sábado, dezembro 23, 2006

Ignore o Natal.

Grande bagunça em todo lugar. Gente se esbarra, lojas lucram, dinheiro se ganha e se gasta. Muita grana. Época de se festejar a boa sorte, afinal estamos todos ainda vivos. Sobreviver é o melhor motivo. Que comemorem então e comam um bom panetone. Eu, cá no meu canto, continuo sem entender esse ritual que reúne muita gente, mesmo os mais lúcidos da espécie.

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Ocupando a 52ª colocação entre as cem canções que mais me comoveram nesta vida de desassossego, um jazz-boogie (mistura de Brubeck e Mingus e certo verniz de Miles Davis) que discretamente não foi notado por muitos ouvidos exigentes. Ora, quem daria bola para a canção da abertura de um desenho animado? Os preconceituosos, então, não notaram a pancada que é Spider-Man Theme, com lírica de Paul Francis Webster, ganhador do Oscar de melhor canção em 1953, por Secret Love; em 1955, por Love is a Many-Splendored Thing; e, em 1965, pela maravilhosa The Shadow of Your Smile.

Abertura da primeira série animada do mais carismático personagem de Stan Lee, o tema talvez tenha sido o meu "primeiro" jazz. Clássico pra dançar e ouvir, lembrando-se ou não das agrugas de Peter Parker.


Spider-man Theme

Spider-man, Spider-man, does whatever a spider can,
Spins a web, sweet surprize, catches thieves just like flies,
Look out... here comes the Spider-man
Is he strong? Listen bud; he's got radioactive blood.
Can he swing from a thread take a look over head.
Hey man, there goes the Spider-man.
In the chill of the night at the scene of a crime,
Like a streak of light he arrives just in time.
Spider-man, Spider-man friendly neighborhood Spider-man,
Wealth and fame he's ignored, action is his reward.
To him, life is a great big bang up,
wherever there's a hang up, you'll find the Spider-man!

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Sucesso.

Sucesso mesmo fez este vídeo. Salvo engano, em 1984. Pessoas dançavam, imitando os gestos e a coreografia, em festas por todo o canto. Em verdade, pessoas chegavam a se vestir como Jackson. Acho que foi o exato momento em que a cultura POP encontrou o seu ocaso.

O Escritório, segunda parte.

Neste canto virtual do mundo, escrevo muito sobre mim mesmo. Porque já há gente que fale das outras coisas e porque, falando de mim, sei que trago idéias que a qualquer um podem bem servir. Sabemos bem como é. A Revista tem o nome que tem justamente por se tratar de uma incrédula e constante revisão dessa minha vida. Uma "revista", ora, como aquela dos guardas nos meliantes. Como aquela que a gente mesmo faz na nossa casa... em nossas gavetas.

Há alguns dias, escrevi uma crônica sobre o desarranjo do meu escritório, lugar em que penso pensar na coisas, tento escrever e compor meus versos e vejo uma porção de filmes, entre outras boas coisas. Estava um caos - um tanto imaginável a todos vocês, leitores limpos e organizados. Estava vergonhoso. Mas depois de alguns dias de férias e pouco gasto, tudo está como há meses não estava.

Este é o resultado do rápido esvaziamento - a distância do emprego e dos devaneios do sr. diretor, a distância daqueles trens, a ausência daquele eterno acordar cedo. Agora, longa é a tarde, entre muitos goles de café e os mesmos cigarros. Muita preguiça e sede.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

53

Entre as grandes bandas brasileiras, Os Incríveis quase nunca é lembrado. Muitos, quando perguntados, citam sempre Secos & Molhados, Mutantes e Ira!. Os Incríveis não aparece no rol de muita gente, bem o sei. O que me é um tanto espantoso. Eclética e criativa, a banda sabia se apropriar do que havia de mais interessante na MPB, de Jorge Bem a Herivelton Martins. De Luiz Gonzaga à moderna canção italiana. Ouçamos O Molambo, clássico da Velha Guarda, repaginado com classe e humor.

