sábado, janeiro 13, 2007

Cara nova.


Conforme pode ver aquele que já nesta página entrara, mudanças das mais diversas foram feitas no layout deste blog. Talvez haja mais alguma coisa. Mas nada que vá trazer novidade maior que as já instaladas. Talvez um relógio. Talvez algumas frases randômicas. O principal já foi feito. Curiosamente, por aqui no meu canto, ouvindo Jimmy Hendrix e bebendo água, tenho já também um trajeto para o ano que chega. Sei agora de cada passo. Sabendo que os sacrifícios são essênciais para as mudanças desejadas. E dizendo a esmo "não é fácil sobreviver num mundo de tantos infelizes".

Expectativa infernal para um velho nerd ainda jovem.

Pra variar, o mês de janeiro nos reúne em torno de expectativas coletivas . Sabemos com boa antecedência quais serão as estréias cinematográficas, por todo o longo ano. A Marvel nos apresentará ao menos dois blockbusters provavelmente competentes, Spider-man 3 e Fantastic Four: Rise of The Silver Surfer. Não obstante a expectativa pelos filmes novos de Clint Eastwood, os vídeos abaixo provocam arrepios e deixam todos os amantes das quinquilharias capitalistas prontamente angustiados. E a coisa é simples. Mais vemos os vídeos, mais ansiamos pelos filmes.


Escolhas alheias.

Encerrando com as escolhas alheias da semana, a boa banda Los Hermanos e a simpática O vento.


E, ainda, Sarah Mclachlan e o redivivo Santana com Angel, em versão bem produzida.


Agradeço à "escolhedora" da semana, sempre observando que qualquer um dos meus imaginários leitores pode bem participar, com a indicação daquilo que o agradar. Contanto que seja música e esteja em bom estado... Aliás, há tanto o que se ouvir, o qual mereça uma nova recomendação. Que nos custar indicar? Agradaremos a alguns, desagradaremos a outros. Mas sempre haverá aquele que, graças à nossa iniciativa, poderá conhecer uma nova canção. Ou reconhecê-la - o que é tão bom quanto.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Recaída.



Vivo prometendo não apelar. Mas preciso neste momento justificar a presença de Susan Ward na próxima capa semanal. Encontrei uma bela foto que, como sempre aconteceu, pareceu-me exigir-lhe a escolha. No entanto, a moça nada fez que merecesse alguma citação - ou quase. Conforme minha tão pessoal definição de arte, a beleza feminina ainda é superior à poesia e a qualquer outra grande manifestação criativa. A moça, belo exemplar da espécie, esteve em alguns filmes, inclusive no ordinário Garotas Selvagens 2. E como é sexta-feira e, ora bolas, nunca é tarde para um pequena avaliação estética que nos faça por vezes imaginar o quanto a natureza é uma grande escultora e colorista de corpos, vejamos abaixo uma sensível cena do citado filme e outro, em que a jovem participa de uma interessante sessão de fotos


quinta-feira, janeiro 11, 2007

Escolhas alheias.



Pouco a declarar sobre o vídeo abaixo, escolha alheia de hoje. Apenas que Elis era, com todo o respeito, uma delícia de mulher. E nem o era tanto pelo lindo rosto, o corte de cabelo e a boca sempre risonha. O era porque tinha em cada olhar e piscadela um tipo incomum de atidude, a qual poderíamos denominar "personalidade" ou "elevação" ou "sofisticação". Era, ao mesmo tempo, doce e cínica. Distante e passional. E ainda cantava como quase ninguém o faz. Ouçamos agora uma de suas mais famosas e histriônicas interpretações, Como nossos pais, canção do bom e sempre sumido Belchior.



A vida nem sempre é trágica.


Gary Winogrand, fotógrafo norte-americano falecido em 1984, aos 56 anos, tem uma das mais agradáveis obras da história da fotografia. Geralmente, suas lentes estavam voltadas para agradáveis cenas cotidianas, revelando um mundo menos trágico e, sobretudo, mais límpido. Hoje, um começo de 2007, em que nos pegamos pontualmente pessimistas, é realmente saudável, literalmente, uma revisitação de sua obra.

