sábado, agosto 12, 2006

Semana atribulada.


Mal acaba o primeiro mês de blog e já tenho um público razoavelmente fiel. Ao menos sete pessoas passam mais de um hora, todo dia, a vasculhar o conteúdo desta revista. E nem creio que sejam sempre as mesmas boas criaturas. Parece pouco? Ora, sessenta minutos é um tempo precioso, neste mundo de caos e dinamismo. E há também aquele mundaréu de gente que nem dispõe de tanto tempo. Pra mim, está mesmo muito bom. Ainda é o começo e logo tudo ficará ainda melhor. Depende da divulgação que todos os meus espertos leitores fizerem. Acima, a estampa desta semana de tendinite e nenhuma realmente boa novidade.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Sessão de sexta-feira.


Não há dinheiro? Nenhum? Não há companhia? Ou antes não tivera? Bem, se não tiver uns 30 trocados, ao menos, nem saia por aí. Será bobagem certa. Fique por aqui e, em profunda abnegação, veja Nosferatu, desabrochar de uma arte que hoje já não é mais segredo pra ninguém. Acima, as esquisitices de Dominic Rouse. Para outras tantas, aqui. Boa sessão: 80 minutos.

Leis de um otimista.

Meu atual estado me fez lembrar algo: quem nunca se sensibilizou com alguma Lei de Murphy? Abaixo, algumas regras para uma sexta-feira feliz. E muitas outras aqui, aqui ou aqui.
  • Se o caso é ganhar ou perder, você perde.
  • Toda vez que você decide fazer algo, tem sempre outra coisa para ser feita antes.
  • A natureza esta sempre a favor da falha.
  • Todo arame cortado no tamanho indicado será curto demais.
  • Todo cargo tende a ser ocupado por um funcionário não qualificado para desempenhar suas funções.
  • Todo corpo mergulhado numa banheira faz tocar o telefone.
  • Toda partícula que voa sempre encontra um olho.
  • Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
  • Conclusão é o ponto onde você ficou cansado de pensar.
  • Se algo é confidencial, será esquecido na maquina de xerox.
  • É impossível fazer algo à prova de tolos, porque os tolos são ingênuos.
  • Se há possibilidade de varias coisas saírem erradas, aquela que provoca o maior estrago é a que acontecerá primeiro.
  • Uma gravata limpa atrai sempre a sopa do dia.
  • A chance do pão cair com o lado da manteiga para baixo é diretamente proporcional ao valor do tapete.
  • Quanto mais tempo você permanecer numa fila, maior a probabilidade de estar na fila errada.
  • Em qualquer circuito, o componente de vida mais curta será instalado no lugar de acesso mais complicado.
  • Tudo é possível dizer quando você não tem idéia do que está falando.
  • Quanto mais geral for uma matéria, menos você aprenderá com ela.
  • Quanto mais específica for uma matéria, menos ela servirá no futuro.
  • Há dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.
  • Quem ronca dorme primeiro.

E aquela que eu deveria tatuar na testa: "nada é tão ruim que não possa piorar". Portanto, aproveitemos a paz que ainda resta. E há inclusive uma boa notícia: meu braço direito já não dói quando eu respiro. Mas tão somente quando eu me movimento. Já é um bom avanço...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Amemos os Muppets.


Os Muppets ainda são o topo. Acima, Rita Moreno detona em sua interpretação de Fever, aquele velho clássico para toda sorte de beicinhos - acompanhada de um familiar baterista.

Minha mão esquerda.

Nestas horas de aleijão, sofrendo uma ou outra limitação, as grandes idéias me vêm. No entanto, a mão esquerda tem a velocidade de um defunto. Ora, sei que o seleto, e de tão seleto quase inexiste, grupo que diariamente visita este blog compreenderá as poucas palavras destes dias. Ou logo a mão aprende. E o outro braço deixará de ser tão somente um apêndice de dor. Por ora, versos de Voltaire:
  • O maior prazer que alguém pode sentir é o de causar prazer aos seus amigos.
  • Meu Deus protegei-me de meus amigos! Dos meus inimigos eu me encarregarei.
  • Todas as glórias deste mundo não valem um amigo fiel.
  • Os homens devem ter corrompido um pouco a natureza, pois não nasceram lobos e acabaram se tornando lobos.
  • O repouso é bom, mas o tédio é irmão do repouso.
  • O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.
  • A felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir.
  • Um minuto de felicidade vale mais que mil anos de glória.
  • O valor dos grandes homens mede-se pela importância dos serviços prestados à humanidade.
  • A necessidade obrigatória de falar e o embaraço de nada ter para falar, são duas coisas capazes de tornar ridículo ainda mesmo o maior homem.