O Molambo

Eu sei que vocês vão dizer
Que é tudo mentira, que não pode ser
Que depois de tudo o que ele me fez
Eu jamais poderia aceitá-lo outra vez
Eu sei que assim procedendo
Me exponho ao desprezo de todos vocês
Lamento, mas fiquem sabendo
Que ele voltou e comigo ficou
Voltou pra matar a saudade
A tremenda saudade que não me deixou
Que não me deu sossego um momento sequer
Desde o dia em que ele me abandonou
Voltou pra impedir que a loucura
Fizesse de mim um molambo qualquer
Ficou dessa vez para sempre
Se Deus quiser.

(Jaime Florence e Augusto Mesquita)

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Além do muro.

Mesmo um daqueles caras adoradores de Iron Maiden pode bem ter coração. Lembro-me de um velho amigo, daqueles fãs de Black Sabath e Judas Priest, que um dia confidenciou-me: "Ben me faz chorar". Como eu sempre tive cara de compreensivo, muitos foram os que me fizeram confidencias do gênero. Mas era bobagem, porque se envergonhar da emoção que eventualmente uma canção piégas pode nos causar? Ben nem me parece exatamente piégas. E comove mesmo, de um jeito até deslavado.

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Um pequeno apontamento, provavelmente inútil:

Era, se bem me lembro, 1989. Talvez fosse 1988 ou 1987. Não sei ao certo. Não possuia ainda dezesseis anos e todos os meus amigos bem se preocupavam cada vez mais com a modernidade, a moda e aquilo que a maioria haveria de seguir e gostar. Talvez para se aproximar das mais belas moças, talvez para se integrar ao mundo mais badalado, fútil e fácil. Todos queriam fazer parte daquele tempo, recusando tudo o que era considerado velho e marca de outras épocas.

Sintomaticamente, uma daquelas moças lindas, cheias de sardas e cabelos, tachou-me de "o museu". Algo como "Gérri Rodrian, o museu". Eu era aquele deslocado, com livros na mochila, vivendo na mais suave ignorância: nada me interessava que não fosse, como eles todos mo diziam, velho. Enquanto todos ouviam Erasure, eu queria mesmo Noel Rosa. Sempre fui um sujeito esquisito.

Não sei quando a minha anacronia começou. Mas a canção que mais me faz lembrar destes tempos é Saudade da Bahia, reunião de dois gênios da música mundial, Dorival Caymmi e Tom Jobim. Bem me lembro da primeira vez que a ouvi. Senti uma espécie de carga elétrica intelectual. como se eu estivesse pronto, mas ainda desligado, desconectado de uma rede inteligente que ainda hoje não consigo nomear. Como diria a antiga alegoria popular, "caira uma ficha". Na introdução da música, durante uns dezesseis segundos, eu já me sentia hipnotizado, abduzido... mas foi na audição das vozes de Tom e Caymmi que eu percebi que o mundo era maior, muito maior do que antes me parecia. Que a arte não era tão somente um exercício de frescor e retórica, apenas um punhado de gente fazendo um troço estranho que nunca terminava e se transformava tanto. Eu acordara, de repente. Via que eu era um daqueles privilegiados, um dos escolhidos pela ordem genética dos deuses.

Nunca mais eu tive paz. Passei a minha vida, depois, a procurar por esta tal ordem, por querer dela tudo o que pudesse ter. Lágrimas eu tive de Guimarães Rosa; risos ganhei de Swift. Outros me deram paz, quando paz eu já não tinha. Ora, eu compreendi o código! Eu desvendei esta maçonaria de vagabundos - giramundos, se preferirem. Todos os artistas são grandes vagabundos, no sentido mais epifânico do termo. E a fome que eu encontrei, busquei saciar com toda fúria esfomeada, devorando livros, poemas, sinfonias, elegias, gravuras, palavras, cores...

