sábado, outubro 14, 2006

Mater Dei.

Neste exato momento, vejo já o final de Mater Dei, um belo filme nacional. O Canal Brasil cada vez mais melhora a programação. Imperdível, para quem gosta tanto de cinema.

sexta-feira, outubro 13, 2006

91

Uma arrasadora metáfora de Chico Buarque: Quando o Carnaval chegar, nesta 91ª colocação.

O Casamento de Jerônimo, enfim.


Havia uma idéia que não encontrava forma e que foi devidamente descartada. Uma postagem em que discutia um tal sítio em que, digitando a data de nascimento, saberíamos com que famosa pessoa formaríamos um par de afinidade. Em percentagem, o índice indica a compatibilidade física, emocional e intelectual. Um amigo, por exemplo, é carne, osso e unha de Cate Blanchett. São feitos um para o outro, almas gêmeas, as metades da laranja e do limão. Mas ela lá e ele aqui. Ahahahah! Perdoe-me, leitor, é mesmo engraçado...

Talvez eu até volte a este assunto. Talvez. Enquanto isso, descubra o seu par amigo, aqui.

Dica óbvia.

Acabei de ver, finalmente, Hannah e suas irmãs, maravilhoso filme de Woody Allen, de 1986. E não seria exagero dizer que se trata de um dos melhores filmes daquela década. Poucos filmes foram tão discretamente dedicados à compreensão que o homem faz do universo feminino.

Aliás, quanto ao dia dedicado.

Caro leitor que seja pai de alguma criança cabeçuda, entenda-o. Se o menino é um nerd envergonhado, entenda. Se é um maricas de boca torta, entenda. Se é um daquele moleques desanimados, entenda. Se é seu filho um daqueles que sempre faz bobagem, quebrando, causando despesas diversas, entenda-o. Se o seu filho é daqueles que só entendem o mundo através da luta corporal, entenda-o. Se é alguma criança desde cedo junkie, entenda-o. Se o menino for um chato que jamais tenha dito ou feito qualquer coisa interessante, entenda-o.

Mas se o filho não gostar de ler, espanque-o, tranque-o no quarto, interne-o em clínicas. Seja ele lá o que for, que ao menos seja mais educado, sabedor de qualquer coisa. Ou se preferir, invista em gibis. Mesmo que no início ele apenas rasgue e ria das páginas. Acostume-se a levar sempre histórias em quadrinhos. Pois uma coisa eu lhes digo, paternos leitores, todo intelectual-criativo-culto que conheço começou com simples histórias em quadrinhos. E elementar: quanto aos trates que conheço, nenhum deles teve alguma literatura quando criança.

Elementar. O livro do Nietzsche ou a canção de Bob Dylan que hoje compreendo, os louvores a Picasso e versos de Guimarães Rosa que hoje eu cultuo. Tudo tem início lá bem longe, distante em minha infância, dos prazeres e conflitos com aquela arte, com Maurício de Souza, com Stan Lee, com Will Eisner, com Frank Miller, com Walt Disney e Condorito. Bem distante época em que meu pai, quase que diariamente, me trazia um novo gibi.

Elementar.

quinta-feira, outubro 12, 2006

92

BJ Thomas e a sua enternecedora Rock 'n Roll Lullaby. Um belo rock de ninar dos anos 70.

Ad Baculum

Não se é possível mostrar bom senso aos homens egoístas. O mundo mesmo grita e apresenta toda sorte de evidências. Apenas ignora tal fato aquele ainda razoavelmente otimista: há gente demais neste planeta. São seis bilhões que em menos de cinqüenta anos chegarão a vinte. Há gente demais em qualquer lugar, mesmo naqueles que deveriam ser desertos, ignorantes da espécie humana. Gente demais pra comer, beber água, defecar, dormir, caminhar pelo centro da cidade. Trânsito cada vez mais perturbador, mais carros a se atropelarem, pedestres desencontrados. Gente que é, assim estimulada ao crescimento, para se multiplicar em vorazes consumidores - os quais sustetam os helicópteros alheios.

