sujo
                  como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
                  Bethânia Martinho
                  Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
                  todos
                  façam
                  a nossa festa

enquanto eu soco este pilão
                  este surdo
                  poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
                  Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
                  o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
                  - e espreitam.

(Ferreira Gullar)

Para outros poemas deste que é provavelmente o grande poeta brasileiro ainda vivo, visite o sítio oficial. Aliás, há alguns anos, na USP, tive a boa oportunidade de ver uma palestra de Ferreira Gullar. Além dele, no Instituto Moreira Salles, presenciei uma aula de simpatia com Carlos Heitor Cony. Cruzei nos corredores da faculdade com Antônio Cândido, Alfredo Bosi e outros tantos pensadores da poesia. Nenhum deles me dirigiu a palavra. E nem me deram 25 centavos, como nos filmes. Eu os observava e cá no meu canto, pensava: todos me parecem perfeitamente humanos. Demasiadamente humanos. Não deve haver segredo algum para a poesia. Não é preciso mesmo ter a vida corrompida por toda sorte de mazelas. Nada disso. Alguns deles, até, me pareciam frágeis feito um velho frentista de posto de gasolina adulterada. E no entanto eram poetas e escritores agraciados. Eu os admirava, mas também não os procurei jamais. Provavelmente me julgariam um tolo daqueles de Moulin Rouge, cheio de fantasias dançantes. E nem mesmo sei se escrevendo o que já escrevi, nos entreatos desta comédia desencontrada que é a vida, eu tenha lá alguma semelhança com essa gente. Semelhança, digo, tão somente nesta aparência frágil de frentista de posto de gasolina adulterada.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Canção Matutina

Creedence Clearwater Revival, com Susie Q. Uma típica canção matutina.

Sorry.

Sem mais o que dizer, nesta segunda-feira modorrenta, um pouco de agitação nos fará bem. Madonna e um recente sucesso: Sorry.

O avião, o dinheiro, a morte e a eleição. Muito devaneio.

Quando cai um avião ou quanfo uma onda gigante invade a praia, mesmo do outro lado do planeta, a morte se mostra mais presente a todos nós, pasmos espectadores. A morte, esta coisa sem graça e que levará qualquer fulano e sicrano, fica de repente bem verossímil, viva. Espreita nossos pensamentos e nos faz perceber que o fim logo virá, de um jeito ou de outro. Qualquer passo mal dado. Qualquer tombo ou desvio. Qualquer comida estragada, qualquer tosse engasgada. O carro, naquela rua pouco movimentada, a forte batida...

Não importa mesmo. Se atado ao incêndio, se afogado no mar tranqüilo ou se de bala disparada por qualquer criminoso... Esta idéia de morrer me desanima um pouco. A vida é tão cheia de coisas pra fazer e conhecer e mesmo que já me sinta infectado pelo Tédio, a doença urbana dos bobos, o caminho ainda é bom pra se seguir.

Mas me vejo falando de morte. As eleições, importante para todos... Ganharam as mesmas e velhas figuras. Nesta São Paulo judiada, mais quatro longos anos de governo que a gente bem sabe que... Merda. E paciência. Se é imagem que as pessoas querem, que a imagem se perpetue...

Sono. Minha cabeça confusa mais confusa fica com tantas reflexões inúteis. As contas devem ser pagas e esta é a única verdade deste dia. A única indubitável verdade é pagar pelo que nos mantém otimistas, por meia dúzia de prazeres que a gente tem pra esquecer de tudo isso que a gente vê - com olhos grandes e incrédulos.

domingo, outubro 01, 2006

Objetos de desejo ou conversa de homem velho.

Em trinta anos um homem qualquer teve já uns 3000 objetos de desejo... A imaginação é farta e vai longe o pensamento. Vai de volta para o futuro, em multiplicações e combinações diversas. A atriz daquela novela, a modelo daquele catálogo, a vizinha que lava o carro, a prima de cara esperta, em toda a sorte de cantos: a praia, o claro, o escuro, o carro, o mundo. E até a imaginária foda em distantes terras, distantes tempos, numa sempre perfeita combinação exótica de gente e espaço. Porque mesmo a masturbação mais inocente prevê um contexto verossímil. Sem esse eixo lógico não há excitação. É necessário estabelecer mesmo os segundo anteriores ao gozo sonhado - que a beleza e o espanto sustentarão aquele tesão danado.

Sei de um caso em que a moça sonhava com a pegação num quintal, entre a roupa estendida, mangueiras e os cães. Mas imaginava também o homem certo, forte como um entregador de gás. E assim compunha na mente o pequeno curta-metragem necesário ao gozo. Outro caso, um sujeito amigo confessou-me gostar de onanismo com cerveja. Mas a cerveja não era naquele momento uma bebida. Um desidratante, talvez.