Há uma boa copilação de obras, incluindo o obrigatório romance Cândido, todas devidamente traduzidas para o nosso adorável português, aqui. Basta clicar e ler. Faça algo bom por você. Além de se maravilhar com o mestre francês, você ainda poderá se gabar, nalguma roda de amigos, de que lera "um novo romance de Voltaire"... Ora, baita ilusão minha: alguém ainda se importa com a leitura alheia?

quarta-feira, agosto 09, 2006

Monet.


Galeria com muitas pinturas do parisiense Claude Monet.

Histórias.

A teledramaturgia brasileira é excepcional. Nos últimos anos, com raras exceções, as novelas seguem a decadência de tudo o mais. Saiba tudo sobre novelas, desde as primeiras, aqui. Abaixo, dois atores brilhantes. Guerra dos Sexos, com Fernanda Montenegro e Paulo Autran.

Remédios.


Meu braço vai doendo. Remédios e remédios. Nestas horas, peço lá uns outros análgésicos. Algum esquecimento. Alguma água. Algum sopro, suave. Algum sono. O sono não vem. Não vem o vento. Nada. Nem a água. Nem o esquecimento me veio. E tudo permanece feito um relógio quebrado. Ao menos, o televisor me mostra Stanley & Iris, grande filme com Robert De Niro e Jane Fonda. E, compartilhando um pouco de ópio, mando-lhes algumas doses de Laetitia Casta.



Aqui, ao lado do pouco citado, mas bacana Chris Isaak.



E nestes belíssimos comerciais.



Espero que a dose os agrade, irreal leitor e lúcida leitora, tanto quanto agradará àquele outro grupo que está agora a rememorar os tempos que nunca vieram...

Luc.

Meu braço direito está engessado. E ficará assim por uma semana. No entanto, continuo com a postagem de maneira regular, apenas um tanto mais lacônico. A mão esquerda fará todo o serviço.


Lucy in the sky with diamonds, com os espantosos Beatles. Como são grandiosos!

terça-feira, agosto 08, 2006

Nome ao boi.

Publico, no Scripta Manet, mais uma crônica que andava esquecida entre pastas e disquetes empoeirados. Escrita em 1996, época em que o grito era estridente e as técnicas, bem poucas. Mas, apesar daquela juventude, o texto tem mesmo um discreto cinismo que bem nos envelhece.

Aprenda a dizer não.

Como custa a aprendermos com a porra da vida. Em geral somos obrigados a dar com a cara na parede por muitas e muitas vezes. Até que de repente, bem de repente, aprendemos. Ou como diria o escritor Niccolò Tommaseo, "O homem que a dor não educou será sempre uma criança". E entre tudo aquilo que me pareceu um tormento, dizer "não" foi certamente um exercício dos mais estranhos. Para outros, a dificuldade é com o "sim" ou com o "talvez". E alguns, e tantos conheci assim!, sentem pavor com um útil "não sei". São palavras aparentemente inofensivas, mas parecem amarradas a muitos paralelepípedos inconscientes. Dizer "não", quando se acredita que se deva dizê-lo, nos dá um alívio dos diabos. Negar seja lá o que for: a existênca de deuses, o carinho de quem não nos agrada, aquele modismo que nos incomoda - negar mesmo a hipocrisia. Ah! Mandar tudo às favas, dizendo "eu não vou", "eu não gosto". Ou ainda, com certo triunfo, "eu não sou". Neste mundo de aparências, máscaras, heróico aquele que tem peito pra negar, rejeitar - sem a diplomacia dos sorridentes autômatos. Nada pior que alguns bonecos que existem por aí. Chegam a se apresentar na televisão, alguns cantam, outros fazem malabares. E seja como for, estão lá, sorrindo, nada dizendo que possa ser minimamente polêmico, que eventualmente fira a fina embalagem social. Sempre mostrando-se bons, dóceis e equilibrados. Não. Não quero isso. Prefiro a sinceridade de alguns, que sorriem tão somente quando é hora. E dizem "não", quando é chegado o tempo de mostrar algum caráter. Conheci mesmo alguém que era todo sorriso, pela manhã, pela tarde, pela noite. Sempre uma voz atenta, uma palavra de conforto. Sempre aquele olhar de quem nasceu superior e jamais é tomado por pensamentos podres, nunca deseja, nunca ofende, nunca se envergonha. Gente assim apenas me dá medo. Leiamos este soneto:

Ser miserável dentre os miseráveis
- Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiosincrasias!

Muito mais cedo do que o imagináveis
Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!