Gente que se espreme em apartamentos cada vez menores! Se cala em filas e mais filas. Pra quê? Não seria melhor agora que houvessem menos pra morrer de frio ou fome? Já não está mais do que sabido por todos que os programas de controle de natalidade entre os miseráveis trouxe estupenda redução em taxas de criminalidade, anos mais tarde. Ora, não seria melhor agora, e tão somente agora, controlar este gigante feudo em que os esgotos e lixo cada vez mais nos cercam? Bilhões de chineses e indianos... Qual a parcela dessa gente que vive a abusar de bom conforto? E neste Brasil? Todos os que não poderiam, pelo bom senso, ter mais do que um ou dois filhos, acabam tendo quatro, cinco. E cada um desses irmão reparte a parte que já era pequena. Pra quê? Apenas para que os governos de todo o planeta não quebrem por culpa da previdência social? Para que a massa trabalhadora, cada vez maior e mais contribuinte cresça, cresça e cresça? Mais shoppings e celulares a cada ano. Mais escolas que emburrecem completamente e mais alunos cujo futuro é de alguma maneira incerto.

Havia um tempo que o inabitado havia. E haverá novamente, a qualquer hora. Na Idade Média muitos foram os exemplos de feudos que sucumbiram por excesso populacional. Seria o momento de alguns líderes mundiais ou de determinados países se importarem com a qualidade, em detrimento da quantidade, tão somente promovendo um conceito infelizmente assustador do tipo "em algumas famílias, quando o segundo filho nasce, o primeiro perde 50% de suas oportunidades, levando-se em conta o investimento que os pais poderiam fazer em saúde, educação e esporte". E levando-se em conta, não esta vida quase de merda que a gente tem, mas uma vida que aproveitasse tudo do mundo. Ou quase tudo.

93

Dion & The Belmonts e a rediviva Runaround Sue. E note o amigo leitor que estamos ainda na 93ª colocação! Música é mesmo um santo remédio para as almas desavisadas...

Ranking Alimentício.

Ah! Malditas as dietas! Ou malditos os açúcares deste mundo. Que em 48 horas eu já começo a sentir aquele desespero que muitos bem conhecem. Depois de muito agrião, alface e filé de peixe, cada segundo é preenchido com a abstrata imagem de uma guloseima qualquer. É o vício açucarado que bem me deixará atônito pelos próximos dois ou três dias, até que o corpo novamente se readapte. Neste momento, escrevo. Tento ignorar a reclamação do corpo. E certamente ignorarei. Não é a primeira, nem será a última vez que meu corpo reclama de ou por alguma coisa. Fácil. A utopia dos 65 quilos é ainda mais voraz. Ora, um pouco mais que quinze quilos não é qualquer absurdo. Não para as criaturas vaidosas e entediadas.

Tomado pela esquizofrenia da fome que nem existe, acabei numa reflexão curiosa. Saberia eu estabelecer um ranking com as coisas que mais gosto de comer? Naturalmente que sim.
  1. Salmão grelhado.
  2. Sagu de framboesa.
  3. Canjica com leite de côco e condensado.
  4. Pão francês molhado de limão verde.
  5. Cacho de Uvas Vitis Labrusca.
  6. Neston misturado à leite Ninho integral.
  7. Panetone tradicional.
  8. Goiaba picada regada à mel.
  9. Batatas cozidas, afogadas em molho de mostarda.
  10. Abacaxi, em fatias não maduras. especialmente azedo.
Se o leitor quiser deixar a sua lista, que o faça nos testemunhos. Será curioso confrontar os sabores que cada um venera.

quarta-feira, outubro 11, 2006

O elo que nem existe agora.

