sábado, março 03, 2007
Férias e Cassino.
A 24ª canção.
Escolhas alheias.
Nelson Cavaquinho fez, Cazuza gravou e Luz Negra é a escolhida pela bela e bela Fernanda. Convenhamos que foi realmente uma baita escolha.
sexta-feira, março 02, 2007
Gene Kelly?
Escolhas alheias.
O tempo relativo.
A diretoria.
Não vi ou não me lembro de ter visto. Tento me lembrar e acabo caindo em A missão, filme símbolo de todos os filmes que tentam retratar portugueses e espanhóis naqueles séculos de colonização mal feita. Mas deve ser, 1492: Conquest of Paradise, um filme até instrutivo para alunos da 8ª série. Ou pode ser que seja um bom filme - não obstante o fato de ter plenamente sido deletado dos meus arquivos cerebrais. Tento me lembrar de Depardieu como Colombo mas só me vem o grande Cyrano. E de Sigourney Weaver, aquelas metralhadoras e alienígenas com baba ácida. Abaixo, o tema musical do filme com cenas diversas. E se, afinal de contas, eu não o vi, melhor não ver - que eu não tenho lá muita paciência para histórias contadas com plumas, inverdades e mitificação de mercenários e genocidas. Ou estarei sendo preconceituoso com a obra de Ridley Scott? E nela Cristovão Colombo levava toda a ambição de papas, pouco preocupados com a alma e suas elevações?
Histórias podem ser bem ou mal contadas, podem ser desagradáveis ou feias, tediosas ou estúpidas. Podem ser muito, menos desonestas. A desonestidade transforma a arte em negócio - e esta é outra arte, bem diferente.
quinta-feira, março 01, 2007
Escolhas alheias.
23
Como resultado, o Homem racional, científico, educado, transforma-se na fera. Transforma-se no monstro - tão raivoso quanto infantil. Como um cão ou como um urso. E diz a sabedoria que a vida boa se leva quando o homem aprisiona o monstro, dele se utilizando quando o bom senso pede. Aquele personagem que sempre se perdia em bestialidade e força - jamais porém se tornando mau - queria aprisonar o monstro que dele se nascia. E nunca o conseguiria, uma vez que a vida sempre nos põe à prova.
Na 23ª colocação entre as cem músicas que mais me comoveram nesta vida de aprisionamentos e fugas, o denominado Tema do homem solitário, ou The Lonely man, do pianista Joseph Harnell. Soa um tanto piégas, é bem verdade, mas meus ouvidos reconhecem nela um tipo de fatalidade e sofrimento que sempre me pareceram apaixonantes. Ou como poderia bem esclarecer, é a Marcha Fúnebre da integridade humana.
Que dia?
Mas não nos deixa a cabeça aquela infinidade de números, de gente que se conhece, de planos para o futuro e o risco que a gente corre diariamente. Deveríamos, em pleno gozo de férias, nos alienarmos a ponto de esquecermos o próprio nome.
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Pés.
Escolhas alheias.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Jazz, jazz.
Por acaso, quando procurava por Billy Eckstine, encontrei Herman Leonard, legendário fotógrafo do jazz americano. Para começar o deleite, uma ótima galeria e, para bem mais, seu sítio oficial.
25
I apologize
If I told a lie, if I made you cry
When I said goodbye, I'm sorry
From the bottom of my heart, dear
I apologize
If I caused you pain, I know I'm to blame
Must have been insane, believe me
From the bottom of my heart, dear
I apologize
I realize I've been unfair to you
Please let me make amends
Don't say that you forgot the love we knew
After all, we were more than friends
Give me back your glance, give me back romance
Give me one more chance, forgive me
From the bottom of my heart, dear
I apologize
If I made you blue, I've had heartaches too
Now I beg of you, forgive me
From the bottom of my heart, dear
I apologize
Escolhas alheias.
Mas amor bom é assim, cada um diverte o outro e o ajuda a levar a vida, o ajuda a enfrentar o tédio e o imponderável. Poderia até dizer, parafraseando alguém, que viver é bom, mas viver com uma bela mulher que faz uma lasanha de berinjela maravilhosa é bem melhor.
Comecemos a semana com Elis Regina em estupenda interpretação de Me deixas louca.
domingo, fevereiro 25, 2007
Crônica Dominical
O escritor de teatro é o único que depende de específicos leitores, das condições e produções e mais um número absurdo de relações que podem, enfim, levar seu texto aos palcos. O poeta só precisa de olhos. Os romancistas só precisam dos olhos e de certa disponibilidade. Contistas, cronistas e todos os demais almejam o livro, objeto, a concretizar em matéria, finalmente, as idéias pensadas. O dramaturgo precisa de gente, atores, atrizes, diretores e gente que se empenhe nesta tarefa maravilhosa, mas pouco rentável de levantar uma produção.
Tudo começa aqui, na cabeça distraída do escritor, o qual em dramas tenta entender ou decodificar o mundo e seus desacertos. Tudo começa na idéia pequena, bem pequena, do dramaturgo, que vislumbra uma imagem. Meses depois, anos ou décadas depois - séculos até - o espectador na platéia apreende a coisa toda, trabalho de muitos, vê e sente o que muitas vezes somente o autor sabe bem como começou.
Tenho aqui na mente uma ou outra idéia. Pequenas, pequeninas, que poderiam até se tornar um dia a grande imagem no palco, iluminada para os olhos de todos que a notam, atentos. Tenho idéias, mas não me vejo cercado de paixão pelo teatro... Mas o que me perturba sempre é uma certa quimera que evetualmente contamina os escritores: a atemporalidade da obra. Acredita-se que a obra hoje feita, até de certo modo desprezada, discreta, pode bem vir a ser importante ou adorada noutra época. Um texto escrito em 1997 pode bem ser montado em 2043, tal qual hoje se monta Eugene O'Neill ou Nelson Rodrigues.
Crê-se que a obra tem, depois de pronta, boa longevidade, que pode despertar a atenção depois, num ambiente diferente, em outras gerações de eleitores. Todo os escritores se apegam a isso, sustentam sua sempre opaca esperança no futuro que a obra terá. Há aqueles que vivem de seus livros ou tenham apenas o agora como finalidade. Mas para a grande maioria, kafkas como eu, resta crer na sua obra, dedicar-lhe todo o possível suor, ajustar-lhe em tudo, justificando-lhe a vida.
E saber talvez que o drama escrito agora, neste março de 2007, pode bem ser a coqueluche do verão seguinte. Sem esta confiança, caro leitor, não haveria a arte - e não haveria a arte que se faz nas sombras, longe das convenções que o Mercado ou o bom senso acabam por ditar.