Psique biforme, O Céu e o Inferno absorvo...
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,

Ceva-se em minha carne, como um corvo,
A simultaneidade ultramonstruosa
De todos os contrastes famulentos!

(Augusto dos Anjos)

No poema acima, Augusto dos Anjos apresenta a complexidade que há mesmo em qualquer um. No entanto, apenas quem se recusa a vestir as velhas máscaras herdadas é capaz de humildemente admitir. Este é, alías, o real e único equilíbrio. Para outros poemas deste mavioso autor, clique aqui.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Eva.


Eva Grimmaldi, outra bela atriz italiana. Galerias aqui e aqui. E aos leitores mais jovens, uma recomendação: apreciem o que bem puderem. As cores, a luz sobre os cabelos, os olhos, aquilo que se veste, aquilo que é vestido... Qualquer coisa. Isto é arte, meus amigos, para qualquer um que tenha olhos.

O Terceiro Uísque.

Sou daqueles viciados em listas. 20 filmes, 10 frutas, 150 músicas e toda sorte de bobagens. Gosto mesmo de listas subjetivas até o osso, tal como um rol de "As 10 melhores noites em que tive insônia" ou "Os dez lugares mais feios em que já estive". Listas não servem pra nada, mas ao menos exercitamos a judiada memória e expelimos certo potencial analítico. Como hoje o dia não foi dos mais divertidos, meti-me a refletir sobre as coisas boas deste mundo. Mas afinal o que é bom mesmo? Casar? Ter filhos? Conhecer gente? Ora! estas são passagens naturais desta nossa existência e nem mesmo são apenas divertimentos e prazeres: vem carregadas de responsabilidades e contrariedades das mais diversas. Bom mesmo é aquilo que não tem qualquer outro aspecto além do óbvio. Assim, apresento-lhes uma lista com o que há de melhor nesta minha vida mundana.
  1. O Terceiro Uísque da balada de sábado, seja onde for.
  2. Ir ao cinema e ver o filme com a sala praticamente vazia. Sem cheiro de pipoca ou grunhidos.
  3. Vagar pela praia, em plena madrugada. Mas tão somente naquelas em que não há postes na orla. (Houve tempos em que tal extravagância nem era tão perigosa.)
  4. Fumar dentro de uma banheira de um motel de categoria duvidosa.
  5. Jogar Playstation 2 com a própria mulher.
  6. Tomar um banho de chuva com o próprio cachorro.
  7. Comer goiaba com mel, num prato bem fundo, naquelas horas de fome histérica e induzida.
  8. Dirigir um 16 válvulas, ouvindo Roda-Viva, com o velho Chico Buarque.
  9. Aquele sexo raro antes das dez da manhã.

Bem. Depois de muita reflexão não encontrei nada que me desse mais alegria, sem no entanto me encher de pânico. Alegria sem paradoxos. Quem tiver o que acrescentar, que o deixe o seu elegante testemunho.

O velho sou eu. O mar, esta maldita poesia.

Antes de mais nada, uma pergunta aflitiva: quantos livros, caro leitor imaginário, leu, este ano? Dois? Cinco? Um? Seja lá qual for a sua resposta, acredite – leu muito pouco! E nada de bobagens de gosto duvidoso, como muitos best-sellers, ou livros de auto-ajuda que ajudam mais aos editores espertos. Digo de literatura forte, precisa, mágica. Quer um exemplo? Pois bem. Que tal O Velho e o Mar, do norte-americano Ernest Hemingway? Curto, para que o tamanho da leitura não o pressione; de linguagem clara e simples, para que a escrita não o atormente; com uma história maravilhosa de perseverança e frustração, uma metáfora dolorosa da experiência da vida, para que o leitor não se aborreça com novas anedotas pseudo-profundas. Quer mais? Qualquer sebo “pé-de-chinelo”, como dizem em minha terra, terá ao menos uma edição, de tantas que já apareceram por este país. O preço? Comprei a minha edição por apenas R$ 4. Ora, o amigo leitor preferirá um desses lançamentos, que custará uns bons quarenta contos numa livraria fina e elegante, apenas porque a moda o aconselha? A moderação é princípio da... Ops! Para tanto, leia este pequeno clássico de 1952, que nos mostra a dura beleza e a afável angústia da vida – viver é realmente uma dureza! – além de nos ensinar um pouco sobre os peixes, o mar e o vento...

Laços.


Hoje o dia está claro, as dívidas estão pagas, o amor me sorriu pela manhã e nem mesmo tenho sede. E a semana começa toda agradável: Liv Tyler, a menina-anjo, aqui ou aqui. Ou aqui. Aliás, Liv Tyler, como qualquer criatura sabe, é filha de Steven Tyler, vocalista competente da competente banda Aerosmith. O que pouca gente sabe, ao menos aqui, neste distante Brasil, é que a moça é filha de Bebe Buell, graciosa playmate de 1974 que teve relações diversas com gente do quilate de David Bowie, Elvis Costello e Jimmy Page.



