sexta-feira, setembro 27, 2024

Em erro, em fuga, em peso

 


Escrevi este pop rock em 11 de setembro de 1992, na casa de um grande amigo, o já falecido poeta trágico André Luís Corrêa. Inclusive usei o violão dele, com cordas de aço.

Ele mesmo comentou naquele dia, um pouco antes: “suas músicas ou falam de amor ou falam de estrelas. Cadê a canção de protesto? Proteste!”

Eu havia tentado já criar canções para protestar, mas a coisa acabava sempre num filosofar existencial. Aceitei o desafio e enquanto ele foi resolver algo com a família, em cerca de meia hora escrevi a música toda, conforme se ouve hoje.

Quando ele voltou e lhe mostrei a música, tivemos imediatamente uma mesma impressão.

Novamente falhei. “Em erro, em fuga, em peso”, minha quinquagésima música, é novamente sobre a construção da alma, da identidade, e não exatamente sobre as condições do trabalho.

Claro, claro, o que vale é a interpretação do amigo ouvinte.

Esta versão, com gravação feita em dezembro de 2023, traz luxuosa colaboração do sempre sensato amigo e produtor musical Samuel Batista, na “cozinha” e nas preciosas críticas. 

Esta e muitas outras canções podem ser ouvidas na playlist “Gérri Rodrian”, em meu canal no amigo Youtube, onde centralizo minha atividade musical.

quarta-feira, setembro 25, 2024

O homem que não conclui.

Sobre a minha participação na 3a Semana de Literatura de Osasco, Infeliz a ideia de me chamarem para uma roda literária, ao lado de escritores saudáveis. Costumo dizer que tenho um HD de 2 Terabytes e processador I5, mas apenas 500 megabytes de memória RAM.

Quem não entende dos pedaços de um computador talvez não entenda a comparação, bastante certeira: sou um sujeito de profundidades mas lerdo.

Quando minha esposa me falou que uma de minhas respostas chegou a 8 minutos, retruquei, achei impossível. Como alguém fala sem parar por oito minutos seguidos? 

Ora, sou verborrágico e estou feliz nesta situação, mas estou acostumado a ser interrompido por todo mundo. Em casa, falo por trinta segundos até. Lá, nesta roda literária, me deixavam falar, esperavam, cada um na agonia de sua impaciência, sem que eu estivesse acostumado a concluir, já que na vida real, só concluo nas beiradas.

Esperava uma mesa redonda em que os discursos se encontram, em que há debate, interrupção e vozes sobrepostas. Mas eu falava por cinco minutos, seis, enquanto os demais, acostumados a estes eventos, resolviam com sorriso no rosto a resposta em sessenta segundos, apenas no necessário.

Em minha defesa, eu não sabia que não seria interrompido. Não sei se volto a uma roda literária, sabedor da minha imensa chatice, a não ser que me prometam todos, organizadores e participantes, que eu serei interrompido sempre que o meu fluxo de pensamento estiver escorrendo pelas tampas.