Lá vai outra semana embora. Uma semana que jamais terei novamente. Isso bem me lembra o que me dizia uma amigo, nos tempos de escola. Ele me dizia: fique agora cinco segundos sem nada dizer. Eu ficava e após o breve período ele vinha com a dolorosa frase: "você jamais terá estes segundos novamente". O tempo não se importa mesmo com nada e vai adiante. Ou aproveitamos ou nos despedimos de cada segundo, sem muito arrependimento. Mas como nos livrarmos deste Tédio?
sábado, outubro 07, 2006
98
sexta-feira, outubro 06, 2006
Vogue.
Pra encerrar a rememoração de vídeos da camaleoa Madonna, um de seus clássicos, Vogue.
O casamento de Jerônimo.
Obs.: Cate Blanchett e Gwyneth Paltrow.
quinta-feira, outubro 05, 2006
100
Abaixo, a canção que obteve a centésima posição. E nem isto significa qualquer depreciação à música. Tantas e tantas coisas que gosto muito nem estariam numa lista das mil canções! Todos os dias, se houver forças, colocarei uma outra canção, até chegarmos à primeira colocada, lá pelo dia 12 de janeiro.
Pra começar, o monstro Cartola e a monstruosa Acontece.
Quinta-feira, 5.
Madonna canta Bad Girl. Só. Até teria o que comentar - essa coisa de meninas más é assunto que sempre me traz verbos. Mas agora não. Não tenho paciência e tenho sede. Novamente a sede.
Acabemos com.
Judiada até.
É o tempo, é a cachaça metafísica.
Uma embriaguez irritante.
Idéia alguma.
Apenas um cheiro de coisa limpa.
A cabeça se confunde.
E tenta o verso.
Desajeitado o verso vem.
Mas é feio e é relegado à miséria do esquecimento.
Há o pedregulho, no meio do caminho.
Há o pedregulho.
No meio das coisas todas.
Um pedregulho que se espalha feito bolhas de sabão.
Um impedimento de idéias.
Que nada transpassa...
É o sono crônico.
É a preguiça de quem nasceu pra ser apenas um vagabundo medieval, mas acabou atado a uma mesa e de lá jamais sairá.
Nada que nos refresque.
Nada que venha fazer do tédio uma agradável aia.
Nada.
É a sede que nos faz um deserto.
Nos faz ter a língua seca, abominavelmente seca.
Que canto se fará?
Que canto se fará quando a sede nos toma?
Argh!
É de água que preciso?
Foram dez copos e a sede ainda pemanece.
É de água que preciso?
Que maldita água é esta que virá matar a sede desta boca?
A tarde desta quinta-feira me lembra mesmo aqueles dias de ressaca.
Mas ressaca de quê?
Ah! Quem inventou o trabalho!
Quem inventou o dissabor de uma tarde que se perde polindo uma porção de pedras inúteis!
quarta-feira, outubro 04, 2006
Dia internacional do nada.
Tudo é feito para agradar a maioria, moldando-se tudo o que se faz tão somente pela audiência e pelos números que atingem. A música boa que aparece é repetida exaustivamente, por outros, transformando tudo num tubo plástico. Raramente o cinema nos mostra autoridade. Há sempre um punhado de cineastas clone de Spielberg que buscam sempre os mesmos resultados e valores. E a Literatura? A arte magistral, mesmo sendo a mais sisuda, acabou quase se transformando em revistas fúteis, que faz qualquer desocupado vender milhares de livros - os quais ocupam um espaço que deveria ser daqueles que trataram as palavras como se tratassem do seio da mulher amada. Putas genéricas, gurus do vácuo, sabedores frívolos vendem livros que contam histórias tão óbvias e mal contadas que...
Não me venham com um dia para os poetas. Para outras coisas, vá lá. O dia da mentira, o dia da ilusão, o dia do orgasmo. Pois que tenham um dia para o regozijo de quem goste disso. Já nos bastaria o próprio aniversário e o ano novo. Que haja um dia para os mortos. Mas para os poetas, não. Nem se lembrem dos poetas. Esqueçam-nos, se possível. Deixe-os à margem, como se fossem bandidos ou subversivos que fazem mal ao mundo, como bem propôs Platão. Que a Literatura seja uma praga que se quer exterminar, que os governos todos queimem os livros e poetas em praça pública.
Talvez assim voltemos a ver poesia escrita por quem realmente precisa, que não se debruçará em versos para enriquecer editores e ter o novo best-seller das prateleiras.
(Ufa! Há tempos não tinha um rompante romântico! Que o compreensivo leitor não se apoquente. Logo aquele cinismo que todos adoram voltará ao seu devido lugar.)
