sábado, janeiro 13, 2007
Cara nova.
Expectativa infernal para um velho nerd ainda jovem.
Escolhas alheias.
Agradeço à "escolhedora" da semana, sempre observando que qualquer um dos meus imaginários leitores pode bem participar, com a indicação daquilo que o agradar. Contanto que seja música e esteja em bom estado... Aliás, há tanto o que se ouvir, o qual mereça uma nova recomendação. Que nos custar indicar? Agradaremos a alguns, desagradaremos a outros. Mas sempre haverá aquele que, graças à nossa iniciativa, poderá conhecer uma nova canção. Ou reconhecê-la - o que é tão bom quanto.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Recaída.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Escolhas alheias.
A vida nem sempre é trágica.
Gary Winogrand, fotógrafo norte-americano falecido em 1984, aos 56 anos, tem uma das mais agradáveis obras da história da fotografia. Geralmente, suas lentes estavam voltadas para agradáveis cenas cotidianas, revelando um mundo menos trágico e, sobretudo, mais límpido. Hoje, um começo de 2007, em que nos pegamos pontualmente pessimistas, é realmente saudável, literalmente, uma revisitação de sua obra.
Aliás, bom leitor, não nos damos conta, mas a simples observação de uma foto nos traz um punhado de sensações, sejam elas agradáveis ou não. No caso de Winogrand, a sensação é de que o dinamismo da vida não deveria nos permitir ceder, cair em fracassos e angústia. Que a vida tem sorrisos a nos procurar, em todos os cantos, a qualquer tempo.
Para quem se interessar, algumas obras aqui e aqui.
43
Roda-viva
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.
(Chico Buarque)
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Give yourself a gift.
O Pinóquio hollywoodiano é bem menos desafortunado. Muito menos. De qualquer modo, não considero o filme ruim, longe disso. E tem ainda uma das mais belas canções norte-americanas, When you wish upon a star. (Como bateu-me ligeira vontade de ouvir o clássico de Leigh Harline e Ned Washington, assistamos a uma versão bacana, com o jovem cantor Leehom Wang.)
Obs.: benditos sejam os livros de bolso.
Escolhas alheias.
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It's a Long Way
Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way...
Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei
It’s a long long long long way...
Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora estámais firme
Do que quando começou
It’s a long road... it's a long and winding road...
A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar
E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor
No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca...
Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way...
(Caetano Veloso)
Obs.: ainda me pego indignado quando ouço comentários que tentam desmoralizar Caetano Veloso. Ora, poucos são os sujeitos que, mesmo depois de uma obra absolutamente maravilhosa, ainda insistem em alguma renovação, em algum tipo de experimentação. Outros grandes compositores brasileiros, tal qual Roberto, sentaram-se sobre os calcanhares e eternamente repetiram o mesmo belo fado. Caetano é daqueles incansáveis. Apenas por isso, o tal leonino já mereceria o nosso mais agradecido respeito.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Escolhas alheias.
Pra começar, uma banda denominada Phantom Planet, com a canção California. Disse-me ela que o mundo todo ouve. Eu jamais havia me dado conta desta gente. E ainda não sei se gostei. Acho até que não. Mas é bom ouvir tantas novidades - já tenho um baita apreço por esta seção em que nada escolho ou censuro.
Obs.: e pra nossa sorte, o Youtube não deverá ser bloqueado pela justiça nacional, conforme as últimas notícias divulgadas.
Mea culpa, a todo instante.
Não se trata de uma auto-suficiência afetiva e muito menos de alguma arrogância insulflada (ou camuflada). Gosto de receber a todos em minha casa. Gosto da companhia alheia. Gosto de saber de cada um, como vai, o que anda a fazer. Mas, ora!, todos também me conhecem! Sempre souberam que minha cabeça vive a rodar, plena de confusas idéias, miragens e miragens. Sou um obcecado pelas palavras, pelos... Hum. Novamente me pego a procurar por justificativas.