Há aqueles que gostam sempre dos mesmo tipos de moça. Outros preferem ouvir Sex Pistols. Cada coisa... Mas pouco se conversa sobre isto. Muito se presume, se especula. É o mistério dos mistérios! Já lhes disse: em meu tempo de moleque não havia tantos recursos e colheres de chá aos adolescentes. Uma fotinho pequenina bastava. Uma foto sem nu servia. Uma foto de um rosto, na capa de uma revista de cinema. Ou até um vídeo clipe na televisão.

Esta semana, no sentido literal, homenageio um objeto de desejo de muitos e muitos marmanjos (e muitas marmanjas, também) nos últimos vinte anos. A inesgotável Madonna, que já teve todas as caras possíveis e é provavelmente a grande artista feminina da história do mundo pop, tal qual Elvis Presley o é no mundo masculino. Pra começar, compreensível leitor, uma boba música daquelas horas, Cherish.

Crônica Dominical

A ciência pôde comprovar, para quem quisesse ver. A masturbação faz bem a qualquer um. Inclusive é indicada para se evitar algum tipo de câncer. Médicos recomendam para o alívio do estresse, sociólogos atentam para o controle de natalidade. Não sei ao certo, mas alguns recomendam a masturbação para a devida equalização da energia sexual - perturbadora aliás, quando por excessos se desencontra. Mas não bastasse o progresso e o rumo que toma a civilização, a masturbação ainda é vista como a ridícula manifestação solitária. Ou como julgou o psicanalista argentino Ariel C. Arango, em seu livro Os palavrões, a masturbação seria a máxima das frustrações. Coisa de gente fraca, sem eira e beira.

Eu cá no momento, fico entre aqueles que vê na coisa o que tem de bom e o que tem de mau. Um mau, no entanto, que é tão necessário que chega a ser natural para os corpos todos. E de quem são estes corpos? Quem é que se toca nos entretantos secretos? Que faz todo mundo na ausência de olhos alheios e com o tesão a mover o fluxo sangüíneo? Ah! segredos... Há gente que faz o "arco da velha" e ninguém sabe, sabendo só das aparências elegantes, dos vernizes que nada ofendem. Tantas moças que vejo e conheço. Tantas moças de dentes claros e maneiras pudicas. Qual delas será a que bem viaja, goza com a cara torta sem dar importância a nada. Quem é que se masturba?

Um tema sempre renegado por todos, por vergonha sem critério. Creio ter conhecido nesta longa vida tão somente uma única moça que bem divulgava sua predileção pelos onanismos emocionados, com canção e chocolates. Ela sempre arquejava... Era naquele tempo um sinal vitorioso de combate às repressões sexuais. Hoje em dia as sociedades começam a melhor compreeder o importante sexo solitário. Compreender e valorizar, aliás. Nos meus dias de moleque não havia internet e tanta sacanagem da boa espalhada, pronta para um download rápido. Havia tão somente algumas revistas cretinas e aquela Sala Especial, às sextas-feiras, que a Record pré-evangélica apresentava. Filmes que vez ou outra eu revejo no Canal Brasil e me parecem tão inocentes e pouco excitantes quanto a foto de um esquilo. Mas a mocidade de agora pode, sem esquisitices, encontrar o que bem lhe aprouver. Há sítios eróticos para todas as taras. Lésbicas, orgias e até anões. (Há sujeira e prazeres bem condenáveis - como as relações de alguns com cães e cavalos. Mas nada nesta vida vem desgarrado de seu lado negro ainda mais negro).

E não só a mocidade se regozija. A masturbação é um fazer que nos seduz bem cedo e segue com a gente. Alguns afirmam jamais ter entregue suas mãos a tais alegorias. Eu duvido, caro leitor, que tudo isto seja verdade. Ou se a verdade for certa, me espanto ainda mais. Tão bom é exercitar a imaginação, escolher daquelas taras irresolvíveis, sem dar satisfação a ninguém. Bom é gozar. O resto é existência. E até por vezes um vício se instala. Um vício dos diabos que só se enfraquece se conosco há aquele outro corpo... aquela combinação de favores... aquele movimento de muitos ritmos... Mas se não chega a curar o vício, arrefece. Ou justifica ainda mais cada uma das homenagens prestadas.

Canções Vespertinas.

Uma pequena novidade. Sempre no blog, escutemos canções matutinas, vespertinas ou noturnas. Não sei se diariamente. Mas sempre que for a hora, uma boa canção virá. Pra começar, neste domingo oculto, Johannes Brahms e sua Dança Húngara n.° 5. Uma típica canção exemplar para as tardes deste novo outubro.