Aliás, bom leitor, não nos damos conta, mas a simples observação de uma foto nos traz um punhado de sensações, sejam elas agradáveis ou não. No caso de Winogrand, a sensação é de que o dinamismo da vida não deveria nos permitir ceder, cair em fracassos e angústia. Que a vida tem sorrisos a nos procurar, em todos os cantos, a qualquer tempo.

Para quem se interessar, algumas obras aqui e aqui.

43

Chico Buarque não é tão largamente elogiado pela crítica simplesmente por seus olhos e suas sensatas opiniões políticas. Há quem, hoje, não compreenda tanto respeito e tanta devoção por saber tão somente uma pequena fração de tudo o que o compositor fez, em aproximadamente 40 anos de carreira. Roda-viva é daqueles tempos de festival da Record. Tempos em que pululavam as metáforas e a busca pela qualidade vencia os ditames financeiros. E passados uns dezoito anos, desde a minha primeira audição deste clássico indiscutível, ainda me surpreendo com os versos e o extraordinário arranjo, que tem as vozes do MPB4 a transformar o samba em oração. Apenas por esta canção, creio eu, Chico já mereceria um lugar especial entre os compositores brasileiros. E pensar que ainda há mais, muito mais...



Roda-viva

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda peão
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.

(Chico Buarque)

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Give yourself a gift.


Acabo de ler, pra bem começar o ano, o clássico de Carlo Collodi, Pinóquio, na edição de bolso da L&PM. Adquiri o livro há alguns dias, naquela banca de jornal ao lado da catraca do metrô Barra Funda. Era terça-feira e começava a me sentir um burrinho, tal a marionete naquele país de eternas brincadeiras. Procurava por um livro clássico e entre um Balzac e um Goethe havia um Collodi. Quem tem do personagem apenas a imagem dada pela Disney, em 1940, não sabe da riqueza de suas histórias e de certa complexidade que nos faz lembrar as desventuras de Ulisses e os nonsenses de Swift.. Pinóquio é onírico e cheio de possíveis metáforas, mas confesso que, ao menos nesta obra, a interpretação intelectual das imagens não a tornará mais fabulosa. A simples imaginação, com toda a naturalidade, construirá tudo o que for necessário para que nos apaixonemos profundamente pela história da marionete que era, afinal de contas, um tolo sonhador - como qualquer um de nós.

O Pinóquio hollywoodiano é bem menos desafortunado. Muito menos. De qualquer modo, não considero o filme ruim, longe disso. E tem ainda uma das mais belas canções norte-americanas, When you wish upon a star. (Como bateu-me ligeira vontade de ouvir o clássico de Leigh Harline e Ned Washington, assistamos a uma versão bacana, com o jovem cantor Leehom Wang.)


Obs.: benditos sejam os livros de bolso.

Escolhas alheias.

Elogiado pela crítica e popular entre os jovens deste mundo ocidental, Justin Timberlake é a "escolha alheia" da vez. E vem em dobro, conforme as indicações da escolhedora da semana, minha carinhosa e pisciana irmã. Com Sexyback e Cry me a river, duas canções que eu tenho a impressão de já ter ouvido, em qualquer outro lugar.



44

Era, creio eu, 1988. Não era ainda um sujeito engasgado de complexidades. Era, como todos, um adolescente curioso. Comprei um álbum de Caetano Veloso, nem me lembro onde. Talvez naquela notória Ventania, clássica loja de discos da Rua 24 de maio. Do tal LP, uma competente coletânea, duas canções me chamaram muito a atenção. Coração Materno, de Vicente Celestino, e It's a Long Way, do próprio Caetano. Chamavam-me a atenção, sobretudo, o arrojo dos versos e a combinação de elementos estéticos. Aquilo me fascinou, toda aquela arte que não se prestava à mesmice e se mostrava sempre estranha. A empatia foi absoluta, embora eu ainda não soubesse de Caetano o quanto viria a saber depois. It's a Long Way, canção daquele que é um dos melhores discos da história da música ocidental (Transa, 1972), perpetra-se em minha cabeça, surgindo sempre e sempre. Todos nós temos disso, afinal: uma meia dúzia de versos que surgem em nossos assovios e "cantarolares"com uma freqüência quase inexplicável.





It's a Long Way

Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way...

Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei

It’s a long long long long way...

Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora estámais firme
Do que quando começou

It’s a long road... it's a long and winding road...

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor

No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca...

Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We’re not that strong, my lord
You know we ain’t that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It’s a long long long long way...

