O tempo vai, bem depressa. Melhor quando há feriados. E pra quem ainda não compreendeu, em fevereiro teremos a estréia de "Fumaça nos Olhos". Um punhado de músicas, num daqueles teatros para gente calma. Mas até lá há chão demais para se pisar. Acordes demais para se decorar.
sábado, novembro 04, 2006
A charada, o conselho e o convite.
Está nas telhas, na casa em que moras; está na água e na cachaça que nos alegra. Mas não se vê no leite, nos cobertores, no homem. Não está no rosto, mas na boca, na língua e na palavra. Se vê nas ruas, nas putas, nos cigarros até. Nas revistas, nos jornais. Nunca houve no beijo. Ou na dor. De que vos falo?
"O talento é feito na solidão; o caráter, nos embates do mundo". (Goethe)
Veja, o quanto antes, qualquer um dos filmes abaixo:
A Cocaína, a sopa e a fome.
O braço e a morada.
Nada teria mesmo sentido. O cansaço, o empenho, quase obsessivo, aquela fé que depositamos numa idéia... Pra quê? Não seria mais fácil calar e levar a vida em total endonismo, pensando apenas naquilo que não nos trouxesse qualquer pesadelo? Acabamos por deixar de lado toda uma sorte de prazeres tão somente por uma quimera que, não obstante o delicioso desafio, nos pode trazer um quilo de tristezas... Ora, este risco não teria sentido, não fosse mesmo a esperança.
A tal "Esperança" se manteve na Caixa de Pandora. E por isso mesmo, eu e um punhado de malucos ainda preferimos a Arte a ficar com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar.
sexta-feira, novembro 03, 2006
Semana Curta, afinal.
E se houver quem tenha lido, há algumas postagens, algo sobre dieta, devo dizer que foram já quase sete quilos... Fácil, fácil. Mais alguns e já me sentirei novamente em total acordo com o meu corpo.
Semana curta, afinal. O presidente reeleito. Promessas de algum desenvolvimento. Os perdedores reclamam e acusam os eleitores rivais. Natural que seja assim.
Semana em que houve já aquele calor estrondoso de nosso verão. E aquelas chuvas abusadas. Tempo em que é bom, aconselhável ao menos, inflar-se de alguma esperança. Pelo menos de algum bom otimismo para o fim de um ano que, ao que me parece, foi cheio de idas e vindas, de conquistas e mudanças. Mas é cedo, muito cedo para considerações do gênero.
Lembro-me inclusive de uma retrospectiva que fiz num dia 30 de dezembro, há cerca de 15 anos. Havia toda uma série de acontecimentos que ignoravam a catátrofe emocional que se revelaria tão somente no dia 31. Hum... esta catástrofe me faz lembrar de Hedy Lamarr. Atriz que fazia suspirar Groucho Marx e o Pica-Pau.
Para que o leitor compreenda a admiração de tantos nobres senhores, há quase 60 anos!, algumas fotos de uma moça morena, de nariz delicado e olhar melancólico. Um verdadeiro relicário.
terça-feira, outubro 31, 2006
Ideologia em tempos de estranhamento.
Espetáculo e fúria.
Coisa do meu agrado. A voz, os violões, o intimismo que me faz ter a platéia junto a mim, aquela suave parceria entre os meus e os seus devaneios.
Portanto, ao menos inicialmente, o blog ficará levemente menos verborrágico. Não é fácil decorar e reaprender tantas velhas e difíceis canções. Ainda mais para um homem de memória judiada como eu. Nesta fase, que durará cerca de duas semanas, estarei quase que tomado pela tarefa. A ansiedade, aliás, me mata. Tão bom cantar à boa gente que me vê!
Bom demais aliás. E será também, como sempre é, uma oportunidade para rever os rostos que eu sempre vejo, naquele escuro intenso da platéia. Logo, logo, "Dianae, sumus in fide..."
segunda-feira, outubro 30, 2006
Charada.
E desde sempre fã de palavras-cruzadas e afins, passei toda a vida a desenvolver coisas do gênero. Portanto, se alguém descobrir o que está escrito abaixo, terei o prazer de encaminhar um presente de minha coleção. Um livro, talvez.
1. Bem elementar. Cada letra é substituída por um outro símbolo. Por exemplo:
"89 g8 176!" (Eu te amo!")