Para verificar o quanto a genética prevalece em alguns casos, veja Bebe Buell e algumas de suas belas poses, aqui (clique em slide show). E uma vez que a família é importante a todos nós, abaixo, um bom vídeo do Aerosmith, com a adolescência de Liv Tyler e, como brinde, uma Alícia Silverstone pra lá de esperta.


domingo, agosto 06, 2006

Crônica Dominical

Distrações vitais

Tenho verificado o crescimento da audiência deste blog, em suas primeiras três semanas. Um bom número (ainda pequeno) de visitações constantes e diárias, com melhor momento às sextas-feiras. Gente de muitos cantos diferentes. Distantes. Bons resultados, creio eu - mas ainda longe de meu objetivo - que nem é lá muito obstinado e ambicioso. Entre outras coisas, algumas visitações de Emirados Árabes, Suíça e Chile. Como chegaram aqui não sei. Mas chegaram. Alguns, talvez os australianos, dirão "well..." e vez ou outra aparecerão para ver o que o brasileiro desiludido postou. Pude constatar, também, que quatro pessoas passaram mais do que cem minutos vasculhando esta revista, no último domingo. E outras seis fizeram o mesmo, no dia seguinte. E há uma média de 50 visitações semanais que levam tanto tempo. Seriam as mesmas que voltam agora para rever? Ou são novas e outras mais? O que sei é que a Internet tem sido a grande revolução que os homens de grande crânio nos deixaram. Chego mesmo a imagina que a rede tem feito parte de toda a existência - desde Ésquilo, ao menos. Tudo é próximo e tudo é relacionável. E evidencia as relações - senão vejamos: quatro pessoas, neste último domingo... Não sei quem são. Nem sei ao certo onde estão. Uma delas talvez seja aquela minha amiga de tantos anos, sabedora de mim, tanto quanto eu. Visitava a Revista enquanto comia chocolates. O outro, um irmão calilatra, curioso por mim, pelas minhas excentricidades. Sabe da minha ânsia - inquietude de gente besta. E bebe cerveja ou conhaque, mas bebe. E outro que jamais soube de minha existência. Ainda desconfiado de minha honestidade tosca. Gosta da ordenação das coisas, mas lhe desagrada o conteúdo. Visita-nos enquanto bebe um frio café. E finalmente há lá alguém que eu não vejo. Que me vê e se nega a dizer algo e causar algum barulho no meio deste silêncio todo. Alguém que chega a estar esquisitamente perto, mas que eu não vejo... como aqueles ventiladores de teto que nos ventilam sem que a gente os perceba. É alguém que põe a mão no queixo, fuma e vê a fumaça, tem certa sede e às vezes pensa em me escrever, para uma única pergunta: "E aí?".

4h 47min... Insones.


Roy Lichtenstein, quase um pop-star entre os desenhistas, em um sítio absolutamente completo.

Os deuses mais lindos.

Não existe ateu mais respeitoso e apaixonado pelos deuses todos. Creio eu, até, que devemos mesmo cantar aos deuses. Vividamente cantar, a todos eles.


Em 2001, escrevi A primeira vez que ouvi Latim, tragicomédia que apresenta uma revisão da mítica danação de Acteão, que cometeu a loucura de ver Diana, a deusa virgem, nua, ao se banhar. Mas ora! Que Acteão é este que resistiria? Na primeira cena do espetáculo, as ninfas que acompanham Diana em seu citado banho entoam a canção que agora lhes apresento, meus amigos imaginados. Gravada em 2003, tem a participação de meu velho amigo Thélio Romagnolo, com seu contrabaixo elétrico. Canção dos meus tempos de USP, em que eu vivia obcecado por Catulo, Horácio, Ovídio e todos aqueles germinadores.

Propaganda de uma propaganda.


Ora, não se trata da divulgação de qualquer produto ou empresa. Eu apenas gosto de publicidade tanto quanto de sorvete de flocos e, vez ou outra, as agências nos brindam com propagandas de muita elegância e inteligência. Trata-se de arte, não tanto pelo efeito retórico ou pela sua funcionalidade, mas por este poder mágico de deixar qualquer coisa realmente bela, mesmo para os olhos já treinados. Assim, neste nosso tão esnobe blog, além dos desenhos animados, dos musicais, dos filmes mudos, teremos a chance de julgar com outros olhos aquilo que muitas vezes nos passa tão discretamente.