(Caetano Veloso)


Obs.: ainda me pego indignado quando ouço comentários que tentam desmoralizar Caetano Veloso. Ora, poucos são os sujeitos que, mesmo depois de uma obra absolutamente maravilhosa, ainda insistem em alguma renovação, em algum tipo de experimentação. Outros grandes compositores brasileiros, tal qual Roberto, sentaram-se sobre os calcanhares e eternamente repetiram o mesmo belo fado. Caetano é daqueles incansáveis. Apenas por isso, o tal leonino já mereceria o nosso mais agradecido respeito.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Escolhas alheias.

Tendo a sorte de ter uma maravilhosa irmã e uma sobrinha absolutamente genial, não tenho do que reclamar, quanto àquela coisa de laços familiares. Sou, afinal, um privilegiado. Sei de gente cujos laços fraternos são tão sujos quanto um pé de porco vivo. E para as Escolhas Alheias da semana, indicações de minha amável e única irmã, Valéria.

Pra começar, uma banda denominada Phantom Planet, com a canção California. Disse-me ela que o mundo todo ouve. Eu jamais havia me dado conta desta gente. E ainda não sei se gostei. Acho até que não. Mas é bom ouvir tantas novidades - já tenho um baita apreço por esta seção em que nada escolho ou censuro.


Obs.: e pra nossa sorte, o Youtube não deverá ser bloqueado pela justiça nacional, conforme as últimas notícias divulgadas.

Mea culpa, a todo instante.

Pais, amigos e parentes, todos a reclamar de mim, da minha ausência, do meu nunca telefonar - da pouca atenção que dou a todos. Dia após dia sou "condenado" por viver num certo isolamento, como se estivesse a cuidar de alguma universal tarefa. Tento-me explicar, chegar a alguma justificativa, alguma desculpa que me convença. Mas a verdade, além de outras verdades, é que não sou mesmo de visitar e procurar por pessoas, não obstante o meu apreço por elas.

Não se trata de uma auto-suficiência afetiva e muito menos de alguma arrogância insulflada (ou camuflada). Gosto de receber a todos em minha casa. Gosto da companhia alheia. Gosto de saber de cada um, como vai, o que anda a fazer. Mas, ora!, todos também me conhecem! Sempre souberam que minha cabeça vive a rodar, plena de confusas idéias, miragens e miragens. Sou um obcecado pelas palavras, pelos... Hum. Novamente me pego a procurar por justificativas.

O que me importa, além da conta, é estar a pensar, escrever, desenvolver quiméricos projetos. E todos jamais notaram a minha esquizofrenia, afinal de contas? Que se magoem comigo, eu chego a compreender. Mas que saibam, ao menos, que não sou um quase eremita por dar pouca importância àqueles que se importam comigo. Sou, assim, esquecido e aéreo, por pensar demais num punhado de imagens caleidoscópicas. Sou um sujeito de brincar bastante, que perde a hora de voltar ao mundo real e cheio de gente.

Ou seja: procurem por mim. Eu estarei sempre no mesmo lugar. Provavelmente a buscar pela lucidez.

O Circo

Por culpa de um vídeo que eu, ainda hoje, não vi e nem tenho o menor interesse em ver, visto a minha falta de interesse por papagaios, o Youtube está sendo bloqueado, por decisão de algum juiz ou desembargador ou seja lá o que for. Conforme notícia divulgada pela agência Reuters:

"Empresas de telefonia começam a bloquear acesso ao YouTube
(Reuters) Seg, 08 Jan - 20h37

SÃO PAULO (Reuters) - Empresas de telecomunicações instaladas no país começaram a bloquear o acesso ao site de vídeos YouTube no Brasil, cumprindo decisão liminar após ação movida pela modelo Daniela Cicarelli e por seu namorado, devido a imagens do casal que estavam disponíveis no endereço www.youtube.com.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concedeu liminar em favor de Cicarelli, ex-mulher do jogador de futebol Ronaldo, e do namorado Renato Malzoni Filho, para que o acesso de internautas brasileiros ao YouTube ficasse fechado até que fossem removidas imagens dos dois supostamente fazendo sexo. As cenas foram filmadas em Cádiz, na Espanha, no ano passado.