Todas as vezes que a escuto, sobretudo lá pelos oitenta segundos, bate-me um "não saber das coisas" e uma carência de velha virgem que me obriga a ter alguma tristeza, alguma desesperança. Eu não vim da Bahia. E nem teria saudade de Osasco e São Paulo, se distante estivesse. Nem deixei tanto "minha mãe aflita". Mas sofri daquela dor da saudade por um lugar que eu sei bem não existir, por um horizonte jamais visto ou imaginado.

Não sei ao certo se o leitor me compreende agora. Creio ser confusa essa analogia entre as bahias de cada um. Tenho a minha. Todos têm o seu locus amenus, o seu paraíso perdido.

Esta canção é marca daqueles tempos, em que eu era o museu, era o antigo. E, no entanto, nem por isso desprezado pelas belas moças, as quais me julgavam, ao menos, um sujeito diferente.



Saudade da Bahia

Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia
Ai, se eu escutasse o que mamãe dizia
"Bem, não vá deixar a sua mãe aflita
A gente faz o que o coração dita
Mas esse mundo é feito de maldade e ilusão"
Ai, se eu escutasse hoje não sofria
Ai, esta saudade dentro do meu peito
Ai, se ter saudade é ter algum defeito
Eu pelo menos, mereço o direito
De ter alguém com quem eu possa me confessar
Ponha-se no meu lugar
E veja como sofre um homem infeliz
Que teve que desabafar
Dizendo a todo mundo o que ninguém diz
Vejam que situação
E vejam como sofre um pobre coração
Pobre de quem acretida
Na glória e no dinheiro para ser feliz.

(Dorival Caymmi)

terça-feira, dezembro 19, 2006

Atrás do muro.

Jackson e uma das maravilhas que fez para o povo dançar naquelas baladas em que a AIDS e combate ao cigarro eram ainda uma semente das tragédias que viriam para estes nossos tempos. Naqueles tempos nada era realmente sombrio - e mesmo o punk era infantilmente colorido. Mesmo Reagan e Gorbachev sempre me pareceram duas velhas estabanadas. Ouçamos Don't Stop Till You Get Enough e pensemos em como a pista fervia naqueles tempos de pouca roupa e vergonha.

57 não. 56.

Por motivos obscuros, a canção 57 não estará neste blog. E nem direi qual seria, pra não provocar a ira dos leitores. Mas como ocorrera com a canção 56, o irregular Goear está de bode, cospe as canções que eu quero postar. Talvez porque Vinícius de Moraes e o Hino à Bandeira sejam por demais complexos para os seus arquivos. Curiosamente, Elis Regina acaba de ganhar novo arquivo, no mesmo canto. Vá lá entender a tecnologia que sustenta esta coisa. Vai que o computador tem ouvidos sábios e não permite músicas que só uns três sujeitos ouvirão durante o ano. Pulemos a 57ª colocação e ouçamos a maravilhosa canção que ocupa o 56° posto entre aquelas que mais me comoveram nesta minha vida de bosta e açúcar.

Em sua penúltima aparição neste rol, The Platters e a assassina The Twilight Time, coisa para se sentir a morte a lhe sussurrar alguma coisa boa, bem elegantemente.



Twilight Time

Heavenly shades of night are falling, it's Twilight Time
Out of the mist your voice is calling, "Tis Twilight Time"
When purple colored curtains mark the end of day
I'll hear you, my dear, at Twilight Time.

Deepening shadows gather splendor as day is done
Fingers of night will soon surrender the setting sun
I count the moments, darling, til you're here with me
Together, at last, at Twilight Time.

Here in the afterglow of day
We keep our rendezvous beneath the blue
Here in the sweet and same old way
I fall in love again as I did then.

Deep in the dark your kiss will thrill me like days of old
Lighting the spark of love that fills me with dreams untold
Each day I pray for evening just to be with you
Together, at last, at Twilight Time.

(Morty Nevins, Al Nevins & Artie Dunn)

Haddon Sundblom


Circulava eu pela rede, em busca de imagens, quando deparei-me com uma página do American Art Archives, em que pude rever a obra de Haddon Sundblom, um gênio das ilustrações. Nem há muito o que se dizer. Simplesmente maravilhosa coleção de desenhos publicitários, os quais ajudaram bastante a Coca-Cola a dominar o planeta Terra.

