"Sono semplicemente un pagliaccio che perde tutta la sua grazia quando pensa alla disgrazia di perdere sua moglie."
"Trapezista" talvez seja minha mais bela canção. Talvez. Isso depende de quem ouve, como ouve e dos vínculos emocionais que encontrar com a obra. E depende também se é frio ou chuva, setembro ou feriado. Eu, daqui do meu canto, tenho vínculo emocional com todas as canções que fiz, naturalmente. Todas as minhas músicas me são misses de um desfile em que a menos bela ainda é uma deusa de pele macia. Mas vez outra me bate um "talvez quem sabe" a me dizer da importância de "Trapezista".
É a mais difícil de cantar, isso é certo. Ou me atinje em alguma fraqueza pessoal específica - apenas saberei quando ouvir outros cantores a saborearem os três versos que se desenrolam, no vai e vem da melodia. Tem uma melodia difícil, uma mudança de tom no "Sou trapezista" que complica sua execução. As pausas para a respiração precisam ser exatas.
Ah, minhas melodias, todas elas um pouquinho complexas. E pra música atual complexidade não é coisa que vai bem. Talvez há cinquenta anos, uma dose de complexidade fosse vista como coisa de bom artista, que vai além no seu processo de criação.
Por um tempo, simplicidade em demasia era até uma grande sina de fraqueza. Agora, em tempos de Tik Tok e canções de quinze segundos que se repetem tanto, melodia complexa é a sina de fracasso.
Paciência. O mundo futuro talvez há de perceber o que é "Trapezista". Ou talvez os humanos do passado o percebam enquanto ainda tiverem ouvidos. E logo também os italianos: gravarei versão em italiano de Trapezista. "Sono un diavolo ispirato" me parece uma ideia verdadeiramente boa.
Ah minhas melodias. nelas eu me vejo a delirar.