E agora são três as canções publicadas do álbum "Tosco", meu sétimo. De 1994.
"Vida enfeitiçada", "Todo dia uma novidade" e "Acordado", três obras distintas de um mesmo poeta de dezenove anos num curioso contexto. Que logo tenhamos novas canções deste álbum.
Cresce a família. Num complexo ano, em 2003, compus todo o álbum "Fumaça nos Olhos", que recebeu este nome pela faixa-título e por haver um cover de Smoke Gets in Your Eyes entre as faixas. Deste álbum, já estão publicas a meiga "Em Vão" e a incompreendida "O que diria a Nietzsche?".
Agora, minha visão para a ode n.º 11 de Horácio, "Carpe Diem", canção em latim para celebrar a vida e a poesia, composta em 3 de setembro de 2003, ganha sua publicação, em versão gravada e editada em desembro de 2024.
"Saudade do Século" é a primeira canção publicada de "Enamorofobia", álbum querido de 1993, um disco de muitos hits mentais e poesia bruta e o sexto que eu finalizei. Esta versão de "Saudade do Século" foi gravada em janeiro de 2021. Cantei e toquei muito esta canção ao longo destes 32 anos. Outras canções deste álbum em breve estarão por aí, para os ouvidos de alguns privilegiados.
A saudade do século
Alguém, por favor,
acabe com a saudade.
Eu suplico,
leve daqui essa doença
que não me deixa pensar
nem criar
Tanta falta faz o seu sorriso,
como a falta que o sorriso da plateia
faz à noite do palhaço
sem aplauso
Tão belo quanto se conectar a alguém é sentir o desligamento de uma conexão que durou mais do que deveria. Vem em sopro, como uma ideia que se revela repentinamente.
Também é bom. Dependendo da raiva que se tem, dos contextos, pode ser maravilhoso. De repente, do nada, se perceber curado de uma paixão desastrosa, que custou um bom tempo de sua vida.
O mesmo quando a gente se livra de um vício, de uma sarna ou de uma dívida. Fiz esta canção para estes momentos, uma espécie de reza, para a devida libertação.
Compus na primavera de 1995 e esta versão é produto de gravações ocorridas em 2024. Faz parte de "O folião", oitavo álbum que compus. Também deste álbum a querida Samba n.º 06.
Certa vez ouvi um provérbio chinês que dizia “se você não é bonito aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta e sábio aos cinquenta anos, você nunca será”.
Ouvi bem jovem e pensei nisso em cada um desses aniversários, sem atingir meta alguma com louvor, embora aos vinte não fosse de se jogar fora, aos trinta não fosse um fracote e aos quarenta vivesse sob um teto seguro, com home theater e Playstation, o que já é boa riqueza num mundo de tanta miséria.
Agora, chegando aos cinquenta, afinal, penso nessa tal sabedoria que já deve estar comigo agora: depois de tanta vida, posso afirmar sabiamente que não existe isso de sabedoria. É um papo furado, um fetiche bocó, uma ilusão de arrogante.
Cada um tem a sua vida pra levar, como pode e consegue, em diferentes configurações e quase qualquer generalização é inútil.
Quase nada do que é aconselhado por aí me cabe e quase nenhum apontamento que eu possa lançar servirá a quem leva uma vida tão diversa, em contexto tão diverso, com crenças tão diversas. Meu mais sábio conselho será uma loucura para a maioria.
Assim, quase todos estes conselhos dados, por muitos que se veem sábios, são inúteis. Escritores, pastores, padres, filósofos e sei lá mais quais iludidos propagam seus apontamentos pueris a tantos outros, em entrevistas, podcasts e afins, tantos a falar obviedades genéricas, todos desesperados em parecer especialistas da existência.
Tanta poesia feita se achando sábia, tantas palavras escritas aqui e acolá, frases apenas, punhado de palavras, “aforismos” pra parecer elegante.
Mas, convenhamos, que importa afinal que haja tanto simulacro, se praticamente tudo na vida é apenas isso? Se pra alguns é satisfatório e lhes preenche os ocos todos de sua existência, ótimo.
Brinquemos de ser o novo Confúcio, o novo Nietzsche. Brinquemos. Sempre haverá mesmo quem se impressione por qualquer frase de efeito.
Assim, a sabedoria me mostra que eu devo me calar, afirmando que a ideia de sabedoria é só uma anedota boba, pra gente brincar de Homo Sapiens Sapiens.
A estupidez, no entanto, sabiamente afirmo, existe muito, materializada em carne e osso, com CPF e CNPJ e está sempre em todo lugar. Concreta.