O que me importa, além da conta, é estar a pensar, escrever, desenvolver quiméricos projetos. E todos jamais notaram a minha esquizofrenia, afinal de contas? Que se magoem comigo, eu chego a compreender. Mas que saibam, ao menos, que não sou um quase eremita por dar pouca importância àqueles que se importam comigo. Sou, assim, esquecido e aéreo, por pensar demais num punhado de imagens caleidoscópicas. Sou um sujeito de brincar bastante, que perde a hora de voltar ao mundo real e cheio de gente.
Ou seja: procurem por mim. Eu estarei sempre no mesmo lugar. Provavelmente a buscar pela lucidez.
O Circo
"Empresas de telefonia começam a bloquear acesso ao YouTube
(Reuters) Seg, 08 Jan - 20h37
SÃO PAULO (Reuters) - Empresas de telecomunicações instaladas no país começaram a bloquear o acesso ao site de vídeos YouTube no Brasil, cumprindo decisão liminar após ação movida pela modelo Daniela Cicarelli e por seu namorado, devido a imagens do casal que estavam disponíveis no endereço www.youtube.com.
Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu liminar em favor de Cicarelli, ex-mulher do jogador de futebol Ronaldo, e do namorado Renato Malzoni Filho, para que o acesso de internautas brasileiros ao YouTube ficasse fechado até que fossem removidas imagens dos dois supostamente fazendo sexo. As cenas foram filmadas em Cádiz, na Espanha, no ano passado.
Nesta segunda-feira, a Brasil Telecom disse ter recebido ofício da Justiça e foi a primeira a informar que tinha bloqueado o acesso de internautas brasileiros ao YouTube, uma unidade do mecanismo de buscas norte-americano Google.
A Telefônica emitiu comunicado afirmando que "todas as empresas que possuem controle de tráfego de dados internacional" foram notificadas e que a determinação de bloquear o acesso ao YouTube no Brasil é "válida por tempo indeterminado".
"(A Telefônica) esclarece que, como sempre ocorre, cumpre a ordem da Justiça e que atendeu à decisão a partir de hoje (segunda-feira)", segundo a nota à imprensa, divulgada no início da noite desta segunda-feira.
A Embratel afirmou, por meio de sua área de comunicação, que "está analisando tecnicamente o teor da decisão judicial a fim de viabilizar o seu cumprimento".
Há outras empresas que têm controle de tráfego internacional de dados de Internet no Brasil, mas elas ainda não haviam se manifestado.
Cicarelli e Malzoni Filho haviam processado o YouTube por não ter retirado do site o vídeo em que os dois aparecem supostamente fazendo sexo no mar em Cádiz. Durante muitos dias o vídeo foi o mais assistido na Internet no Brasil. Os dois queriam a retirada das imagens do site e pediram o pagamento de multa diária de 250 mil reais caso o vídeo continuasse disponível. O caso se arrastava há meses, e o casal iniciou um terceiro processo em dezembro, pedindo que o YouTube fosse fechado enquanto o vídeo estivesse disponível (...) "
Neste país, um verdadeiro circo de palhaços sem talento, quando há uma fruta podre na boa árvore, corta-se logo a árvore toda. O Youtube é um serviço extraordinário, que leva cultura e entretenimento a milhões de entediados. No entanto, por causa da patifaria de muitos, incluindo-se Cicarelli, advogados e muitos e muitos internautas, cuja curiosidade por bobagens deslavadas é infinita, chegamos à absurda censura, ao bloqueio "medieval" de uma mídia tão inovadora.
E pensar que toda atrapalhação se dá tão somente por uma exibição encomendada, de gente fútil, provocadoramente fútil, cuja única função é criar alarde sobre si mesmo e seu comportamento. Chegará um dia, afinal, em que nos veremos livres de tantos parasitas? Ou acabarão primeiro com a internet e todo o seu conteúdo?
E pensar que na rede há tantos vídeos de gente se devorando, bem mais nítidos, bem mais eróticos - bem mais sinceros.
Obs.: ou alguém realmente acha que este tipo de processo visa defender a honra e a moral das personas envolvidas? Grana bem fácil, afinal.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
45
Little Star
Where are you little star? (Where are you?)