Há dez anos morria o bom intérprete e compositor Renato Russo. Independentemente da avaliação que hoje a nossa crítica pessoal possa fazer de sua obra, em todo caso irregular, era o líder da Legião Urbana um elo entre a juventude pouco culta e um universo inteligente que ele bem sabia decodificar. Naqueles tempos, isso ainda existia: elos! Cazuza, outro bom sujeito daqueles tempos, e Renato Russo tinham excelente formação e vez ou outra apresentavam aos adolescentes a possibilidade de crescer, expandir a mente pouco aproveitada. Hoje não há mais elos. O que a molecada de hoje escuta não eleva, nem leva a lugar algum. E é apenas o que bem precisamos: de artistas cuja rica formação transpareça, mesmo entre versos simples e nem sempre geniais.

94

Uma canção que pode me levar às lágrimas e ao êxtase num mesmo momento. Digo, essa coisa de levar às lágrimas e ao êxtase não é coisa que cai bem, sobretudo a um velho Jedi como eu. Rolling Stones, ocupando a 94ª posição do ranking das canções que me comoveram nestes últimos 31 anos. Aliás, em duas semanas, serão 32. Festas programadas em todo o planeta. No Iraque, tiros para o alto. No Rio de Janeiro, moças jovens se exibirão em festas populares. Na Somália, ainda mais jejum. E na Amazônia, árvores serão queimadas. Muita fogueira para uma festa a qual jamais serei convidado. E em São Paulo, eu certamente estarei numas de Let's spend the night together.

A grande sacanagem.

Viver já é bastante complicado, mesmo para quem empurra tudo com a barriga. Não seria preciso, além do envelhecimento e da morte, que houvesse também esse engordar "naturalmente" que toma praticamente todos os corpos. Sem que precisemos empenhar qualquer esforço, engordamos além do além, al di là, e nada nos resta a não ser começarmos novamente uma daquelas dietas deliciosas.

Comigo é assim. Em quase todos os últimos anos, logo ao final de outubro, percebo a tragicidade da situação. E tomo uma boa dose de consciência. É hora de abandonar 98% das guloseimas diárias e as boas doses de uísque. Chega um tempo de alfaces e meia dúzia de ervilhas desamparadas. Chega um tempo de querer a água fresca que em nada nos oprime.

Como é tradição, velho leitor amigo, de hoje até fevereiro - ou enquanto eu me mantiver de pé, farei uma dieta daquelas de causar pena em anoréxico. E nem espero mais, como antigamente, atingir um sucesso que provoque espanto. Nada disso. Mais o tempo passa, mais me vejo cansado de lutar contra um velho e invisível inimigo. Ou nem tão invisível assim...

Hum... e enquanto enlouqueço, o sádico leitor e a compreensiva leitora poderão acompanhar quase que diariamente os meus alucinados comentários. Durante as duas primeiras semanas, transformarei-me num neurótico de guerra, longe do açúcar e longe dos longos fios de macarrão, capaz de trucidar quem me... Amanhã já haverá o que dizer.

terça-feira, outubro 10, 2006

Adão.


Eva Herzigovà. Aqui, para inúmeros papéis de parede. E abaixo um vídeo que enterneceria mesmo o mais soturno dos homens. Uma beleza bem felina.


95

Jean Claude Borelly e pegajosa Flauta de Pã, ocupam a 95ª colocação. E volto a dizer: se trata de uma lista bem pessoal, sem qualquer pretensão.

Síndrome de Jaiminho

Síndrome de Jaiminho. Desnecessário descrever. Todos devem se lembrar do carteiro Jaiminho, cujo mote era "preciso evitar a fadiga". Assim me encontro. Num cansaço de pensar profundo. Ora, não obstante esta ventania outubrina, o mundo me parece quase um deserto. Deserto de idéias e tudo o mais. E enquanto este cansaço rabugento me tomar - e somente agora percebo que assim me encontro há algumas semanas - ficarei bem mais silecioso... Vale dizer que o meu "bem mais silencioso" nem é tão taciturno assim. É um bocejar entre os versos, nada mais.

Ouçamos Michael Jackson, no belo clipe de Black or White.

E faço os devidos créditos. Essa coisa de Síndrome de Jaiminho é fruto da mente diabólica de Luciana Medeiros, aluna exemplar dos tempos de USP.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Dois momentos sublimes.