Canção Matinal.
Os homens preferem as morenas.
Uma morena Madonna interpreta The Power of Goodbye. Aliás, bem me lembro daquela grande questão: louras ou morenas? Não obstante a questão ser efetivamente boba, uma vez que mulher é bom com qualquer cabelo - e mesmo alguns gostam das moças sem cabelo, cabe uma reflexão elevada: as moças de cabelos dourados representariam, em algum momento da história, a pureza e a elevação. As morenas seriam as bruxas de muitos artifícios. Depois, bem depois, louras representam a sedução e a astúcia. Morenas, a seriedade e a discrição. As diferentes sociedades interpretam os cabelos conforme alguns interesses, dos mais diversos. Para um homem de bom senso, cujas mãos tocaram tantos cabelos que jamais se repetem, fica aquela sensação saborosa: cabelos são fundamentais para a memória. De alguns rostos, eu bem já me esqueci. De seus cabelos, no entanto, jamais me esqueço.
Os ventos de outubro.
Escrevi Em outubro, flores!, há alguns anos, justamente (e tão somente) para homenagear esta época do ano, este melhor momento anual. Tudo o que há no drama, em que a jovem Amalle sofre de forte doença e um vago boêmio lhe canta suas canções tristes, é metáfora desta minha relação com o clima desta época do ano. A própria triste e bela e passageira Amalle é uma representação deste clima. Em 2004, interpretada pela excelente atriz Juliana Mesquita, que hoje está em alguma novela que se vê na televisão, alguns críticos acreditaram que a personagem era apenas mais uma masturbação lírica inesgotável. Até era, mas era mais um modo de dizer que amo e espero por cada outubro, por este vento... E feito a Amalle que bem morria, outubro se esvai. Eu permaneço, esperando.
Em breve, publicarei Em outubro, flores! por aqui. Enquanto este meu tão elogiado texto não vem, aproveite, ó acalentado leitor, o vento e a delícia destes poucos dias. E se entregue à leitura de algumas das obras presentes em Literatura Rodriana.
terça-feira, outubro 03, 2006
Canção Noturna.
Pra quê servem os homens?
Ou noutras palavras, tudo é feito para que as mulheres vivam melhor sobre a Terra. No entanto, há um punhado de imbecis que se julgam melhores. Um homem nunca valerá nada diante de uma mulher, porque é delas o maior (e mais doce) tesouro deste mundo. E alguns tolos nunca se aperceberam disso.
Um dia colorido.
Confesso ter acordado com o humor de Darth Vader. Mas nada que um pedaço de abacaxi, algumas canções de Robbie Williams no tocador de mp3 e uns dois cigarros não pudessem transformar. Agora tudo vai bem. Misteriosamente, chego a me sentir contente... Talvez até o final da tarde tudo se normalize. Por enquanto, seguindo com a semana de homenagem à camaleoa Madonna, assistamos True Blue, canção dos meus tempos de imberbe.
Benditas sejam as Fernandas.
Há gente de toda cor. Gente de toda forma e peso. Gente de cabelo longo, curto ou branco. Há mulheres cuja face nos causa medo. Há homens de corpos ruins. Há gente que parece do avesso. Mas há também tanta beleza. Para os calilatras deste mundo, mesmo com toda a desavença e guerra, mesmo com essa merda de... toda a reclamação é vã, diante da beleza que se renova sempre, tempo após tempo. Se a Sophia Loren encontra seu inverno, vem logo uma Angelina Jolie que já começa a encontrar seu outono... O mundo tem sua sabedoria. Dito isto, leitor, revisemos a beleza de Fernanda Machado, no irregular Paparazzo. Atriz que carrega em seu semblante uma beleza que chega a causar espanto. Surge bela, lentamente, bem aos poucos fornecendo aos olhos do mundo as imagens que algumas outras, nem tão interessantes, se desesperam em fornecer... Benditas as fernandas, caro leitor.
Poema obsceno
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira
Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
- e espreitam.
(Ferreira Gullar)
segunda-feira, outubro 02, 2006
Canção Matutina
Sorry.
Sem mais o que dizer, nesta segunda-feira modorrenta, um pouco de agitação nos fará bem. Madonna e um recente sucesso: Sorry.
O avião, o dinheiro, a morte e a eleição. Muito devaneio.
Não importa mesmo. Se atado ao incêndio, se afogado no mar tranqüilo ou se de bala disparada por qualquer criminoso... Esta idéia de morrer me desanima um pouco. A vida é tão cheia de coisas pra fazer e conhecer e mesmo que já me sinta infectado pelo Tédio, a doença urbana dos bobos, o caminho ainda é bom pra se seguir.