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
Wish I may, wish I might
Make this wish come true tonight
Searched all over for a love
You're the one I'm thinkin' of
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
High above the clouds somewhere
Send me down a love to share
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoa-uh-oh-oh-oh-oh-oh
Oh there you a-a-re
High ab-o-ove
Oh-oh sta-a-ar
Send me a lo-o-o-o-ove
Oh there you a-a-re
Li-i-ighting u-up the sky
I need a lo-o-o-ove
Oh me-oh, me-oh, my-y-y-y
Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
Wish I may, wish I might
Make this wish come true tonight
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Oh ra, ta, ta
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh
There you are little star!!! (ooh)
(Vito Picone & Arthur Venosa)
Um poema.
Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.
Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel
Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel
Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
(Oswald de Andrade)
60 anos e dever cumprido.
Chego a acreditar que os expoentes do século XX ainda voltarão ao topo das paradas de sucesso. Em 2035, Suspicion Mind voltará a ser um infernal hit. Ou Changes, em 2189, voltará a ser campeã de execuções em alguma rádio virtual futura. Impossível crer que, passados os anos, tais expoentes sejam afinal considerados velhos e distantes, como chega a ser hoje Monteverdi ou Bach.
Até se supõe que muito do que hoje agrada aos ouvidos será esquecido, apagado de todos os possíveis registros. Natural que seja assim. Mas Elvis, Bowie, Beatles, Sinatra, entre outros, deverão ainda permanecer como são por centenas de anos. Tal qual hoje ainda se cultua Mozart, Beethoven e Chopin, alguém ainda cantará My Way no fim deste século e pensará no quanto fomos privilegiados.
Para um novo renascimento, uma nova revolução social. Uma revolução que deve ser associada a uma bonança capital e uma intensa conjugação de raças e línguas. Um salada confusa de gente e idéias que permite e exige a expressão de tantas e tantas cabeças.
Bowie chega aos sessenta anos. Viverá ainda uns trinta e tantos anos. Viverá pra ver que a sua obra terá ainda uma longa permanência. Ao menos até a próxima revolução cultural, que virá talvez em algumas centenas de anos.
domingo, janeiro 07, 2007
Crônica Dominical
E é exatamente o que mais precisamos aprender, com certa urgência: como viver bem, sem atropelos financeiros e cuidadosos com cada um dos trocados que temos no bolso. Numa sociedade como a nossa, talvez esta seja a chave para uma vida sem desassossegos. Contentar-se (e bem contentar-se) com tudo o que já conquistamos e esperar a melhor hora de... Mas será mesmo assim? George Best, grande jogador de futebol inglês, daqueles fanfarrões clássicos, certa vez cunhou um maravilhoso conceito endonista, numa frase simples e real: "minha fortuna eu gastei com mulheres, bebidas e carros velozes. O resto eu desperdicei". É isso. Condenável por qualquer sujeito alarmado de bom senso, o uso do dinheiro teve como exclusiva finalidade o prazer e a boa graça.
Ganhasse eu uns 50 milhões na bendita Mega-Sena, não teria outra atitude. Reservaria, para que a culpa social não me tomasse, algum trocado para o desenvolvimento dos mais carentes, com algum investimento em arte ou esporte. Algum para a boa família que eu tenho e da qual até me orgulho. O resto, efetivamente, seria gasto na difícil tarefa de me satisfazer. Em qualquer sentido.
Afinal, seguindo com o que já venho fazendo desde sempre, trabalharei e tentarei não entrar em ruína. Com um pouco de sorte, tudo seguirá bem. Mas não deixarei de sonhar, afinal, com um prêmio extraordinário, capaz de me levar a um tipo de existência ainda mais pleno de divertimentos. Afinal, a vida tem muitos e muitos aspectos - mas nenhum é tão importante quanto o divertimento deslavado. Mesmo que sejamos obrigados a viver um sem-fim de chateações para sustentar cada um de nossos prazeres.
Depois de algumas semanas de férias, voltar ao trabalho é mesmo um drama, dos mais intraduzíveis. Quase um murro, no meio da sonolenta face.