A semana acabou e vejam a estampa que lhe dei. Muitas idéias, mas o meu tempo me parece curto, cada vez mais curto. Os dias correm feito um guepardo de muita fome. No entanto, num esforço agradabilíssimo, mantive a semana recheada de boas coisas. Quiçá a semana seguinte ainda nos permita alguns instantes de divertimentos elegantes e frívolos. Quiçá!
sábado, agosto 05, 2006
Fast Week.
sexta-feira, agosto 04, 2006
Não bata a cabeça no monitor.
Calilatra.
quinta-feira, agosto 03, 2006
King Kong e o verdadeiro monstro.
Cabeças falantes.
Uma música perfeita. Talkings Heads e a lúcida Road To Nowhere.
Certa soberba.
Escreva mais e melhor.
1. Leia mais e melhor. Experimente: a cada mês, escolha um clássico da Literatura nacional. Em seis meses, perceberá surpreendentes resultados. Revistas, alguns jornais e, sobretudo, literatura duvidosa, não contribuem em nada para o desenvolvimento de sua escrita. Leia os clássicos.
2. Não se desespere. Leia com calma e saboreie cada passagem. Perceba a forma, mais que o conteúdo. Uma página de Guimarães Rosa vale mais que toda a obra de... Deixemos os nomes. Não devo perder meu tempo citando o que não me agrada.
3. Leia poesia. Fernando Pessoa, Mário de Andrade e Manuel Bandeira nos ensinam mais sobre a Língua Portuguesa que qualquer professor. Em alguns casos, uma vírgula de Drummond ensina mais que dez professores.
4. Freqüentemente, escreva cartas ou mensagens eletrônicas para amigos, ou para a pessoa amada, ou para o amante, ou para desconhecidos. Mas não economize nas palavras. Expresse-se. Filosofe. Crie um tratado de volúpia. Ou escreva do ódio, das andanças. Ou simplesmente relate elegantemente a sua última miragem...
5. Estude outra língua românica: espanhol, italiano, francês ou romeno. Ou Latim.
6. Não acredite em fórmulas mágicas ou que cursos rápidos transformarão a sua escrita. O que funciona é prática e constante leitura. Apenas.
7. Apenas confie no Acordo Ortográfico vigente, em bons dicionários e em Gramáticas. Não se meta a tirar suas dúvidas com qualquer criatura. Muitos acreditam saber e pouco sabem. Aliás, quem não tem dicionário em casa pode certamente ser daqueles que cometem gafes dissolutas...
8. Veja filmes com legenda, por favor.
9. Faça Palavras Cruzadas.
Em breve, apresentarei alguns textos, roteiros de aulas ou ensaios. Alguma coisa sobre vírgulas ou metáforas ou paragrafação. Qualquer coisa. Há muito o que se dizer... Talvez.
quarta-feira, agosto 02, 2006
A jóia russa.
Anna Netrebko é uma beleza de cantora, em diversos aspectos, como podem notar, aqueles que tiverem olhos e ouvidos. Conheça-a clicando em seu nome ou neste outro ótimo sítio. Neste vídeo muito bem produzido, a moça canta ária da ópera Fausto, de Charles Gonoud.
Anos dourados.
As graciosas Pin Ups de Pearl Frush. Caso o imaginário leitor deseje conhecer novos desenhos, selecionei duas boas galerias: aqui ou aqui. No entanto, devo dizer que em consulta ao oráculo Google, encontrei um número inacreditável de sítios em que podemos ver a obra de Pearl Frush.
Livro de Sebo
Voltando ao paradoxo acima citado, ler, alfabetizar, talvez nem sejam elementos tão primordiais. Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.), o afamado filósofo ateniense, conforme nos conta Platão, não apreciava a educação escrita. Considerava a palavra, assim, presa ao papel, o caminho para o emburrecimento humano. Talvez ele tenha mesmo razão – e estejamos nós brasileiros no caminho correto. O que nos falta, no entanto, segundo o mesmo filósofo ateniense, é de alguém que nos ensine a pensar. Antes de ler, pensar. Não o contrário, como se supõe...
A propósito, o inverno é um bom tempo para encontrar Sócrates e suas idéias encantadoras. Em qualquer sebo deste mundo, meu imaginário leitor, encontra-se uma obra de Platão, na qual reproduz diálogos e conceitos de Sócrates. Ou se um sebo não o agradar, vá ao sítio Domínio Público e procure pelo que bem desejar. Prepare-se para chorar com “Fédon” e “A Apologia”. Ao menos, um pouco de filosofia básica nos ajudará a pensar sobre os rumos que este mundo toma. E o ajudará, eventualmente, a compreender melhor as mal traçadas linhas desta resenha. Até.
terça-feira, agosto 01, 2006
Irritação momentânea.
Fotografia lasciva.
Grande fotógrafo irlandês, Bob Carlos Clarke, nos legou uma das mais eróticas e elegantes obras fotográficas deste já distante século XX. Morto há alguns meses, Bob Carlos trouxe à arte fotográfica uma extravagância que é plena de lirísmo e dedicação à beleza feminina. Selecionei, além de seu portfólio oficial, três, entre tantas galerias, que devem ser visitadas imediatamente. Aqui, aqui e aqui.