Vozes da Seca

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão

É por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê

Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage

Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê, nosso distino mecê tem na vossa mão.

(Zé Dantas e Luiz Gonzaga)

Súplica Cearense

Oh! Deus, perdôe esse pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol "arretirou"
Fazendo cair toda a chuva que há

Senhor, eu pedí para o sol
Se esconder um tiquinho
Pedí pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Meu Deus, se eu não rezei direito
O Senhor me perdôe
Eu acho que a culpa foi
Deste pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdôe eu encher
Os meus olhos de água
E ter lhe pedido cheinho de mágoa,
Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe, eu pedi a toda hora
Pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu ceará.

(Gordurinha)

Para estas e outras maravilhas de Luiz Gonzaga, visite aquele que é um dos melhores blogs brasileiros: Cifrantiga. Aliás, caro leitor, vale registrar aquela velha regra: a canção popular brasileira tem três eixos fundamentais. São eles: Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi e Ary Barroso. Estes três sujeitos são os pais e melhores representantes do que há nesta vultuosa MPB.

96

Toquinho e Vinícius cantam Morena Flor. A canção, a qual ocupa a 96ª colocação entre as 100 que mais me comovem, me tomou naqueles tempos em que começava a amar a canção popular brasileira.

domingo, outubro 08, 2006

Esquisitices.

Ainda não sei se esta semana os vídeos do agradável Youtube aqui postados seguirão algum tema. Creio que não. Pois temas exigem certo esforço e ando cansado demais para raciocínio e pesquisa. De qualquer maneira, nada como começarmos com uma boa canção, esquisita até, que sempre me agradou. Flying Pickets e a lírica Only You.

Crônica Dominical

Vez ou outra uma crônica qualquer é escrita com algum parco planejamento. Pensa-se num tema que se aparenta necessário ou saboroso com alguns dias de antecedência. Mas há também um tipo de crônica que surge pela circunstância ou pelo imediato surgimento de algum acontecimento qualquer. É o que acontece agora, em que me vejo sem conexão à rede mundial de computadores, pela primeira vez em alguns meses. Segundo a minha desorganizada provedora, “houve um problema em toda a região, mas os técnicos estão empenhados em resolvê-lo. Não há previsão de retorno”. Já fiz quatro ligações e em todas sempre há um desanimado atendente que nada tem pra esclarecer. E nem o culpo, trabalhasse eu aos domingos, teria também a mesma chateação em cada palavra.

O que me desespera é este pouco desespero (que eu naturalmente presumo) em que técnicos, administradores e sei lá mais quem têm para resolver um problema que é, neste momento, absolutamente terrível. A internet é hoje invariavelmente fundamental nesta casa. E justamente quando era o momento de publicar algumas novidades, eis que estou aqui, meio que desconectado.

E novamente a sensação é que deveria culpar o país todo, seus governantes e aqueles que ganham muito dinheiro com a tragédia alheia. Deveria mesmo comparar as conexões vagabundas que temos por aqui com aquelas que os felizes japoneses, por exemplo, têm pra navegar. Deveria eu ligar para o Procom, para o Ministro, para o síndico do prédio. Deveria até quebrar algumas vitrines e estabelecer algum motim que obrigasse as Forças Armadas a encaminharem tropa de choque e tanques pesados.

Mas nada disso me veio. Olhei para o computador e de repente senti que hora de dormir um pouco. Que era hora de desligar, deixando de lado essa mania de pensar e criar seja lá o que for. Que ninguém naquele momento se importaria se eu dormisse e nem sonhasse e nem tivesse qualquer desejo. E o domingo me pareceu restaurador. Estou até pensando em ligar para os responsáveis, agradecendo. Há momentos em que o cansaço quase nos sufoca, sem que o percebamos.

97

Roberto Carlos e uma canção que há algumas décadas fez um sucesso dos diabos. Mas pudera, a canção mereceu cada execução em qualquer rádio, em cada velha vitrola. Outra Vez, de Isolda, em interpretação assassina daquele que é, invariavelmente, o intérprete da música triste.