Para a resolução desta questão, basta notar que duas palavras têm duas letras. A primeira começa com 8, que é o fim da segunda palavra. Logo, quais as letras encontradas em finais de palavra, em Português? A, E, I, O, U, L, M, N, R, S e Z. Por tentativa, chegaríamos a "A9 gA 176". Ou até "E9 gE 176".
Toda oração precisa de um verbo? Hum... Em geral, sim. Qual o verbo da frase acima? Há alguma conjugação de apenas duas letras? Há: ri, vi, li e mais um ou outro. E com três?
Se acreditarmos que "g8" seja o verbo "ri", teríamos então "i9" como primeiro termo. Algo como "is ri" ou "im ri". Não há sentido algum, em qualquer hipótese.
2. Este exercício nos obriga a pensar na Língua Portuguesa. Na frase acima, há um verbo e mais um sujeito. Um pronome talvez? Ora, é simples demais!. Bem, se houver quem tenha paciência como eu, sem o que fazer nesta semana de feriado e estiver um tanto estressado, mãos à obra. Que o leitor imagine-se, afinal, envolto em alguma trama de espionagem clássica. E aliás, "a" e "ã" e "c" e "ç" são representados com um mesmo símbolo, respectivamente.
“7@ 1P2 6P1Z2 3926@9P9 329 P4$@70 W@7 07 H154P07
7 07Z02 620 2 37HK2 9P6XPÇ2,
2 629P6P2 Ç20H1PÇ2 7 P #2% 621$74PÇP,
7@ #2@ 07 ÇP9 2 4@Q2 Ç7 P0P9”
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Little Green Apples
And i wake up in the morning with my hair down in my eyes and she says hi
And i stumble to the breakfast table while the kids are going off to school, goodbye.
And she reaches out and takes my hand and squeezes it and says how you feeling hon?
And i look across at smiling lips that warm my heart, and see my morning sun.
And if that's not loving me, then all i've got to say,
God didn't make the little green apples, and it don't rain in indianapolis in the summer time.
And there's no such thing as dr. seuss or disney land and mother goose, no nursery rhymes.
God didn't make the little green apples, and it don't rain in indianapolis in the summer time.
And when myself is feeling low, i think about her face and go and ease my mind.
Sometimes i call her up, at home, knowing she's busy.
And ask her if she can get away, meet me and maybe we can grab a bite to eat.
And she drops what she's doing and she hurries down to meet me, and i'm always late.
But she sits waiting patiently, and smiles when she first sees me, because she's made that way.
And if that ain't loving me, then all i've got to say,
God didn't make the little green apples, and it don't snow in minneapolis when the winter comes.
And there's no such thing as make-believe, puppy dogs or autumn leaves, no bb guns.
God didn't make the little green apples, and it don't snow in minneapolis when the winter comes.
(Roger Miller)
domingo, outubro 29, 2006
Crônica Dominical
Torço, sobretudo, para que a opisição deixe o golpismo inócuo de lado. Que os deputados bem trabalhem, de segunda a sexta-feira, votando projetos de interesse do País, os quais se encontram às vezes com anos e anos de espera. Que votem contra qualquer proposta de aumento da própria remuneração, inclusive. Que finalmente as escolhas para os ministérios e secretarias obedeçam um critério razoável, de competência e experiência, que nada seja mais um eterno agradar político. Que o deputado eleito Clodovil se mostre um revolucionário, um contestador jamais ouvido e visto neste Brasil. Que o cão dos teclados, Frank Aguiar, se mostre um protetor violento e apaixonado de todos os direitos da população carente. Que o governador de São Paulo dê um jeito na segurança desta cidade e que tudo fique, de repente, limpo.
Que os milhares e milhares de mendigos... Ora! Se o leitor jamais esteve nesta cidade, certamente se assustaria com o número de gente que vive, dorme e se reproduz pelas ruas. Mas é bem certo que tudo mudará. Haverá flores em qualquer jardim. Haverá crianças educadas. O dólar cairá tanto que será possível que façamos uma viagem a Nova York a cada dois anos. E o acesso à cultura? Ora, será uma transformação! E a educação deste país? Logo logo não haverá quem não tenha um livro em seus braços. Serão milhões de leitores, conscientes de seus diretos e deveres.
E não haverá mais quem permita a existência de gente que se dá bem às custas alheias. Haverá, para cada desviado, um executor. Não haverá mais necessidade de que insistam em templos, igrejas, as quais existirão ainda apenas por respeito à tradição de tempos imemoriáveis.
E já que ando mesmo a delirar, nos resta cantar a canção abaixo...