Mas me vejo falando de morte. As eleições, importante para todos... Ganharam as mesmas e velhas figuras. Nesta São Paulo judiada, mais quatro longos anos de governo que a gente bem sabe que... Merda. E paciência. Se é imagem que as pessoas querem, que a imagem se perpetue...
Sono. Minha cabeça confusa mais confusa fica com tantas reflexões inúteis. As contas devem ser pagas e esta é a única verdade deste dia. A única indubitável verdade é pagar pelo que nos mantém otimistas, por meia dúzia de prazeres que a gente tem pra esquecer de tudo isso que a gente vê - com olhos grandes e incrédulos.
domingo, outubro 01, 2006
Objetos de desejo ou conversa de homem velho.
Sei de um caso em que a moça sonhava com a pegação num quintal, entre a roupa estendida, mangueiras e os cães. Mas imaginava também o homem certo, forte como um entregador de gás. E assim compunha na mente o pequeno curta-metragem necesário ao gozo. Outro caso, um sujeito amigo confessou-me gostar de onanismo com cerveja. Mas a cerveja não era naquele momento uma bebida. Um desidratante, talvez.
Há aqueles que gostam sempre dos mesmo tipos de moça. Outros preferem ouvir Sex Pistols. Cada coisa... Mas pouco se conversa sobre isto. Muito se presume, se especula. É o mistério dos mistérios! Já lhes disse: em meu tempo de moleque não havia tantos recursos e colheres de chá aos adolescentes. Uma fotinho pequenina bastava. Uma foto sem nu servia. Uma foto de um rosto, na capa de uma revista de cinema. Ou até um vídeo clipe na televisão.
Esta semana, no sentido literal, homenageio um objeto de desejo de muitos e muitos marmanjos (e muitas marmanjas, também) nos últimos vinte anos. A inesgotável Madonna, que já teve todas as caras possíveis e é provavelmente a grande artista feminina da história do mundo pop, tal qual Elvis Presley o é no mundo masculino. Pra começar, compreensível leitor, uma boba música daquelas horas, Cherish.
Crônica Dominical
Eu cá no momento, fico entre aqueles que vê na coisa o que tem de bom e o que tem de mau. Um mau, no entanto, que é tão necessário que chega a ser natural para os corpos todos. E de quem são estes corpos? Quem é que se toca nos entretantos secretos? Que faz todo mundo na ausência de olhos alheios e com o tesão a mover o fluxo sangüíneo? Ah! segredos... Há gente que faz o "arco da velha" e ninguém sabe, sabendo só das aparências elegantes, dos vernizes que nada ofendem. Tantas moças que vejo e conheço. Tantas moças de dentes claros e maneiras pudicas. Qual delas será a que bem viaja, goza com a cara torta sem dar importância a nada. Quem é que se masturba?
Um tema sempre renegado por todos, por vergonha sem critério. Creio ter conhecido nesta longa vida tão somente uma única moça que bem divulgava sua predileção pelos onanismos emocionados, com canção e chocolates. Ela sempre arquejava... Era naquele tempo um sinal vitorioso de combate às repressões sexuais. Hoje em dia as sociedades começam a melhor compreeder o importante sexo solitário. Compreender e valorizar, aliás. Nos meus dias de moleque não havia internet e tanta sacanagem da boa espalhada, pronta para um download rápido. Havia tão somente algumas revistas cretinas e aquela Sala Especial, às sextas-feiras, que a Record pré-evangélica apresentava. Filmes que vez ou outra eu revejo no Canal Brasil e me parecem tão inocentes e pouco excitantes quanto a foto de um esquilo. Mas a mocidade de agora pode, sem esquisitices, encontrar o que bem lhe aprouver. Há sítios eróticos para todas as taras. Lésbicas, orgias e até anões. (Há sujeira e prazeres bem condenáveis - como as relações de alguns com cães e cavalos. Mas nada nesta vida vem desgarrado de seu lado negro ainda mais negro).
E não só a mocidade se regozija. A masturbação é um fazer que nos seduz bem cedo e segue com a gente. Alguns afirmam jamais ter entregue suas mãos a tais alegorias. Eu duvido, caro leitor, que tudo isto seja verdade. Ou se a verdade for certa, me espanto ainda mais. Tão bom é exercitar a imaginação, escolher daquelas taras irresolvíveis, sem dar satisfação a ninguém. Bom é gozar. O resto é existência. E até por vezes um vício se instala. Um vício dos diabos que só se enfraquece se conosco há aquele outro corpo... aquela combinação de favores... aquele movimento de muitos ritmos... Mas se não chega a curar o vício, arrefece. Ou justifica ainda mais cada uma das homenagens prestadas.