O espírito natalino.


Não me empolgo. Em verdade, chego a me irritar com propagandas que exultam o tal espírito natalino e a priorização do consumo, seja ele de que tipo for. Não me empolga. Fico até mesmo desanimado. Isso de colocar luzes e árvores de natal pelo mundo... Tanto comércio, tanto comércio. Não fosse um decreto assinado pela minha dona, eu passaria a noite de natal em casa, jogando uma eletrizante partida de Winning Eleven e comendo tão somente o que como todos os dias. Nem ligaria a ninguém, desejando feliz qualquer coisa.

Do Natal, além dos clássicos filmes, como A Felicidade não se compra, obra-prima de Frank Capra, dos panetones (que deveriam existir o ano todo!) e dos felizes feriados, nada mais me interessa. E nem sou assim tão monstruoso pela minha condição de ateu inconformado. Apenas não me toca um rito que é pura sacanagem capitalista. Bah! Será que ninguém mais percebe o automatismo destas comemorações? Alguém logo que me dirá que "o símbolo redime" ou que é necessário ao homem buscar pelo ritual coletivo... Pois que seja. Mas realmente não me interessa. Vou aos encontros pelos outros, jamais por mim.

E nesta época do ano, como já comentei a alguns meses, fica em evidência novamente aquele belo fetiche de promíscuos e profanos: as senhoras Santa Claus. Não obstante o ridículo de uma imagem erótica entre o velho barrigudo Noel e a menina chaupeuzinho vermelho menos vestida, algo é inegável: as moças todas ficam belas, com este vermelho tão promíscuo e profano. As grandes lojas da cidade sabem muito bem disso tudo.


segunda-feira, dezembro 18, 2006

Feito um dos sete anões.


Que a Branca de Neve desta casa não me escute, mas Beyonce Knowles é mesmo do tipo arrasa quarteirões. Tem bela estampa e tem uma bela voz - um tanto clone de outros clones, além de um repertório pobre como a época em que vive... Hum, estarei sendo duro? Não sei ao certo, sou velho demais para gostar e novo demais para ignorar.

Beyonce é daquelas mulatas de matar dono de padaria, de parar a avenida e levantar roda de samba. Como naquela "morena boca de ouro que me faz sofrer, o teu jeitinho é que me mata...", que João Gilberto cantava no tempo de fartura da música brasileira, desvendando o arquétipo brasileiro da bela negra manhosa. Algo que hoje sobrevive na ginga de Elza Soares e na parte feminina de Ronaldinho Gaúcho.


Mas a morena por vezes embranquece, alisa os cabelos e muda o modo de se maquiar. Nos comerciais abaixo ela tanto me parece Shakira, quanto Monica Belucci. Todas belas e no entanto parecidas... E creiam, moças, neste homem: cabelo é bacana, de todo modo é. Belo pode ser de qualquer jeito. Michael Jackson, feito um sansão das raças, perdeu o que tinha de mais belo quando transformou o seu corpo. Tornou-se fosco e profundamente feio.



A Queda.


Alguns artistas têm seu auge num certo momento e depois restam como sombra. Ficam em verdade uns chatos. Roberto Carlos, por exemplo, foi gênio durante um tempo e depois ruiu. Uma pena que tenha conseguido duas obras tão distintas. Melhor, para a história seria (e não exatamente para a sua conta bancária) se tivesse calado, tornado-se uma lenda muda e reclusa. Mas cabe ao bom ouvinte ignorar a bobagem e se agarrar ao que é clássico. Tal observação vale para muita gente que já apareceu na música popular. Até Fábio Júnior pode assim ser enquadrado, nas devidas proporções críticas. Começou mesmo bem, com até alguma força - os mais velhos certamente se lembrarão daquela coisa meio cafona de cantar sentado, no palco do Globo de Ouro. Era quieto e enxuto. Mas acabou tornando-se um ridículo histriônico, brega até os ossos. E tantos outros tiveram um repertório piorado com o passar dos anos. Até mesmo Michael Jackson. Este começou bem demais. Era um artista alegre e profuso. Foi até um tanto inovador, sendo a um só tempo simpático e esfuziante. Mas o seu embranquecimento e o empobrecimento da cultura americana - ou seja, da cultura global - trouxe um... Bem, não nos preocupemos com o que é irregular. Apenas sei que hoje seria impossível o surgimento de um Tim Maia.

