sexta-feira, setembro 20, 2024

Biografia breve


Neste 24 de setembro, completo exatos 25 anos como servidor da Justiça Federal. E quase a completar 50 anos de idade ao final de outubro, vejo minha vida repartida ao meio certo entre os anos de desassossego árduo e os de trabalho árduo. 


Um trabalhador honesto e paciente, como eu, leva na flauta mesmo as mais densas responsabilidades que o cargo nos exige. E, em verdade, o trabalho ao lado de profissionais inteligentes é geralmente tranquilo.


Sempre controlei meus destinos todos para ter tranquilidade e energia para escrever, reescrever e reescrever de novo, e seguir exercendo este meu sacerdócio. 


Mesmo os caminhos que trilhei na instituição, passando pela área de treinamento e criação multimídia, seguiram a estratégia.


Cada livro que abri e fechei, meu bacharelado em Letras na USP, meu estilo de vida, o casamento inclusive, em que a esposa é também numa mesma mulher as nove musas do Olimpo, cada experiência e extravagância, tudo foi de alguma forma planejado.


Sou um sacerdote de minha própria invenção. Um sacerdote de uma coisa atemporal, sem pressa e vaidades. Tenho só a minha natureza dizendo desde que eu era pequeno: vá.


A vida roda em turbilhão, uma bagunça entre doidos, e nem sempre estou de pé. Entre o sobreviver e o realinhar, escrevi poemas dramáticos, dramas de costume, sátiras, romances, canções populares e infinitas crônicas como esta.


A vida é só barulho de vozes e buzinas e vento e mal conseguimos raciocinar qualquer coisa. Ouçam se puderem a minha voz e pensamento entre tantos ruídos. 


Se no entanto a gritaria do mundo não nos permitir, nenhum mal há. Há sacerdotes que dedicam suas vidas a deuses que nem existem.


O que vale mesmo é estar tão bem iludido aos 50 anos. Apto. Eventualmente estúpido e ansioso, sim. Mas coerente e seguindo por uma estrada que eu mesmo tento pavimentar.


terça-feira, setembro 17, 2024

Sobre Literatura. Comentário rápido.



Sobre Literatura. Comentário rápido.

Basicamente, para compreendermos a dimensão da Literatura,

devemos distribuir as camadas:


primeiro, numa camada, pode ser elevação, transcendência ou valor.

Literatura é puramente o processo de elevação pela linguagem. 

Senso acadêmico, alimento para o intelecto,

não importando tanto as gorduras do conteúdo. 

Ginástica mental tanto para quem lê, quanto para quem escreve.


A escrita e a leitura são processos de aperfeiçoamento cerebral 

e luxos de humanos bem alimentados.


Assim, há a consequente busca da elevação social.

Literatura é valor ou sacerdócio. É uma meta, status.


Logo, Literatura é preenchimento do vazio humano.

Transcendência pela arte e linguagem,

para o escritor, a transcendência da criação,

para o leitor, a transcendência do entendimento.


Noutra camada de experiência, é influência, reflexão ou fuga.


Literatura é influência. Seja a Bíblia, Goethe ou Jorge Amado.

É um engenho humano que por confundir nas sutilezas a realidade e fantasia

causa um efeito que deturpa a mente.


E pode influenciar pela educação, transformar de muitos modos. 


É neste confronto de universos pessoais que há o confronto de perspectivas,

o meio para se compreender e criticar a própria realidade, 

por comparações de experiências humanas. 


Poderá ser também um brinquedo que alguém use pra escapar da vida,

distração, exercício sem responsabilidade,

um passatempo de quem evita justamente a realidade. Por querer.


Noutra camada, por fim, num aspecto social é o Espelho, a Identidade e a Atividade


É o que temos de melhor para entender as emoções do homem, 

os dilemas, registros, a ética e tudo o que é do humano e sua história.


Sendo a Literatura o espelho lírico do indivíduo desnudo,

por consequência acaba sendo também elo, 

coincidência,entre pessoas e grupos, identidade.


Portanto, por fim, é atividade, sustento e partilha.

Editoras.Trabalho. Compradores. Fetiches.

Também, atende às demandas.

Arte feita para girar, entretenimento, possui regras de consumo.


Basicamente, isso.