Mas é justo reclamar do peso, da exploração. E sobretudo reclamar quando seu imposto vai direto para o bolso do gringo.
Em tese, a inadimplência alheia aumenta o que o justo pagador de imposto paga. Mas, inclusive e sobretudo, naquelas inadimplências previstas em lei, como neste caso da Coca-Cola, é que o peso dos impostos se mostra mais injusto.
Bilhões em exoneração para amenizar os gastos de produção de um refrigerante que, embora tenha lá seus sabores, não mereceria nem dois centavos de refresco.
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Pedi ao Chat-GPT que me lembrasse de uns poemas sobre pagamento de impostos, tema recorrente na Literatura Brasileira e que é uma das grandes marcas no lombo de todo cidadão tupiniquim.
O GPT me sugeriu, entre outros, um poema de Álvares de Azevedo, de 1849, denominado “Tristezas do Imposto”.
“O povo já se desengana,
Coitado! de tanta intriga;
Tem o ouro da terra paga
Para o gringo ser mais rico.
Toda a corte é uma despesa,
Sem ter crédito na praça:
A fome, à pala da mesa,
Corre nas ruas da praça.
Já não há, para as comidas,
De há muito que pagar preço;
Se o povo paga os tributos,
A quem pagará o governo?
Coitadinho do Brasil,
De todas as coisas morreu;
Nem eu mesmo sei quem sou,
E acho que o Brasil sou eu.”
Ocorre que na desconfiança pesquisei sobre o poema, nada encontrei. E já desconfio que o danado do GPT tenha inventado e dado a autoria de Álvares de Azevedo só para fazer troça. Tirar um sarro. Inspirado em 2024, diz que é de 1849 e sai de isento.