Ô saudosismo besta. Escutemos esta semana Michael Jackson. Espero que os mais jovens sempre saibam que por trás de todo medalhão há um passado digno. Seja ele Fagner, Phil Collins ou Michael Jackson.



Pra começar a brincadeira, Jackson Five e Lookin' Through The Windows. E, abaixo, I Want You Back.


Adeus ao Orkut.

Mesmo me sendo uma ótima ferramenta de comunicação, depois de muita chateação (e tudo o que eu não quero na vida é chateação), deletei minha conta no Orkut. Nesta vida de merda, algumas vezes nos vemos obrigados a ceder. A calar. A enfiar goela abaixo um punhado de contrariedades.

Mas é melhor calar. Neste momento eu seria capaz de dizer muito. E o momento agora é de silenciar e saber que há dias que devem ser esquecidos, a todo custo.

domingo, dezembro 17, 2006

Crônica Dominical

O congresso nacional é efetivamente um lixo. Nem o digo por causa de um certo aumento discutido esta semana. Esse deslize moral não é absolutamente nada, diante de tantas outras ofensas ao eleitor panaca. As insituições deste país, todas elas, são lixo. As pastas de dente vendidas aqui são lixo. mesmo as locadoras e lojas de qualquer coisa, em geral, são lixo. Os trens são lixo. Os ônibus, lixo. As agências bancárias e os estapafúrdios atendimentos automáticos são lixo. Os móveis que compramos, em sua grande maioria, são verdadeiros lixos, feitos para durarem por uns dois anos, no máximo. Nossos aparelhos de som são verdadeiras porcarias. A água que bebemos deve ser um lixo, mas não o afirmo com toda certeza, uma vez que jamais bebi água de outro canto do mundo. Nossa internet banda larga é um lixo tremendo. Nossas escolas são um lixo. Um lixo que produz gente ignorante e mais lixo. Até mesmo nosso asfalto é lixo.

Fico meio na dúvida se eu e mais os outros brasileiros são também lixo. Talvez sejamos todos. Lixo. Gente que reclama e nada faz, a começar por mim. Que seria incapaz de seguir adiante com algum protesto. Mas o que não cabe, não obstante a nossa fragilidade conceitual, é este eterno reclamar, prática tão bem digerida por aqui. E não há coisa que mais tenha me irritado nestes últimos tempos. Amigos reclamam de seus empregos. Reclamam da falta de tempo e vontade para o exercício do prazer. Reclamam das mulheres, da mesma maneira que as mulheres têm reclamado dos maridos. Todos a reclamar de tudo.

Reclamar é um direito, vá lá. Mas apoiando-se neste direito, todos nós deixamos de fazer, encontrar um novo meio, um novo caminho ou seja lá o que for. Fica-nos cada vez mais a máscara da frustração. Que isso acabe! Que comecemos a tomar atitudes, mesmo as mais descabidas, e deixemos essa masturbação inútil, sem gozo.

Que então todos deixem os espertos deputados. Deixem. Ou façam algo, gritem e matem um por um, até que alguns, pelo medo, tomem alguma vergonha na cara. Que sequestrem empresários ou os diretores banqueiros ou o secretário de transportes. Exijam o que nos é de direito, o que é melhor. Que alguns internautas descontentes explodam algum departamento da Telefônica ou da NET. Façam isso. Mas, por favor, acabemos com as reclamações que nada acrescentam.

Vivemos num baita lixo tropical. E é bem provável que este povo já abduzido pela ignorância e pela falta de esperança não tenha mais a menor vontade de lutar, procurar por melhores dias.