quinta-feira, setembro 20, 2007

Pressa.

    Meus amigos e leitores imaginários, estou eu novamente deixando o blog de lado, uma vez que voltei ontem a me dedicar ao meu segundo romance, o qual revelo se chamar Aiana tem gosto de uva, texto que se tratava de uma peça que eu nunca consegui terminar, uma vez que o palco me limitava e impedia de prosseguir com a coisa como bem me interessava. Talvez eu explique tudo de maneira mais clara, em algumas semanas. Ou não, uma vez que tais coisas nem precisam de muita explicação. Basta enfim que eu confesse: desconfio que estou a escrever um belíssimo e triste romance e toda a minha dedicação poderá resultar num clássico da literatura osasquense (ora, a modéstia não me permite ir além no desejo, se bem eu possa dizer que ando em grata harmonia com os meus talentos). 
    Assim, amigos, volto em algumas semanas. Estarei concentrado e apaixonado por um universo que sai de mim, num parto bem desgastante. Abraços.

segunda-feira, setembro 17, 2007

O cansaço leva ao movimento.

    Meus queridos leitores imaginários, 

    Estou farto. 
    Tenho vivido mal, há anos e anos, por conta de um problema sutil em meus ouvidos, o qual parece estar sempre tampado, feito se eu vivesse numa imaginária Serra do Mar. Estou farto e finalmente procurei ajuda médica. O que, creiam-me, nem sempre significa muito.
      Mesmo porque há mazelas sem cura e algumas das quais a ciência jamais se atentou.
    Bom, disto isto, um desabafo deveras inútil, volto-me à reflexão, com o interesse de encontrar uma idéia: um vídeo-blog seria-me algo de doce fartura. E neste caminho vou. Mas ainda me debato em complexas contrariedades. Sobretudo complexas, uma vez que busco associar a inventividade, a penúria e a preguiça num mesmo ramo de criação. 
    O que, convenhamos, não é mesmo fácil e é atributo tão somente dos gênios, aqueles que com adversidades enormes ainda podem se dar ao luxo de criar.
    Isto bem me lembra o meu compadre Dostoiévski, o qual escreveu Crime e Castigo quase todo em pé, por culpa das muitas hemorróidas, faminto e escondido dentro da própria casa, por conta do proprietário do imóvel que lhe cobrava o aluguel nao pago. Ora, se o escorpiano Feodor escreveu tão magnânima obra em tais condições, bem posso eu, na minha pobreza quase semelhante, dores de dente e ouvido estragado escrever também alguma obra de tão rica natureza!
    Se bem que as comparações são de grande injustiça, uma vez que eu nunca estive preso e nem sou epilético. E o nosso grande gênio russo também, que eu saiba, não soube jamais da existência de Osasco, nem engoliu tanta poluição quanto eu, nem jamais foi um pálido funcionário público.
    Pois digressionando se chega à sabedoria, nos diria alguém, e volto ao que nos interessa. Estou em vias de descobrir o tal modo revolucionário de nos comunicarmos, ó grande mundo. E são tantas as adversidades que mais eu me sinto confortável. "A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas", nos lembra o bom Horácio. Arre! Então eu, já entediado de tudo, peço-me mais meia dúzias de adversidades, as quais me sirvam mesmo de vento e escada. "Dificuldades reais podem ser resolvidas; apenas as imaginárias são insuperáveis", ensina aquele empresário da telefonia Theodore Newton Vail, a cuja insistência devemos esta coisa de telefone que tanto nos agrada nos tempos modernos. Assim, boa Fortuna, que as malditas dificuldades imaginárias se esgotem, ó céus de setembro!
    E, por fim, como bem sei da solidão que este poeta enfrenta - a maior das adversidades! - devo entreter-me com os meus botões, os quais talvez me ajudem a encontrar a tal idéia. Encontrando-a, bem sei, todas as muitas adversidades serão apenas portas e janelas que eu abri, sem qualquer vergonha.

O labirinto.


Com injustificável atraso, pude assistir, ontem, a dois filmes que há tempos eu desejava ver, por motivos óbvios. Os Infiltrados, de Martin Scorsese, o qual considerei mesmo muito bom, e O Labirinto do Fauno, o qual amei, não tendo outra coisa que dizer além de um "bravo!", tal qual aqueles da ópera bem executada. Não seria nenhum exagero dizer que se trata de um dos dez melhores filmes desta década, tanto por sua beleza estética quanto por sua capacidade rara de associar a fantasia e a realidade.