Nesta segunda-feira, a Brasil Telecom disse ter recebido ofício da Justiça e foi a primeira a informar que tinha bloqueado o acesso de internautas brasileiros ao YouTube, uma unidade do mecanismo de buscas norte-americano Google.

A Telefônica emitiu comunicado afirmando que "todas as empresas que possuem controle de tráfego de dados internacional" foram notificadas e que a determinação de bloquear o acesso ao YouTube no Brasil é "válida por tempo indeterminado".

"(A Telefônica) esclarece que, como sempre ocorre, cumpre a ordem da Justiça e que atendeu à decisão a partir de hoje (segunda-feira)", segundo a nota à imprensa, divulgada no início da noite desta segunda-feira.

A Embratel afirmou, por meio de sua área de comunicação, que "está analisando tecnicamente o teor da decisão judicial a fim de viabilizar o seu cumprimento".

Há outras empresas que têm controle de tráfego internacional de dados de Internet no Brasil, mas elas ainda não haviam se manifestado.

Cicarelli e Malzoni Filho haviam processado o YouTube por não ter retirado do site o vídeo em que os dois aparecem supostamente fazendo sexo no mar em Cádiz. Durante muitos dias o vídeo foi o mais assistido na Internet no Brasil. Os dois queriam a retirada das imagens do site e pediram o pagamento de multa diária de 250 mil reais caso o vídeo continuasse disponível. O caso se arrastava há meses, e o casal iniciou um terceiro processo em dezembro, pedindo que o YouTube fosse fechado enquanto o vídeo estivesse disponível (..
.) "

Neste país, um verdadeiro circo de palhaços sem talento, quando há uma fruta podre na boa árvore, corta-se logo a árvore toda. O Youtube é um serviço extraordinário, que leva cultura e entretenimento a milhões de entediados. No entanto, por causa da patifaria de muitos, incluindo-se Cicarelli, advogados e muitos e muitos internautas, cuja curiosidade por bobagens deslavadas é infinita, chegamos à absurda censura, ao bloqueio "medieval" de uma mídia tão inovadora.

E pensar que toda atrapalhação se dá tão somente por uma exibição encomendada, de gente fútil, provocadoramente fútil, cuja única função é criar alarde sobre si mesmo e seu comportamento. Chegará um dia, afinal, em que nos veremos livres de tantos parasitas? Ou acabarão primeiro com a internet e todo o seu conteúdo?

E pensar que na rede há tantos vídeos de gente se devorando, bem mais nítidos, bem mais eróticos - bem mais sinceros.

Obs.: ou alguém realmente acha que este tipo de processo visa defender a honra e a moral das personas envolvidas? Grana bem fácil, afinal.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

45

Ocupando a 45ª posição entre as cem canções que mais me comoveram nesta vida ordinária, em lista neuroticamente engendrada há uns cinco anos, The Elegants e a fofa Little Star, canção de belos backing vocals, adaptação da tradicional Twinkle Twinkle Little Star - a qual já é adaptação de uma canção tradicional francesa, Ah ! vous dirai-je, Maman, a qual serviu de inspiração a Mozart em algumas variações. Ou seja, a história vai bem longe.




Little Star

Where are you little star? (Where are you?)

Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh

Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
Wish I may, wish I might
Make this wish come true tonight
Searched all over for a love
You're the one I'm thinkin' of

Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh

Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
High above the clouds somewhere
Send me down a love to share

Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh

Whoa-uh-oh-oh-oh-oh-oh

Oh there you a-a-re
High ab-o-ove
Oh-oh sta-a-ar
Send me a lo-o-o-o-ove
Oh there you a-a-re
Li-i-ighting u-up the sky
I need a lo-o-o-ove
Oh me-oh, me-oh, my-y-y-y

Twinkle twinkle little star
How I wonder where you are
Wish I may, wish I might
Make this wish come true tonight

Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh
Whoah oh, oh, oh-uh-oh
Ratta ta ta too-ooh-ooh

Oh ra, ta, ta
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh
There you are little star!!! (ooh)

(Vito Picone & Arthur Venosa)

Um poema.

Balada do Esplanada

Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.


Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel


Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel


Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel


Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador

(Oswald de Andrade)

60 anos e dever cumprido.



