sábado, agosto 25, 2007

Marte.


Marte se aproxima, conforme notícias alardeadas pela imprensa, nesta semana. E que o tal planeta traga alguma radiação cujos efeitos transformem a humanidade. Que desapareçam os preconceituosos, os violentos e os idiotas. É certo que desapareceriam mais da metade da raça humana, inclusive alguns pela qual eu tenho certo apreço. Mas que traga qualquer coisa que torne este mundo um tanto melhor.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Sobre aquilo que se supõe ser a esperança.


Como a semana vai chegando ao fim, terminemos, portanto, de modo a me trazer alguma satisfação de grante porte: em que outro blog da esfera, encontraríamos quatro momentos de obras tão geniais, do tão fundamental Alfred Hitchcock, cujo nome nem merece os meus pacatos adjetivos. Ora, Janela Indiscreta, Intriga Internacional, Um corpo que cai e Rebecca estão entre os melhores filmes da história do cinema. Apenas uma olhadela e eis que somos todos, ao menos aqueles de alguma devoção ao Cinema, tomados por uma sensação das mais agradáveis. Nos aparece até alguma esperança, nos esvaece o desânimo e nos surge uma vontade elementar de rever aquilo que já vimos antes. E eu me ufano, farto de gosto pela arte – bem parecendo, certamente, aos mais frívolos, que eu sou mesmo um velhaco nostálgico.

Nota do autor: os vídeos foram retirados do Youtube.

quinta-feira, agosto 23, 2007

16.


Ocupando a décima sexta colocação entre as cem canção mais importantes para a minha vida, em lista organizada há alguns anos, a qual certamente já sofreu algumas alterações, uma genial obra cujo valor e força ainda persiste para os meus ouvidos. Erik Satie e a sua Gymnopédie n.º 01. Cada vez que a ouço eu me regozijo: beleza, tristeza, nostalgia, modernidade - tudo vai num balaio complexo de sensações. Coisa de um gênio francês cuja obra parece cada vez melhor.

Quem não gosta de samba, bom sujeito nunca será.




Agora é exatamente 13h44min. Faz calor, leitor imaginário, cujos corpos etéreos não sentem calor ou frio. Faz calor, mas o dia é frio, num paradoxo climático que tem feio desta cidade a mais insuportável do país. Em São Paulo, qualquer conceito de temperatura é frívolo. A tarde começa com pouco oxigênio e algum tédio de quem trabalha com competência e agilidade, fazendo todo o seu trabalho em velocidade incomparável e fica depois a pensar na morte da bezerra. E aqui estou, pobre escritor de muita sede, a meditar sobre o universo dos bezerros vivos.

Mas é boba a filosofia das coisas todas. Inútil, eu diria. Não há certezas e não há qualquer chão firme em que se possa pular, com a certeza de jamais cair. Não há. No entanto, motivado talvez pela inexistência de beleza à minha volta, neste trabalho, e tomado pela certeza de que toda a beleza que se possa caber numa fêmea está a me esperar em casa, eu tento me distrair com pensamentos que vagam entre a inconformidade e a brutalidade de um varão e o cinismo e a leviandade de um intelectual. E concluo que aquele que não gosta de samba, bom sujeito não é.

E se gostar também de valsa ou foxtrot, que não lhe venha qualquer condenação. Mas como não gostar daquilo que não tem par, neste mundo, em beleza e suavidade? Arre! Mil castelos me ofereçam, mil jantares de muita gula, mil automóveis de avançadas proporções - nada disso vale as graças da mulher.

Mas infelizmente, bem o sei, a crueldade no mundo se espalha. E há aquelas cuja beleza se transforma em veneno de entorpecer o pobre olho devoto. Ah! Meu imaginário leitor, nasci trovadoresco demais, nesta terra de tanta sem-vergonhice. E nasci sem-vergonha demais, nesta terra de tanta rédea. E são justamente estes paradoxos que me irritam.

E se conclusão alguma me atinge, repito: seja como for, não se despreza, sem um alto custo, a beleza que há no mundo. Ou mesmo como diria o meu amigo escorpiano, Carlos Drummond de Andrade: "A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos".

Obs.: as fotos, notadamente, são de Olivia Wilde.

Lust for all.


Ah! Imaginários leitores, vez ou outra eu me vejo deprimido, meio distante da luxúria - combustível fundamental para o nosso desenvolvimento. Mas tão certo quanto a luxúria, as elegantes!, é fundamental, é certo que vez ou outra é necessário se distrair com o tédio e a serenidade, como a reequilibrar o organismo e nos trazer os pés para o chão. Vejamos Iggy Pop e Lust for life, que ajudou a tornar Trainspotting o clássico que é.

