E a vida é tanta que eu mesmo não me lembrava: ocorre que eu, na humildade, musiquei também uns sonetos de Shakespeare, mais precisamente na primavera de 2007. Depois de ter escrito o longo romance Fenices, descansava. Naquelas semanas, li vinte e oito peças de Shakespeare e estava também levemente obcecado pelos seus sonetos.
E, vendo o trabalho de Gabriel Braga Nunes, me bateu uma vontade de mostrar agora ao menos um dos sonetos que dei interpretação e sonoridade, o Soneto n.º 30. Para registrar. Antes que a escuridão venha para minha eterna soneca.
Registrando também que minha pronúncia do inglês é uma mistura sem regra de pronúncias que ouvi por aí, na vida. Shakespeare também não cantaria sem sotaque uma música minha, sei bem disso.
Agradeço ao espetáculo. Atiçou-me. Fez revoada na minha memória. Talvez eu ficasse mais dezessete anos sem me lembrar deste meu tão singelo exercício.