Curiosidade. Escrevi “Em vão”, num sábado solitário em 15 de março de 2003.
Além de tudo o que representam pra mim, filhas, minhas 190 músicas são fotografias do meu álbum. Cada uma delas me leva a cantos da minha vida, alguns até bastante desagradáveis e muitos das quais eu já teria me esquecido por completo, não fosse a filha nascida.
“Em vão”, balada romântica, tem três partes que nasceram cada uma em diferentes tropeços e épocas, e que só puderam receber letra e forma nesse tal sábado citado em que me senti triste o suficiente para forjar a unidade com as três melodias.
Hoje, vinte e um anos depois, talvez eu tivesse motivo para estar triste o suficiente para finalmente gravar e produzir uma canção que seria, afinal, o supra sumo dos meus dissabores.
Mas não. Não estou triste hoje, nada disso.
Estou é querendo livrar-me de tanto sentimento de abandono, vibração démodé que os jovens de hoje acham até caso para psicanalista.
Quem é que em pleno 2024 ainda morre de amor? Eu?
Que a canção pelo menos vá para os catálogos, como fotografia de um lirismo que se perdeu.
Quem é que ainda é tão bobo capaz de morrer de amor, afinal?