A Poesia precisa provocar pelo som que faz na leitura.
Isso mesmo, imaginado leitor, os olhos são como alto-falantes que vibram na leitura silenciosa…
O texto pode ser belo, enternecedor.
Mas, se não provoca pelo som e ritmo e tom, será só um texto belo.
Um poema somente será provocador se der coceira, brilhar e assoprar nos olhos dos leitores.
Quintana, João Cabral, Manoel de Barros, Bandeira, todos eles movimentam nossas córneas como Vivaldi movimenta nossos tímpanos.
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O Teatro provoca na birra de dizer diferente aquilo que a plateia já espera.
Há peças boas por aí que verso após verso seguem numa unidade a dizer exatamente o que se espera após a leitura do verso anterior.
Não há verso torto, não há surpresas na forma do dizer.
Há autores atentos em demasia ao tema e propósitos.
Assim, se o Teatro precisa ser provocador, deve abrir mão do aplauso absoluto.
A provocação linguística acorda os tímpanos, aqueles que o Vivaldi acaricia, e tira a plateia da catarse que é só de conforto e mútuo benefício.
Ora, artistas, não caiam sempre na tentação de só fazer entretenimento, afago ou terapia. Que é lindo e faz bem a toda a gente cansada deste planeta.
Vez ou outra façam Arte!