E uma vez que o assunto é luxúria, vejamos a moça de nome Olivia Wilde, cujos olhos remetem àquela luxúria tão saborosa e acalentadora, para a vida deste homem de muito apreço à beleza. 

   

Genesis e Sex Pistols.


Sem muito critério, Genesis, com Land of confusion, e Sex Pistols, com God save the Queen. Modos diferentes de reclamar da sociedade. E reclamar é preciso, seja lá de que forma.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Vida americana.



Não é exatamente útil. Mas são mais de 2500 capas da revista Life, desde a década de 30. O que mais vale, além do óbvio, é a verificação de que o tempo escorre e vai seguindo sem tamanco, pisando e exigindo algumas transformações. De qualquer modo, é divertido ver tantos rostos - muitos dos quais já se transformaram apenas em caveira, feias e irreconhecíveis.

Exatamente.



Cada vez mais eu me aborreço com a difícil arte de bloggar. Não porque eu nada tenha a dizer: pelo contrário. Apenas de elevadas angústias, eu preencheria mil sítios. Mas porque o trabalho de ajustar o que, certamente, ainda engatinha, é uma coisa por demais irritante. Se hoje os youtubes da vida ainda são precários, e o são, talvez em 2037, época em que espero ainda cultivar este blog com toda a minha perfeita saúde (afinal, terei eu apenas 62 anos!), a utilização de vídeos, músicas e imagens será a coisa mais boba que se possa imaginar.

Mas enquanto a criança nasce, divirto-me com o magnífico sítio Marvel.com. E com as novidades musicais que nunca me parecem realmente novas. Vejamos Eisley e a canção Invasion.


terça-feira, agosto 21, 2007

O tempo.

Tenho apenas dois braços, apenas dois olhos e apenas um único preguiçoso (mas valente) cérebro. E meu corpo, neste espaço-tempo de continuidade que não nos dá trégua, não encontra mesmo jeito de chegar a todos os lugares desejados. E talvez esta seja a grande angústia de minha existência - bem como a angústia daqueles cujo pavor da morte e o apreço pela vida são maiores que o epicurismo que se compra em loja de shopping center.

Não sei ao certo se a explicação vem com alguma clareza. Mas aquele tal carpe diem et noctem há muito me despertou para uma incessante vontade de muito fazer. Tantos livros, filmes, músicas, tantas ruas para colocar o pé, tantas viagens, tanto tanto, que eu me vejo cada vez mais angustiado. Há cerca de dez anos, sentia esta mesma irritabilidade de desejos e chegava a acreditar que a maturidade me levaria a maior tranqüilidade. No entanto, estou dez anos mais velho e dez anos mais desesperado: tenho apenas dois braços e dois olhos e um único cérebro de pensar bastante. Como é possível abraçar tudo o que nos agrada? "Não", responderia-me algum sujeito inflado de sensatez, "não é possível. Resigne-se.". E eu por vezes, por minutos, encontro alguma resignação...

Mas minha resignação tem tempo curto e logo me vejo afoito! Se tenho tanto a fazer, nesta vida curta, que devo deixar de lado? Arre... Quem é que me compreende? Conheço tantos preguiçosos, felizes da vida com a imobilidade... Cada segundo perdido é um segundo perdido e mais eu abro os olhos, mais olhos quero ter para abrir, com visão de tudo! Hoje, uma terça-feira pachorrenta, fria e poluída, tenho em minhas mãos Ivanhoé, de Walter Scott. Estou a me deleitar com o livro, o qual há muito eu deveria ter lido. A cada página, me pergunto, afinal: como alguém pode passar horas de sua vida diante da televisão, feito um zumbi, a assitir um programa de sabida cretinice, quando há páginas tão belas, tão bem descritas e...

Ora, a cada compasso de Mozart ou Cole Porter, a cada verso de um Camões, Bandeira ou Drummond, a cada pequeno plano de um Antonioni, um Wilder, eu me pergunto: se há tanto a se conhecer, porque a grande maioria das criaturas humanas se regozija com aquilo que se mostra vazio e bem pouco espetacular.

E a arte, meu imaginário leitor, é tão somente um pequeno aspecto de muito o que há. Há ainda aquele gosto pela vida, pelos amores, pelo respeito. E neste mundo de tanta violência e deseducação, eu não encontro rumo para tão paradoxal sociedade: se sentimos a morte tão presente, porque não valorizamos todos muito mais a vida? Porque não nos apegamos mais àquilo que nos leva a grandes alturas? Se a morte anda nos rondando, sempre, porque não nos afastamos então das futilidades, das religiões, da violência, do tédio doentio?

Talvez, aquele mesmo sujeito sensato me diria, com tom educador e irritadiço: "as pessoas, neste medo de morrer, se apegam às mais imediatas sensações de prazer, sem saber que o prazer maior nem sempre é imediato".