Hoje, 8 de janeiro, é aniversário de David Bowie. Também o é de Elvis Presley. Duas figuras lendárias e essenciais para a cultura deste planeta. Elvis, falecido há 30 anos, nem mais envelhece - permanece exatamente o mesmo - ouvi-lo hoje é ainda ouvi-lo como há três décadas; Bowie chega aos 60 anos. Dever cumprido de compositor e artista. E ainda se dá ao luxo de continuar.

Chego a acreditar que os expoentes do século XX ainda voltarão ao topo das paradas de sucesso. Em 2035, Suspicion Mind voltará a ser um infernal hit. Ou Changes, em 2189, voltará a ser campeã de execuções em alguma rádio virtual futura. Impossível crer que, passados os anos, tais expoentes sejam afinal considerados velhos e distantes, como chega a ser hoje Monteverdi ou Bach.

Até se supõe que muito do que hoje agrada aos ouvidos será esquecido, apagado de todos os possíveis registros. Natural que seja assim. Mas Elvis, Bowie, Beatles, Sinatra, entre outros, deverão ainda permanecer como são por centenas de anos. Tal qual hoje ainda se cultua Mozart, Beethoven e Chopin, alguém ainda cantará My Way no fim deste século e pensará no quanto fomos privilegiados.

Para um novo renascimento, uma nova revolução social. Uma revolução que deve ser associada a uma bonança capital e uma intensa conjugação de raças e línguas. Um salada confusa de gente e idéias que permite e exige a expressão de tantas e tantas cabeças.

Bowie chega aos sessenta anos. Viverá ainda uns trinta e tantos anos. Viverá pra ver que a sua obra terá ainda uma longa permanência. Ao menos até a próxima revolução cultural, que virá talvez em algumas centenas de anos.

domingo, janeiro 07, 2007

Crônica Dominical

Viver bem é até fácil. O problema, naturalmente, é que o limite do cartão de crédito acaba por se esgotar. E, infelizmente, ainda não sabemos viver distantes do consumo, feito os hippies de Trindade ou Ilha do Mel. Em verdade, nem queremos levar uma vida que seja de abnegação e despreendimento. Muitas das projeções para um novo ano são, em verdade, tabelas de prováveis aquisições. Aquela cãmera fotográfica de muitos megapixels, aquele forte sapato, aquela reprodução de Renoir nalguma loja da Rua Marques de Itu. Tudo é desejo e vontade. E sabemos bem, nós consumidores de coisas e gente, o ano acaba por passar rápido. Em alguns meses, novas tralhas e novos conhecimentos.

E é exatamente o que mais precisamos aprender, com certa urgência: como viver bem, sem atropelos financeiros e cuidadosos com cada um dos trocados que temos no bolso. Numa sociedade como a nossa, talvez esta seja a chave para uma vida sem desassossegos. Contentar-se (e bem contentar-se) com tudo o que já conquistamos e esperar a melhor hora de... Mas será mesmo assim? George Best, grande jogador de futebol inglês, daqueles fanfarrões clássicos, certa vez cunhou um maravilhoso conceito endonista, numa frase simples e real: "minha fortuna eu gastei com mulheres, bebidas e carros velozes. O resto eu desperdicei". É isso. Condenável por qualquer sujeito alarmado de bom senso, o uso do dinheiro teve como exclusiva finalidade o prazer e a boa graça.

Ganhasse eu uns 50 milhões na bendita Mega-Sena, não teria outra atitude. Reservaria, para que a culpa social não me tomasse, algum trocado para o desenvolvimento dos mais carentes, com algum investimento em arte ou esporte. Algum para a boa família que eu tenho e da qual até me orgulho. O resto, efetivamente, seria gasto na difícil tarefa de me satisfazer. Em qualquer sentido.

Afinal, seguindo com o que já venho fazendo desde sempre, trabalharei e tentarei não entrar em ruína. Com um pouco de sorte, tudo seguirá bem. Mas não deixarei de sonhar, afinal, com um prêmio extraordinário, capaz de me levar a um tipo de existência ainda mais pleno de divertimentos. Afinal, a vida tem muitos e muitos aspectos - mas nenhum é tão importante quanto o divertimento deslavado. Mesmo que sejamos obrigados a viver um sem-fim de chateações para sustentar cada um de nossos prazeres.

Depois de algumas semanas de férias, voltar ao trabalho é mesmo um drama, dos mais intraduzíveis. Quase um murro, no meio da sonolenta face.