De ilusão também se vive.
Em mim também, que descuidado vistes,
Encantado e aumentando o próprio encanto,
Tereis notado que outras cousas canto
Muito diversas das que outrora ouvistes.
Mas amastes, sem dúvida... Portanto,
Meditais nas tristezas que sentistes:
Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,
Que mais aflijam, que torturem tanto.
Quem ama inventa as penas em que vive:
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Pois sabei que é por isso que assim ando:
Que é dos loucos somente e dos amantes
Na maior alegria andar chorando.
(Olavo Bilac)
Não houve neste país - e sei bem a polêmica que apresento - poeta maior que Olavo Bilac. Não obstante a genialidade de Drummond, a sensibilidade de Bandeira, ou mesmo a pruralidade de Mário de Andrade, este que é aliás o meu escritor preferido e aquele que mais eu invejo, Olavo Bilac é uma espécie de Roberto Carlos erudito, cujas canções (poemas, em verdade) falam mesmo ao coração, ainda solícito, de um tipo de sensação pura e idealizada que... Bah! Corações agrestes não o podem ver, eu sei, já foram transformado em Razão, intelectualismo existencial, escuridão! Somente quem ainda carrega um pouco daquela herança trovadoresca pode ainda "ouvir e entender estrelas...". Nesta maravilha moderna que é o Wikisource, irmão mais novo deste Hermes do século XXI, Wikipedia, encontramos toda a Via Láctea, série de poemas que insisto em classificar como "a definitiva ilusão de quem ama".
segunda-feira, julho 31, 2006
Dance na chuva.
Gene Kelly em uma das mais graciosas cenas do cinema. Aliás, se o amigo leitor ainda não viu Cantando na Chuva, não deve conhecer a atriz Debbie Reynolds, nem o esfuziante ator Donald O'Connor. Trata-se de um filme contagiante, que o deixará, pobre leitor melancólico, sorridente por algumas horas. E para tornar ainda mais agradável a audição deste pedaço de clássico, cante junto, dançando e sorrindo:
I'm singin' in the rain
Just singin' in the rain.
What a glorious feelin'.
I'm happy again.
I'm laughin' at clouds
So dark up above.
The sun's in my heart
And I'm ready for love.
Let the stormy clouds chase
Everyone from the place.
Come on with the rain.
I've a smile on my face.
I'll walk down the lane
With a happy refrain,
And singin', just singin' in the rain.
(Arthur Freed)
domingo, julho 30, 2006
Para os olhos e ouvidos aguçados.
Crônica Dominical
Eu sei. Blogs, em geral, não passam de certa "autopublicação" vaidosa. No meu caso, talvez se trate tão somente de uma masturbação criativa. Posso mostrar a alguns leitores distantes, bem poucos é verdade, algumas coisas que andei fazendo na vida. E uso assim um pouco da minha quase doentia vontade por criar - uma vez que a vida prosaica (e no entanto bela) me convoca a sobreviver, ganhar meus trocados como servidor público - e bem sabemos como uma vida de certos luxos e vícios acaba nos custando muito. Ora, muitos e muitos amigos sofrem da mesma e terrível enfermidade. Muitos sujeitos criativos vivendo num canto do mundo onde não há muita chance para o desenvolvimento de gênios. Muitos, amanhã, estarão amofinados nalguma tediosa repartição... Quiçá conheçamos novos tempos.
II
Como muitos devem saber, meu sobrenome não é exatamente Gérri Rodrian. Foi o nome que escolhi há quase vinte anos para assinar meus trabalhos. Rodrian vem de uma pouco inspirada associação de "Rodrigues de Andrade" e hoje me seria impossível ter qualquer outra alcunha. Sou Rodrian mesmo. Acho que sempre fui. E curioso por este nome, há alguns anos, pelo Google, encontrei uma excelente cantora de jazz cujo nome é Alexia Rodrian. Ela possui um sítio muito bom, onde inclusive podemos ouvir trechos de suas boas gravações.
III
Ela nasceu em Munique. Viveu em Roma, Paris e Nova York. Deve ter uma boa família. Deve achar um absurdo o que dizem dos países da América Latina. E nem deve estar acostumada à miséria que nós, brasileiros, tanto conhecemos. Viveu em lugares onde há o mínimo de respeito - de um lado e de outro. Em lugares tão diferentes daqui, onde políticos roubam verba destinada ao leite de pequenos carentes e ainda são reeleitos, onde parte inacreditável dos impostos são desviados sem que haja qualquer motim popular, onde tudo e todos chafurdam numa corrupção das mais descaradas. Inevitável imaginar que se trate de uma prima rica, de outros costumes, boa educação e casa grande. E que sou como o parente bastardo da senzala, que um dia resolve encaminhar uma carta, pedindo qualquer migalha. Nem que seja uma rápida visita a esta revista virtual. À minha tão humilde masturbação.
(Todos os domingos, enquanto me houver forças, uma nova crônica.)